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O que faz você feliz?

por Adília Belotti em Autoajuda
Atualizado em 26/08/2005 13:35:28


Em que lugar você marcaria um encontro consigo mesma? Em um mosteiro budista no Nepal? Na sua cama, debaixo das cobertas? Num show de rock?

Ora, quem precisa marcar um encontro consigo mesma? Você diria, meio impaciente, então não estamos sempre em nós? Hummmm, não sei não...você às vezes não tem a impressão de que a gente está assim meio exposta demais, que “tudo anda exageradamente público” ou que estamos sempre diante de uma janela indiscreta, abertos para o mundo?

Pois eu estou implicada com a tal “sociedade do espetáculo”, termo favorito dos semiólogos para definir estes nossos tempos exibidos, em que fundamental mesmo é ver e ser visto...Porque em dias Big Brothers e celebridades instantâneas, fica muito, muito difícil encontrar um cantinho longe dos holofotes, onde a gente possa se refugiar e apenas ouvir a si mesmo...

Sim, porque nossa história deve ser contada em primeiro lugar e antes de tudo para nós mesmos. É neste contar que a gente vai se tornando e sem esta intimidade nossa alma acaba se afastando de nós...

Acho que é por isso que tanta gente escreve diários, escritores e mestres espirituais, políticos famosos, você e eu...o registro do cotidiano e das perambulações da alma é uma poderosa ferramenta de autoconhecimento. E pode até melhorar sua saúde. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association, comprovou o efeito benéfico de escrever em pacientes com asma e artrite reumatóide. Na experiência, os médicos sugeriam para os doentes que escrevessem durante 20 minutos sobre o mais traumático dia de suas vidas, durante três dias. Mesmo que tivessem que mudar de tema, precisavam continuar escrevendo durante os 20 minutos. Os resultados foram tão espetaculares que a chamada “escrita expressiva” está sendo cada vez mais recomendada como uma forma eficaz de lidar com stress e frustrações.

E falar do que? Se você acha que não tem o que "contar", talvez colocar um foco no seu diário ajude. No livro Boost your brain power, os autores sugerem que você mantenha diários para situações variadas, como um diário de decisões, diário de intuições, diário de sonhos, diários de dietas... segundo eles, a partir destes registros, você começa a enxergar padrões e a obter insights preciosos sobre si mesmo. “Você pode descobrir que as melhores decisões de sua vida foram tomadas pela manhã ou enquanto você caminhava pelo parque, ou no chuveiro”.

Manter um diário de sonhos é outra recomendação dos cientistas. “Tenha sempre uma caneta e um caderno ao lado de sua cama. Assim que acordar e lembrar do sonho, escreva tudo que puder sobre ele. Esqueça as censuras, o importante é escrever todos os detalhes, mesmo aqueles que parecem estranhos ou pouco importantes. Ideal mesmo seria escrever sem acender a luz ou até de olhos fechados para não interromper o fluxo das lembranças.” Segundo a dra. Patrícia Gardfield, autora do livro Creative dreaming, depois de um certo tempo, reler estas anotações é uma experiência tão terapêutica quanto divertida. “È como ter acesso a uma enciclopédia sobre si mesmo”, ela diz.

Se você nunca tentou, que tal começar a escrever um diário agora? Alinhavei para você, além das minhas próprias reflexões sobre esta relação tão íntima, as sugestões de mais três autores (os nomes dos livros estão no final do artigo)

Seu diário é só seu. Não importa se você escreve bem ou mal. Não é uma redação de escola e ninguém vai estar lá para julgar se você pode ou não se candidatar a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Neste seu espaço, as palavras vão explorando espaços imaginários, abrindo caminhos na sua alma. A única regra é: seja sincera consigo mesma e não tenha medo de apagar frases inteiras se julgar que elas não nasceram daquele poço profundo onde a gente apenas é, sem censuras. Pessoalmente, sempre apago as "falas de palco" -- aquelas que a gente usa para fazer o social -- até encontrar a expressão mais “verdadeira” daquilo que estou sentindo, mas muita gente recomenda que se deixe de lado a borracha na hora de escrever...O diário é seu refúgio, lá você vai descobrir a vertigem de flutuar nas suas águas...

E se não quiser escrever, invente outras formas de expressão. Valem desenhos, colagens, recortes de jornais ou revistas, citações de livros, trechos de poemas, imagens inspiradoras, até objetos. Escrever é apenas um dos jeitos que temos de contar nossa história. Muitas vezes, no entanto, este retrato do nosso momento interior fica ainda mais interessante se você lançar mão de outros recursos, outras artes...Liberte-se do formato “Querido diário”...E prepare-se para recriar suas reflexões da forma que for mais natural para você. Seu diário é seu espaço de experimentação e de ousadia...Eu, por exemplo, acabei de criar um diário online no site da apresentadora americana Opra Winfrey , me perdi no tempo brincando com a sensação de pertencer a uma comunidade de mulheres...um círculo de pedras virtual!

Para começar. Começos são começos e podem ser assustadores. Fazer algumas perguntas para si mesma pode ajudar você a perder o medo da página em branco:
· O que eu sempre quis fazer mas nunca tentei?
· O que eu mais gosto de fazer no domingo de manhã?
· O que eu gostaria de mudar em minha vida?
· Se dinheiro não fosse um problema, o que eu faria?
· Se eu soubesse que não iria errar o que eu ousaria fazer?
· Quais são as 10 coisas que mais gosto de fazer?

Não escreva só quando se sentir infeliz. Ao contrário, um jeito simples e poderosamente eficaz de criar o hábito de escrever é manter um registro de bênçãos, coisas boas ou significativas que aconteceram com você e pelas quais você é grata. O ideal é escrever sempre, em qualquer estado de espírito. Um dia, quando você for reler o que escreveu, vai gostar de se perceber tão múltipla, tão cheia de cores e matizes. No seu diário, você é um cristal multifacetado...Nem só de emoções vive um diário. Estamos sempre mergulhadas em nossas circunstâncias. Somos tecidas no mundo à nossa volta e nosso diário deve refletir isso também. Marque a data e o local nos seus comentários. Crie títulos e subtítulos. Colocar suas reflexões no contexto no qual elas nasceram só vai enriquecer seu diário. Um exemplo? Posso dizer apenas: “Sinto uma profunda ligação com todas as mulheres que vão ler este artigo” ou posso me expressar da seguinte forma: “Meia-noite, as crianças dormem e a casa finalmente se calou, cansada da agitação do domingo. Há tempos queria escrever sobre os diários. E, enquanto escrevo, sinto que alguma forma, estou ligada a todas as mulheres que vão ler este artigo e a todas as outras que, um dia, ousaram deixar nas páginas dos cadernos suas esperanças, seus rostos refletidos. Porque houve um tempo em que o diário era o único espaço onde uma mulher podia ser verdadeiramente livre e esta idéia me comove. É como uma homenagem”. Diários são assim: você sabe como começar, mas nunca tem certeza absoluta de onde vai terminar...”quem me navega é o mar”, como na música”.

Escrever é uma rotina, não uma obrigação. Decida de quanto em quanto tempo vai escrever e faça uma experiência de, digamos, um mês. Os benefícios de manter um diário vão surgir logo nas primeiras semanas, afirmam os autores, mas um mês é um bom período de teste. Depois deste tempo, veja se seu combinado consigo mesma funcionou, senão, repense e faça um novo acordo. "Não vou escrever diariamente, apenas um “post” semanal." O importante é ter um encontro marcado. Sim, porque como acontece com os amantes, antecipar o encontro já é uma forma de vivê-lo...

Crie um ritual. Como você se prepararia para um encontro importante? Que roupa, que perfume usaria? Que idéias fervilhariam na sua cabeça? Pois então, escrever um diário é um encontro consigo mesma. Vale a pena criar um clima, acender um incenso, colocar sua música favorita, aquietar o coração... Meu ritual inclui parar por alguns minutos e tentar recuperar internamente as cores, os movimentos e os sons do ambiente...sentada, quieta, vou ouvindo os barulhos, cada vez mais longe até conseguir ouvir o "ruído do universo". Por incrível que pareça isso me ajuda a ficar centrada ou, se você preferir, torna mais fácil para meu "eu" aparecer na janela e sair para conversar comigo...


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adilia
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM.
Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma.
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