Um mundo sem religião seria melhor?

Um mundo sem religião seria melhor?

Autor Rodolfo Fonseca

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 03/11/2025 16:29:43


A religião é, historicamente, uma das forças mais poderosas a moldar civilizações, comportamentos e culturas. Muitos defendem que ela é um pilar fundamental para a moralidade e o bem-estar, oferecendo consolo, comunidade e um sentido divino para a existência. Mas e se essa estrutura, reverenciada por bilhões, for menos uma bênção e mais uma sofisticada ferramenta de engenharia social?
E se os benefícios que ela proporciona não forem únicos, mas perfeitamente alcançáveis por meios puramente humanos e seculares?

Recentemente assisti a um podcast muito interessante no canal do Cauê Santos e separei os pontos discutidos em uma lista.
Ele entrevistou Pedro Sampaio que é psicoterapeuta, professor e pesquisador, mestre e doutorando em psicologia.
O intuito desde artigo é é trazer pensamentos da Psicologia e da Religião, explorando as ideias do pesquisador, que partindo de evidências científicas, sugere desconstruir a ideia de que a fé é um ingrediente indispensável para uma vida boa e que o famoso "conforto" da religião não vem de uma conexão com o divino, mas de algo muito mais terreno e replicável: o convívio social.

Fiz algo diferente, mais resumido, selecionando as principais passagens da entrevista e seus comentários:

"Para fazer pessoas boas cometerem coisas más, a religião é o meio mais eficaz."

1. Por que a religião surge? Uma Explicação baseada em 3 princípios da psicologia comportamental:

- Comportamento Supersticioso: Associar acidentalmente uma ação a um resultado (ex.: dança da chuva que é seguida pela chuva). Isso é reforçado intermitentemente, tornando o comportamento muito resistente.

- Reforçamento Social: A pessoa que alega contato com o divino ganha status, poder e atenção. A crença é passada adiante e a pressão do grupo obriga a adesão ("faça isso ou prejudicará a todos").

- Generalização e Antropomorfização: Atribuímos características humanas (vontade, raiva, benevolência) a fenômenos naturais, criando a ideia de deuses conscientes e pessoais.

2. As primeiras religiões eram animistas (deus da chuva, do sol, etc.) para controlar fenômenos naturais. A institucionalização surge para coagir o grupo: quem diverge é punido por "prejudicar o grupo todo".

3. Religião como instrumento é uma "arma de manipulação em massa" para mobilizar pessoas para fins específicos.
Alguns líderes cruéis e manipuladores (muitas vezes psicopatas) encontram na religião um meio fértil para conseguir o que querem.

4. Religião e Bem-Estar/Saúde Mental: Estudos iniciais mostravam que pessoas religiosas eram ligeiramente mais felizes e tinham menos depressão. Ao controlar variáveis, descobriu-se que o fator protetor não é a religião em si, mas o convívio social que ela proporciona.
Em países majoritariamente não religiosos (Holanda, Dinamarca), não há diferença na saúde mental entre religiosos e ateus.
Pessoas que se declaram "espiritualistas", mas não frequentam grupos, têm saúde mental pior que a de ateus, possivelmente por tendências à introspecção e isolamento.

5. A prática da gratidão, comum em religiões, tem um efeito positivo e também vale para ateus que praticam.
Práticas como o mindfulness, associadas ao budismo-por exemplo, funcionam independentemente do dogma religioso. O ideal seria ter os benefícios (comunidade, reflexão, práticas de bem-estar) sem os dogmas e "efeitos colaterais" da religião.

6. A principal angústia do ateísmo, no início, é a falta de vida após a morte. No entanto, a crença em um Deus vigilante e punitivo pode ser ainda mais angustiante. A ideia de um ser superior que exige coisas contra a própria natureza ou moralidade da pessoa, pode gerar grande sofrimento.

7. A religião, por ser baseada em dogmas, é uma forma fácil de manipular e mobilizar massas. É a causa de inúmeros conflitos e faz com que pessoas boas pratiquem o mal por acreditarem estar agindo corretamente.

8. A religião tem aspectos positivos (caridade, comunidade) e negativos (dogmatismo, opressão). Se removida subitamente, provavelmente causaria um grande prejuízo social, pois muitas redes de apoio desapareceriam, como instituições de caridade, por exemplo.

9. O que daria sentido à vida sem religião?
- Conhecimento: Buscar a verdade e entender o mundo como ele é.

- Fazer a coisa certa: Agir com integridade e moralidade, investigando racionalmente o que é correto.

- Relacionamentos: O amor e a convivência, Buscar o prazer e experiências positivas, considerando as consequências a longo prazo e o bem-estar dos outros.

- Contribuição: Sentir que está contribuindo para o conhecimento e ajudando os outros.



"Não é sobre ter religião ou não, é sobre ter um grupo social que você frequente.

Para fazer pessoas boas cometerem coisas más, a religião é o meio mais eficaz... Se Você acredita piamente que essa pessoa vai ser eternamente torturada de uma maneira terrível... e você ama ela, você vai fazer de tudo para ela não seja ateia.

Se fosse possível um futuro em que as pessoas conseguissem lidar com as suas questões sem recorrer à religião... pensar sobre os problemas do mundo, sem ter que recorrer a dogmas... isso seria muito bom... porque a religião traz consigo esse efeito colateral, da crença em dogmas... e isso é uma forma fácil de você ser manipulado."

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