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O que realmente pretendemos com isso?

por Rosana Braga em Almas Gêmeas
Atualizado em 08/04/2020 11:34:55


Depois de ter abandonado esse hábito por uns dois anos, por acaso, deparei-me em frente à tevê assistindo a não somente uma, mas duas novelas seguidas. A emissora e os horários pouco importam. O que interessa mesmo foi a minha imensurável indignação que senti diante de algumas cenas e comportamentos de personagens que vi.

Mas antes de relatá-las, gostaria de deixar bem claro que minha reflexão nada tem a ver com ser pudica, moralista, sexista ou levantadora de qualquer bandeira. Não! Defendo absolutamente a liberdade de expressão e de escolhas. Entretanto, a primeira questão que me fiz foi: são os personagens que ditam os comportamentos das pessoas no mundo real ou o comportamento das pessoas é que desenha o perfil dos personagens?

Penso que essa é uma via de mão dupla. Além disso, devo admitir que uma obra de ficção usa boa dose de exagero em alguns perfis para transformar o folhetim numa atração polêmica e que prenda a atenção do telespectador. Porém - e muito porém mesmo - fico cá pensando: será que precisaria chegar a esse ponto? E se chegamos, o que é que está acontecendo? O que realmente pretendemos?

Bem, a primeira cena foi a de uma mulher madura dando o "golpe da barriga" num suposto caso (rapaz bem mais jovem), para finalmente conseguir destruir seu casamento e, talvez, quem sabe, ficar com ele. A segunda cena foi a de uma garota, que deveria ter no máximo 18 anos, contando à irmã que precisava de um "laranja" para lhe tirar a virgindade, já que não agüentava mais ter de contar às pessoas que ainda não tinha transado com ninguém.

E a terceira cena, protagonizada por um casal adulto, mostrava ele tentando dar o golpe do baú nela. Mas ela, não sei se espertamente ou por estar completamente interessada em sexo, saiu com o bonitão, olhando-o e tratando-o como se fosse um bife suculento e ela uma esfomeada, e o fez de palhaço a noite toda. Tanto que, a certa altura, o bife da vez se tornou o garçom do local onde estavam e ela não teve dúvidas: fingiu que foi ao banheiro, atacou o tal sujeito numa salinha qualquer e, ao se vestir, ainda perguntou qual mesmo era o nome dele. Voltou para a mesa com a cara mais deslavada do mundo, deu uma desculpa esfarrapada e foi atacar em outra freguesia, deixando o malandro com a conta altíssima para pagar sozinho.

De novo, repito: não se trata de sexismo, mas de pensar que nós, mulheres, temos lutado durante os últimos 50 anos para conquistar uma suposta liberdade ou igualdade de direitos para quê? Para nos transformamos nisso? Depois de tanto criticarmos e nos sentirmos ofendidas com determinadas atitudes até, então, predominantemente masculinas, depois de nos indignarmos com o modo grotesco e insensível com que alguns deles tratavam algumas mulheres, estamos repetindo exatamente esses mesmos comportamentos?

Confesso que fiquei pro-fun-da-men-te decepcionada com a imagem feminina que vi retratada no dito horário nobre. E fiquei me questionando sobre o que realmente pretendemos viver e fazer com todas as brilhantes conquistas que alcançamos. Liberdade ou vingança? Evolução ou um joguinho medíocre e que não permite ganhadores? Onde queremos realmente chegar?

E, no final das contas, o que será que nos sobra dessa dinâmica sem sentido? Será mesmo que esse tipo de comportamento é o que tem nos garantido ao menos sentir mais tesão, mais orgasmo e mais prazer? Será que assim, finalmente, temos nos sentido mais satisfeitas, mais amadas e mais respeitadas - que foi pelo que lutaram nossas avós, nossas mães e até nós mesmas, que temos 35, 45 anos de idade?

Não sei, mas tenho a impressão de que o que realmente queremos é, sim, sexo com prazer, direitos iguais, parceria entre os sexos, fim dos preconceitos e muitos amigos, trabalho, salários justos e diversão. Mas estou certa de que tudo isso não é sinônimo de vulgaridade, futilidade ou promiscuidade. E mais certa ainda de que, independentemente do que mostram as tevês, nós, homens e mulheres, desejamos mesmo é vivenciar relações íntegras, gostosas e que sirvam para nos tornar pessoas melhores.



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Rosana Braga é Especialista em Relacionamento e Autoestima, Autora de 9 livros sobre o tema. Psicóloga e Coach. Busca através de seus artigos, ajudar pessoas a se sentirem verdadeiramente mais seguras e atraentes, além de mostrar que é possível viver relacionamentos maduros, saudáveis e prazerosos.
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