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A Busca da Felicidade

por Messias Alves em Autoconhecimento
Atualizado em 30/10/2002 17:53:38


No mundo de hoje, onde se está assistindo à mais profunda de todas as revoluções científicas e sociais, pessoas de todas as idades estão procurando resposta para algumas questões que envolvem a existência do homem sobre a face da terra:

Quem somos nós? De onde viemos? O que estamos fazendo neste mundo? E já que estamos aqui, qual é o nosso objetivo? O que pretendemos nesta jornada? Estaríamos perseguindo o sucesso para encontrar um significado para a vida, ou tentando encontrar um caminho para alcançar a felicidade?
Mas o que é a felicidade?

Para alguns a felicidade é apenas um estado de espírito. Para outros essa virtude está na maneira de concebê-la. Napoleão Bonaparte, com todas as oportunidades que teve para provar os prazeres da vida, confessou que só sentiu felicidade nos braços da amada Josefina. Will Durant, em seu “The Mansions of Philosophy”, disse que a felicidade é a sinfonia de que os prazeres são as notas. O prazer, segundo ele, significa primariamente a reverberação do instinto satisfeito. Decorre de mudanças em nosso corpo com os seus conseqüentes revérberos no espírito. É uma aceleração do processo que trabalha pelo desenvolvimento da vida.

E, desde que a felicidade é uma harmonia ou sinfonia de prazeres, podemos procurá-la em todas as ações naturais e, acima de tudo, na harmoniosa operação dos nossos instintos fundamentais.

A experiência nos mostra que a felicidade transparece em todas as ações positivas e expontâneas da nossa vida, assim como foge em todos os momentos negativos ou de cautela defensiva. Há sempre maior prazer no avanço do que na retirada. Mais na curiosidade do que na segurança. Mais no orgulho do que na humildade. Mais na dominação do que na submissão. Por esse motivo os instintos da ação constituem as moradas prediletas da felicidade. Mover-se, subir, caminhar, correr, nadar e voar. Que estranhos deleites existem nestas expressões naturais do nosso corpo!
O pensador diz que felicidade exige ação. Portanto, se estás com o corpo dolorido, caminhai uma légua sozinho e as auras do céu e da terra vos curarão.

A própria fadiga é coisa boa para quem conduz vida ativa. Quem já não teve oportunidade de gozar a transpiração, após um trabalho honesto, ou esporte?
“Usai o vosso corpo, meus caros amigos. Brincai e não espereis excessivamente. Construi coisas com as vossas mãos, ainda que vos arranheis” - diz o filósofo.

Para a maior parte das pessoas a vida não é nem boa e nem má, e sim algo que oscila com grande imparcialidade entre o bom e o mau. A cor da maior parte dos nossos dias é neutra. Alegrias e dores são momentos que passam, altos e baixos do gráfico da nossa existência.
Mas a vida é o que dela fazemos. Se nos parece indigna, talvez a culpa seja nossa.
Portanto, não peçamos aos deuses riquezas, mas sim coisas para fazer. Na “Utopia”, de Thomas More, cada criatura construirá sua própria casa — e o canto brotará expontâneo do coração do homem, como brota do pássaro que constrói seu ninho. Mas se não podemos construir nossa casa, podemos, pelo menos, andar, pular, saltar e correr. Triste é quem apenas assiste a tudo isso sem participar.

Brincar é tão bom como rezar — e de resultados mais seguros. Por isso a juventude tem razão em preferir os campos de esportes às salas de aulas.

O pensador recomenda: Cultivai um jardim ou tende em casa uma oficina, e nunca mais o diabo vos incomodará. Mas enquanto cultivas o jardim preparai a seara do espírito.

Comungai com a vida da vossa comunidade e ajudai a combater os males existentes. Amigai-vos com a natureza, a literatura e a generosidade. Porque as árvores, os livros e os devedores nada reclamam. Se sois intelectuais, fazei dos gênios os vossos amigos. Socrates, Euripedes, Platão, Aristofanes, etc. Esses homens conheceram os males da vida tanto quanto nós, e no entanto aprenderam a tudo compreender e perdoar. Conquistaram a sabedoria que leva ao cultivo da qualidade, em vez da quantidade.

Aprendei cada dia mais alguma coisa. A educação não se resume à tarefa de um certo período. É uma felicidade da vida inteira, uma nobre intimidade com os grandes homens, uma excursão pelos reinos da beleza e da sabedoria.

Entremos nesse palco. Para isso basta clarearmos o espírito, e prepararmos o nosso coração - e a corte gentilmente nos acolherá e nos transmitirá a sua sabedoria. Conquanto não encontramos lá o delírio ardente da juventude, poderemos conhecer a duradoura felicidade que o tempo não destrói.

Tudo quanto podemos pedir aos deuses é uma vida que vá aos limites da sua utilidade, como as das folhas das árvores.A verdadeira felicidade é coisa modesta que brinca na choupana do camponês e foge dos palácios reais.
Por que motivo os trabalhadores braçais, a despeito da exploração e do peso do trabalho, se mostram mais alegres, mais amigos do riso que os homens de negócios? Por que há mais cantorias e brincadeiras em lares humildes do que nos escritórios e palácios dos ricos?
Resposta: porque a ação é o segredo da saúde, e a saúde é o segredo da felicidade.

Mas não devemos procurar a felicidade em terras distantes ou em tarefas exageradas pela lente de aumento da nossa imaginação.

Depois de uma certa idade, o passado sempre nos parece melhor que o presente. Esquecemos os espinhos das rosas colhidas. Pulamos os insultos e as injúrias e demoramos sobre as vitórias. O presente parece muito mesquinho diante de um passado do qual só retemos na memória o bom, e diante de um futuro que ainda é sonho. O que alcançamos nunca nos contenta. Olhamos para diante e para trás na procura do que não está ali. Não somos bastante sábios para amar o presente do mesmo modo que o amaremos quando se tornar passado. Quando mergulhamos num prazer, nosso olhar vai para longe - a felicidade ainda não esta alcançada, apesar de termos o deleite em nossas mãos. Que mau demônio nos afeiçoou assim?
Mas talvez a culpa seja só nossa, e talvez estejamos errados em relação à coisa que procuramos.

A vida é coisa acima da filosofia. E a melhor vida é a mais variada. Mas não devemos toma-la muito a sério, como pretendem as religiões e as filosofias.
Na harmonia está uma boa parte da felicidade. Mergulharmos em alguma coisa que nos exprima de maneira completa, que nos absorva numa realização; é muito agradável.

Mas a harmonia é impossível sem saúde. Se levarmos a felicidade aos seus últimos refúgios a encontramos na perfeita sanidade do corpo. Se o corpo sofre, nem toda a sabedoria de Salomão nos fará feliz. Nunca houve filósofo que suportasse com paciência uma nevralgia, disse Shakespeare.

Cada idade, como cada indivíduo, tem a sua característica. Cada uma tem suas virtudes e defeitos. Suas tarefas e prazeres. Havemos de procurar ai as alegrias próprias desse momento.

Segundo os filósofos, a mocidade é a idade da liberdade, a maturidade a idade da disciplina e a velhice da autoridade.

A mocidade é a idade da teoria, a maturidade do conhecimento e a velhice da sabedoria.
A mocidade é romântica, sempre dominada pelos sentimentos. A velhice é clássica em seus gostos, amiga da ordem e da restrição, mais que da paixão e da liberdade.

Depois dos quarenta anos nosso desejo é que o mundo pare. Que a fita do cinema da vida se congele num quadro fixo. Pois é ai que começamos a perceber que o nosso reservatório de energia já não se enche com tanta facilidade. Ou, como disse Schopenhauer - filósofo alemão -, passamos a consumir o capital em vez da renda do capital. Essa descoberta sombreia, por alguns anos, a pessoa de idade madura e a induz a se debater contra a brevidade da vida e a impossibilidade de realização de grandes obras. Nietzsche chegou a dizer: Dá-se com os homens o mesmo que com as carvoeiras das florestas. Só depois que a mocidade se carboniza é que se torna utilizável.

Se o moço possuísse sabedoria, colocaria o amor acima de tudo e se conservaria limpo de alma e corpo para poder recebe-lo. Se a sabedoria fosse moça, amaria o amor, o nutria com a devoção, o aprofundaria com o sacrifício e a ele subordinaria tudo, desde o começo até o fim.

O amor é o instinto supremo do qual todos os outros instintos são ministros ou auxiliares. Schopenhauer viu no amor o sacrifício do indivíduo a espécie. Aquele que não ama - dizia Platão -, caminha no escuro.

Embora pareça uma coisa passageira por excelência, o amor é o que há de permanente no quadro geral da vida humana. Tudo na vida é fútil, menos o amor — disse Will Durant.

Os pássaros amam sem metafísica. Nenhum tom de tristeza lhes macula a limpidez dos gorjeios.
Desde que a felicidade está acima de tudo nos instintos, também está acima de tudo no amor, que é a mais forte paixão que conhecemos.

Música e dança, poesia, simpatia e doçura, quase todas as artes e virtudes que espiritualizam o nosso corpo são produtos do amor. Quem sabe se o belo da natureza não tem origem na mesma fonte? E quem, a não ser os amantes e os artistas, pode sentir todo o frescor da aurora, toda a doçura do mel ou toda a suavidade do mar calmo?

Amar ou ser amado, portanto, faz parte da felicidade.


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