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Éramos Jecas, Hoje Somos Satélites

por WebMaster em Autoconhecimento
Atualizado em 14/07/2003 18:11:27


Pensar que tudo era uma grande idéia, um sonho de criança, uma façanha impossível, talvez uma divagação contundente da vida, me fez refletir. De fato, esperar acontecer é muito fácil; agora, acreditar era mais difícil, talvez coisa de maluco, talvez coisa de outro mundo, talvez coisa de menino. Quem poderia afirmar que a lua era acessível, possível de ser tocada, e não aquele queijo suíço que imaginávamos. Tocávamos a terra, agora já tocamos até o solo lunar, olha que loucura...

Tocar a terra e apertá-la, sentir seu poder entre os dedos e descarregar toda energia negativa ali mesmo, era o que simbolizava a paz de nós Jecas. Sem muitas coisas, sem muitos anseios, mas cheios de alegria e completos de sonhos. Andávamos de carroça, depois surgiram carros, trens, aviões e mais aviões no céu. A comida era caseira, feita com mãos de fada, mas foi se tornando mais cara e, a cada dia que passa, mais descartável. Pensando em nossas vidas, não só a comida vem se tornando descartável, mas os pratos, os talheres, as amizades. Tristeza do Jeca, tristeza de todos nós.

Em quem confiaremos nossos segredos mais íntimos, nossas declarações de amor mais sinceras, mais plenas, nossa vontade de explorar o mundo, mais uma vez, brincando de Marco Pólo, embaixo da cabana feita de lençóis que cobriam as cadeiras. Nadávamos no rio, cheio de peixes, água clara, pensamento longe, mas hoje nadamos na piscina, muitas vezes sem graça, sem alegria, antes do trabalho, para tentar esquecer o dia. Triste aquele que esquece os amigos, só pensa em trabalho e falta em amor, pois uma pessoa sem amigos e sem amor é uma pessoa orgulhosa e nociva.

Que adianta lembrar dos amores perdidos, se há um monte deles nos circulando, em todo lugar; basta abrir os olhos e enxergar o que temos medo de encontrar, pois queremos o amor, mas fugimos dele. Proponho o amolecimento de muitos corações, pois muitas vezes deixamos de ser felizes por puro orgulho bobo ou puro medo sem explicação. Sigo pelo ditado, “quem acredita sempre alcança”.

A vida do jeca era mais alegre, mais vivida, mais sofrida muitas vezes, porém mais amiga e cheia de contato físico, abraços, conversas, risadas; resumindo, todos sabem o que quero dizer, não há palavras que possam descrever esse sentimento. Hoje a vida é alegre, também é sofrida, muitas vezes, mas as amizades tornaram-se virtuais, lembra do abraço que descrevi com tanto carinho, sim, tornou-se um e-mail, e, as risadas impossíveis de se entender, tornaram-se: rs ...
Pergunto muitas vezes qual vida é melhor, pois a de jeca era simples e feliz e a de satélite incerta.

Voamos na velocidade do pensamento, estamos em qualquer país com apenas um clique, falamos com pessoas do mundo inteiro sem ao menos conhecê-las, somos modernos, práticos, inteligentes, viajados, o que mais... infelizes?
Vivemos num mundo de sonhos, mas viver não é melhor que sonhar? O Jeca era simples, elogiava o mundo e via beleza nele, nós somos modernos, elogiamos as Ferraris e as Julias Roberts da vida, e vivemos o que podemos pagar. Já dizia o poeta, “hora de sair, sair, hora de dançar, dançar, hora de namorar, namorar, hora de trabalhar, pernas pro alto que ninguém é de ferro”! Viver assim também não dá, mas isso é um empurrão para abrirmos os olhos, desligarmos o computador e darmos um abraço em alguém, na pessoa que estiver mais perto, sair do virtual e voltar pro real. Faça um teste, olhe ao seu lado, você não acha que essa pessoa compenetrada na telinha merece um abraço, então, você está esperando o que?

Adoro o mundo de satélites, tudo é fácil, dinâmico e rápido, a única crítica que faço é a seguinte, se temos uma evolução para facilitar nossas vidas, porque ainda não facilitamos? Se temos a globalização para gerar evolução, porque ainda não evoluímos? Se temos a Internet para buscar informações, porque ainda não buscamos? Por que seguimos com atitudes insensatas se todos nós sabemos discernir o certo do errado...

Não aprendemos nada com a história, ainda temos guerras sangrentas e covardes, ainda temos racismo e discriminação, ainda temos lutas religiosas e políticas, mais já estamos cansados de saber que guerras não levam a nada, racismo é pior do que cuspir em sua própria família e religião e política não devem ser discutidas nem debatidas, mas sim conversadas, pois, caso contrario, voltamos ao círculo vicioso da incerteza.
Proponho uma nova evolução, que resolverá todos os problemas, a revolução da consciência, e que ela seja clara, simples e objetiva, contendo amor, amizade, um pouco do jeca, um pouco do satélite, um pouco de esperança e uma dose sem limites de entendimento.

Por Gabriel Lemes Araújo – estudante de publicidade e propaganda, um homem apaixonado pela escrita e principalmente pela arte da vida.
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