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Mudei eu, mudou você, mudou o Brasil

por WebMaster em Autoconhecimento
Atualizado em 26/02/2003 19:44:33


Quem já não mudou um bom número de vezes, que levante sua mão agora, ou cale-se para sempre.

Pois é, quantas e quantas mudanças tivemos na vida, mudança de casa, quando pequenos e desprovidos de asas para alçar um vôo solo, fomos obrigados a acompanhar nossos pais e deixarmos para trás nossos amigos de infância, amigos daquela pelada no campinho do terreno baldio (sim porque antigamente os terrenos chamavam-se baldios), os amigos daquele emocionante jogo de tacos na rua de casa, pois podíamos usar perfeitamente a rua de casa como nosso quintal, todos se conheciam e se respeitavam.

Conhecíamos o leiteiro que passava religiosamente deixando caixas de leite Leco tipo B no portão de nossas casas, e pasmem lá ficavam até o dono recolher. Conhecíamos o padeiro que em um impecável uniforme branco passava respeitoso e imponente em sua bicicleta caixote recheada de deliciosos pãezinhos doces.

Pois é, deixamos para trás os amigos da escuderia formada na rua com nossos carrinhos de rolimãs enfeitados de decalques de escuderias americanas.
Tivemos que deixar para trás nossos amigos do autorama, amigos das bicicletas sem pára-lamas que achávamos demais.

E assim tivemos que continuar mudando, mudando o sonho de criança para o sonho de adolescente, contestando as convenções sociais, estereotipados de jovens rebeldes americanos, e seguimos mudando, a sessão zás-trás já não nos divertia mais, nosso entretenimento tinha que ser uma balada dos Beatles, ou o solo de guitarra do Mick Jaegger e suas Pedras Rolantes. E como era bom nos sentirmos mudando. Mudando os costumes, os valores. Mudando de bairro, mudando de amigos, mudando de escola, mudando de professora. Quem de nós já não se sentiu mudado ao se apaixonar pela professora do ginásio, que atire o primeiro, giz . E como era bom mudar, era bom se sentir mudando por dentro, sentir o coração bater todo envergonhado na aproximação da professora amada em sua carteira escolar pedindo-nos para ler um texto do Graciliano.

E assim continuamos a mudar, mudamos nossos valores mais uma vez no colégio, pois já éramos quase homens, e como homens tínhamos que pensar diferente, afinal de contas viria o vestibular, já estávamos nos preparando para o cursinho e teríamos que mudar.
Alguns de nós começamos a carregar o imponente maço de cigarros no bolso da camisa, afinal homem que se prezasse teria que mostrar que fumava, outros tomavam altos porres, no barzinho em frente ao cursinho, pois todo jovem intelectual de carteirinha, ou todo poeta concretista tinha que beber, afinal nossos ídolos bebiam. Outros pertenciam à tribo da fumaça, afinal o que era um baseado para ver o mundo numa boa... Nossos ídolos também o faziam.

Lembro-me que havia sempre os que já nasciam em berços de ouro portanto desfilavam suas Honda 65 Cilindradas e seus fuscas rebaixados e envenenados para disputarem rachas na antiga Faria Lima em frente ao Rick Store para depois irem parar no IML (Instituto Medico Legaaaaaaaaaaaal) pois era um barato.

Veio a faculdade, mudamos novamente. Já éramos homens feitos ou pelo menos tínhamos uma enorme vontade para sê-lo.

Vieram os movimentos estudantis, os diretórios, os festivais universitários e com tudo isso uma vontade imensa de mudar não mais nosso quintal, nossa rua, nosso bairro, nosso pais, mas mudar nosso mundo. Muitos de nós ficaram no meio do caminho, pois não tiveram força para tanto. Muitos de nós casaram-se constituíram família e desistiram de mudar, outros se mudaram do país, outros engordaram e não querem mais saber de mudar.

Por isso não podemos jamais esquecer de que mesmo não querendo mudar mais nada, a vida mudou. Nós mudamos, alguns se tornaram chatos, alguns perseverantes, outros omissos, uns preferem as loiras, outros as morenas, alguns nenhumas das anteriores, mas mudaram. Devemos lembrar que a nossa vida é movimento e por isso terá que mudar sempre e nunca vai parar tal qual uma roda solta em uma ladeira, quando essa ladeira terminar irá cair e teremos que levantá-la para que continue sempre a rodar até o final de uma ladeira.

Agora temos um novo presidente, que como nós mudou também, acreditou na sua mudança e perseverou no seu caminho, com muita determinação, pois sabia que sem essas qualidades não iria chegar ao fim dessa ladeira. Para isso contara com a nossa mudança para essa subida. Devemos nos despojar do preconceito social que é um dos piores; devemos mudar sim, mas de dentro para fora, pois nada acontece se não for desse jeito.

Todo o nosso trajeto desde a infância, a adolescência e até chegarmos à fase adulta, foi mudando bem devagar em um processo de dentro para fora, pois se não fosse assim não valeria e não teríamos o caráter que temos e nem a dignidade que nos brasileiros possuímos, cada um de nós no seu canto, na sua rua, no seu bairro, mudamos, graças a Deus.

Mudei eu, mudou você, mudou o Brasil!
Feliz nova mudança para todos nós brasileiros.

Nelson Sganzerla


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