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O andarilho que há em todos nós

por WebMaster em Autoconhecimento
Atualizado em 12/07/2004 13:27:15


Por Vera Bassoi
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Olá, caro leitor. Escrevi este texto em janeiro de 1996 e, pela minha experiência, gostaria de pedir-lhe que não deixe passar esta oportunidade de falar com os seus botões, de fazer uma auto-análise a partir dos desejos do Andarilho que, sem dúvida, representa o nosso lado puramente humano. Com esse texto que utilizo há oito anos, no curso de Autoconhecimento, por mim elaborado, tenho ajudado centenas de pessoas a perceber que o gênio e o sábio estão continuamente dentro de nós. Precisamos dar atenção a eles e aprender a ouvir a voz da sabedoria (nosso Eu Superior) para que possamos direcionar o gênio (nosso ego ou eu inferior) para realizar tarefas que vizem um bem maior. É preciso equilibrar o divino com o humano, passar a ser altruísta ao invés de egoísta, assim desenvolvendo o Amor Incondicional, pois, pelo texto verificamos que só existe uma única linguagem capaz de ser entendida por todos: - é a linguagem do AMOR.

Certa vez, um andarilho ia passando por perto de um monte de lixo e parou para catar restos de alimentos. Revirando o lixo daqui e dali encontrou uma lâmpada mágica. Como já havia visto em desenhos ou filmes de ficção, esfregou, esfregou, esfregou a lâmpada e, para surpresa sua, funcionou - apareceu um gênio. O gênio então lhe disse:
- Senhor, Senhor, liberta-me da maldição de ter que viver encarcerado nesta lâmpada!
O jovem andarilho perguntou:
- Que devo fazer ?
- Ora, é muito simples! Torna-te meu amo e ordena que trabalhe para ti todo o tempo. Enquanto estiver ocupado em realizar os teus desejos estarei liberto da lâmpada.

Poxa! Aquilo soou como uma sineta dentro do cérebro do rapaz que imediatamente vislumbrou a oportunidade de sair da pobreza, da miséria, de todas as dificuldades, sem um mínimo sequer de esforço. Vislumbrou o ouro, a riqueza, os palácios, as mordomias, as mulheres, todos os bens materiais, as mesas fartas, enfim, todos os prazeres e delícias da vida.
Enquanto essas imagens passavam pela sua tela mental, ouviu a voz do gênio que dizia:
- Se te tornares meu amo, terás que me manter ocupado todo o tempo, pois, do contrário, terei que te comer para me libertar.

Novamente o rapaz pôs-se a pensar e deu um sorrisinho de prazer ao constatar que o que ele queria era tanto, tanto, que poderia manter o gênio ocupado o resto de sua vida. Então decidiu:
- Está bem. De agora em diante serei o teu amo. Começa por satisfazer-me o desejo de ser belo, atraente, bem vestido e perfumado.
- Está feito - disse o gênio, num piscar de olhos - Mais alguma coisa?
- Dá-me um palácio.
- Aqui está o palácio de Versailles - replicou o gênio.
- Dá-me dinheiro - ordenou o rapaz.
- Aqui está todo o dinheiro dos maiores bancos do mundo. O que mais desejas?
- Dá-me lindas mulheres.
- Aqui estão todas as mulheres dos haréns dos sultões do Kuwait. O que mais desejas?
- Dá-me comida. Muita comida.
- Pois não, meu amo. Aqui estão todas as comidas prontas que retirei das cozinhas da China. Espero que aprecies a comida chinesa. O que mais desejas?

O rapaz olhou em torno e ficou apavorado quando viu todas as dependências e jardins do palácio invadidos pelo dinheiro, pelas mulheres e pela comida. Não houve tempo para se refazer do susto quando ouviu o gênio:
- Dá-me algo para fazer senão eu te comerei.

O rapaz, já apavorado, disse:
- Dá um jeito nisso, é muita comida!
- Não posso. Obedeci a tua ordem - respondeu o gênio.
- Por favor, leva isso daqui! - insistiu o rapaz.
- Não posso refazer o que já fiz. O que mais desejas?

O pobre homem estava estupefato, pois, o que pensou que levaria toda uma vida para manter o gênio ocupado, descobriu que deveria ter passado apenas uns dez minutos do seu tempo real e... já não sabia mais o que desejar.
Ocorreu-lhe, então, uma idéia:
- Traze-me um sábio.
O gênio deu uma piscadela e ali estava o sábio à disposição do rapaz que, caindo de joelhos aos seus pés, disse:
- Oh! Senhor, proteja a minha vida!
O sábio perguntou-lhe o que acontecia e o jovem respondeu:
- Nada mais tenho para ordenar ao gênio. Tudo que eu lhe digo, ele faz num piscar de olhos e ameaça comer-me se não lhe der trabalho.
Nesse momento o gênio se aproximou e disse:
- Agora terei de comer-te!
E ia pegar o rapaz que se agarrava ao sábio suplicando que lhe salvasse a vida, quando este disse:
- Meu jovem, encontrei a saída. Será necessário que tu aceites perder tudo o que pediste ao gênio e voltar a ser andarilho.
O rapaz desesperado falou:
- É tudo o que eu mais quero neste momento. Dize-me depressa como manter o gênio ocupado.
O sábio retrucou:
- Então repete as minhas palavras ordenando ao gênio: Vai distribuir eqüitativamente aquela comida entre as pessoas carentes de alimentos em todo o planeta Terra!
Assim o fazendo, o rapaz ouviu:
- Pois não, meu amo - disse o gênio saindo para a sua missão.

Refazendo-se do susto, do sufoco que passara, o rapaz se deu conta que desta vez o gênio não cumpriu o seu desejo apenas com um piscar de olhos. Perplexo diante disso, perguntou ao sábio que explicou:
- Foi analisar a situação dos carentes para, com justiça, distribuir eqüitativamente de acordo com a necessidade de cada um. Enquanto ele realiza esse trabalho terei tempo suficiente para instruir-te nas demais ordens.
- Mas, meu prezado sábio, distribuir eqüitativamente não quer dizer “dividir em porções iguais” ? - inquiriu o jovem pensativamente.
- Sim e não, meu rapaz. Matematicamente falando, a resposta é sim. Humanamente falando, a resposta é não. Mais tarde, quando ficares sozinho com os teus botões, pensarás sobre isto e encontrarás a resposta dentro de ti. O gênio não segue os critérios da matemática.

Agora - continuando o sábio - fica atento às ordens que deverá dar ao gênio. Não terás dificuldade para guardar a seqüência delas, pois é exatamente na ordem inversa dos teus pedidos. Primeiro, te livraste da comida. Segundo, te livrarás das mulheres ordenando ao gênio que consulte uma a uma levando-as de volta para onde desejarem.
- Mas, meu caro mestre, elas não deverão voltar para o harém? - indagou o rapaz.
- Meu jovem, quando ficares sozinho com os teus botões pensarás sobre isto e encontrarás a resposta dentro de ti. O terceiro passo será livrar-te do dinheiro. Ordenarás ao gênio que distribua eqüitativamente entre todos os necessitados do planeta Terra. Esta tarefa é bem mais demorada do que a da distribuição da comida.
- Por quê?
- Quando ficares sozinho com os teus botões...
- Ah, não! Por favor! Estás pensando que serei sábio como tu?
- Poderás ser. Se tirares os véus, encontrarás todas as respostas dentro de ti. Para ser sábio não é necessário ser culto. Basta deixar que a verdade aflore e fale mais alto. Também isto só entenderás no momento oportuno.Quanto ao quarto passo, desta vez não ordenarás que o palácio seja devolvido ao seu lugar de origem. Ao contrário, dirás ao gênio que traga para cá todos os outros palácios que estejam desocupados, ou apenas usados como museus, e coloque, para habitá-los, todos os desabrigados do planeta Terra.
- Mas, mestre, são pessoas de raças diferentes, linguas diferentes, costumes diferentes, índoles diferentes, etc... Como poderão conviver num mesmo local ?! Sem dúvida, uns matarão aos outros!
- Calma, meu querido pupilo. Esta será a tarefa mais demorada de todas. Por muito e muito tempo o Gênio estará se ocupando, pois não me deixaste terminar a quarta ordem que deverás atribuir a ele. A tua impaciência não te deixa ouvir a tua própria consciência.
A quarta tarefa consiste em instalar os desabrigados, ensinar-lhes uma linguagem única, diferente de todas as que existem, convencê-los, a todos, que nacionalidade só existe na cabeça e no coração de cada um, pois, as fronteiras foram fixadas pelos seus governantes, detentores do poder, que se sucederam pela História; deverás convencê-los que, malgrado as diferenças na aparência do corpo físico, todos são constituídos da mesma matéria, todos os órgãos são iguais e funcionam da mesma maneira. O sangue faz o mesmo percurso e o coração sente as mesmas emoções. Etc, etc, etc. Enfim, todos pertencem a uma mesma família cósmica - são gotas de água de um mesmo oceano. Meu querido ouvinte, o Gênio não poderá sair desse trabalho enquanto houver um único indivíduo que não haja se integrado naquela verdadeira fraternidade.

Olhando para o rapaz, o sábio viu o êxtase na sua face.
Após alguns segundos disse:
- Então estarei para sempre livre do Gênio ? Poderei deitar-me à sombra das árvores e ali permanecer tranquilo, já que estarei só novamente ?
- O que é isso, garoto ? Esqueceste que fizeste cinco pedidos e terias que renunciar a todos ? Deverás atribuir ao Gênio a quinta tarefa. Ordenarás a ele que te dê um corpo comum, nem feio, nem bonito, igual a qualquer outro.
- Mas então não serei atraente!
- Perceberás que a atração não está no corpo.
- Está onde ?
- Ah, jovem apressado! Encontrarás a resposta dentro de ti. Mais uma vez cortaste a instrução. Voltando ao quinto passo: terás um corpo comum, uma vestimenta simples, porém, de boa aparência e constantemente limpa.
- E o perfume ?
- Por onde andares, serás impregnado pelo perfume das árvores, das flores, por todo o aroma agradável que há na Mãe Natureza, pois você é parte dela e ela está em você.
- Tu disseste “ por onde andares”, então queres dizer que voltarei a ser andarilho ?
- Sim. Não foi isso que combinamos ao renunciares a tudo o que o Gênio havia te dado ? Voltarias a ser o que era antes. Só que, de agora em diante, nunca mais estarás só, porque o Gênio estará contigo para sempre.
- E enquanto ele estiver realizando as tarefas ?
- Tu irás junto com ele para observar e aprender. E quando tiveres aprendido, será a ocasião em que não resistirás à vontade de colaborar com o Gênio ajudando-o na tarefa de construir a fratenidade entre aqueles homens. Assumirás, então, a tarefa conjunta de ampliar aquela fraternidade para uma fraternidade universal, batendo de porta em porta, falando no coração de cada ser... mesmo que essa tarefa dure uma eternidade. Então, em comunhão com a Verdade, tu, o Gênio e eu seremos Um só.

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