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A Casinha na montanha de neve...

por Rubia A. Dantés em Espiritualidade
Atualizado em 08/02/2008 16:35:52


Que casinha era aquela que insistia em chegar de repente na minha memória... sempre em momentos em que eu me sentia meio cansada ou em alguma situação limite... com saudades de casa...
Era uma casinha de madeira em uma montanha de neve... e aquela visão apareceu-me algumas vezes como um oásis... em alguns momentos da minha vida... Quando ela vinha... pronto... eu sabia que podia descansar... me entregar... porque ali eu me sentia em casa.
Era sempre assim... já me via na porta e nem sei como chegara lá... como era o caminho... que era bem alto na montanha, mas não no topo... e tinha árvores... neve... e um sentimento de paz e de aconchego sempre acompanhava aquela visão...
Então... eu subia uns poucos degraus de madeira.... abria a porta e entrava na sala... era só o que bastava.... e o me “sentir em casa” era muito bom.... muito além do que o espaço físico da casa poderia me propiciar... era uma atmosfera extremamente acolhedora e eu sentia que ali poderia chegar e descansar para sempre... As paredes de madeira... um quarto com uma cama de lençóis de algodão branquinhos... macios... tudo tão simples e tão bom, que era só me deitar e fechar os olhos e me render... Depois dormia e acordava sem nem me lembrar mais daquela casa... até a vez seguinte...
Mas o que me acolhe naquela casa não é nada que se possa descrever... é muito além disso...

Então... algumas vezes já me vi nessa casa e ela representa para mim a segurança que só se pode encontrar na Alma... ou na memória que temos dela...

Engraçado pensar que uma casa na neve possa me dar essa referência... mas não é só por essa casa na montanha de neve que me sinto “em casa”...
Nas minhas jornadas com o tambor... certa vez cheguei em um lago gelado no meio da neve... de onde saiam figuras de geometria sagrada.... ali.... mesmo sentada na neve, eu me senti em casa... não precisava buscar mais nada.... só ficar quietinha para desfrutar aquela sensação maravilhosa de estar inteira e presente.

É claro que racionalmente a neve para mim é fria e eu nunca iria a um lago gelado para buscar esse conforto de me sentir em casa... nem a uma casinha nas montanhas geladas... Mas quem disse que Alma é racional...
Quem disse que o que satisfaz a nosso Eu mais profundo passa pelos mesmos gostos e desejos do nosso ego?

Acho que esse sentir-me em casa na neve e estar completamente aquecida e acolhida é uma forma que o Grande Mistério encontrou de me mostrar como tudo pode ser muito... ou completamente diferente do que eu posso imaginar só usando os recursos do ego e da razão... Mas não adianta combater o ego assim de frente e descaradamente... a chave e torná-lo um aliado...

Bom... mas hoje me senti de novo na casinha na neve, para onde fui levada assim do nada pelo meu coração... Só que dessa vez aconteceu algo diferente... senti vontade de ir além da casinha. De explorar o que está além daquela porta que nunca vi... mas, que sempre pensei existir nos fundos da casa... e que sempre imaginei que dava para uma floresta muito antiga... Só que nesse tempo todo, nunca tivei vontade de conhecer...
Sempre entrava somente na casa e me sentia bem... tão bem que não queria saber de mais nada... só de me render ao conforto e ao aconchego de me deitar naquela cama... Isso sempre me restabelecia e me dava força renovada...

Mas hoje eu senti pela primeira vez curiosidade de ir além... de buscar a porta e a floresta que imagino.... existir nos fundos da casa....
E quando me vi lá, em vez de ir para a cama macia... dormir um pouco, fui para a cozinha onde imaginava encontrar a porta.... que levava à floresta.
Mas não vi porta nenhuma...
Voltei para a sala para buscar uma outra saída... olhei ao redor e vi que à direita tinha uma janela aberta, que eu nunca havia visto antes...
Curiosa, me dirigi para a janela, pensando que por ali eu poderia chegar à suposta floresta... que trazia em minha imaginação... Fui até lá para ver como era a floresta... e confesso que levei um susto, porque daquela janela eu só via um enorme precipício... que terminava no vazio....
Percebi que a casa era praticamente incrustada na montanha por aquele lado e o que me dera tanta segurança até então... se revelava agora como algo até um pouco assustador...

Depois do susto inicial olhei para baixo e vi que ali parecia muito alto e infinitamente profundo... só havia o espaço... e uma névoa rala que escondia um pouco e revelava um pouco...
Mas aquele vazio me chamou tanto e com tanta força que quase me lancei...
Eu senti uma saudade daquela sensação que aquele espaço me trazia... um reconhecimento... alguma coisa tão antiga e tão esquecida... que senti as lágrimas brotarem devagarzinho nos meus olhos...
Não sei quanto tempo fiquei ali parada sentindo aquela força que vinha do abismo, do vazio que havia à minha frente...
Quando me dei conta... parece que a razão falou mais forte e recuei...voltando à minha realidade... ou à que eu penso ser a minha.
Não tive coragem ainda... de me entregar... mas sei que irei, porque esse chamado veio para ficar... e para me mostrar que o caminho agora é completamente novo... mas que preciso de coragem... porque nada do que me dava segurança estará nessa nova realidade... nada mais que poderia ter servido de apoio e de guia até então irá me acompanhar nessa nova jornada...

(continua)


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rubia
Rubia A. Dantés é Designer, cria mandalas e ilustrações em conexão...
Trabalhos individuais e em grupo, com o Sagrado Feminino, o Dom e o Perdão...
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