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De onde vem o seu nick?

por Adília Belotti em Espiritualidade
Atualizado em 12/05/2006 11:22:57


Fiddler on the roof. É este meu nickname em todos os pontos de encontro do cybermundo há anos. Nem lembro mais tão exatamente assim como foi esta escolha. Mas sei que até hoje a idéia do músico equilibrado sobre um telhado e tentando tirar do violino quase impossíveis harmonias diz muito de mim. Desconfio até que não só eu, mas nós todos somos fiddlers on the roof, violinistas nos telhados da vida, driblando vertigens, buscando equilíbrios.

O fato é que foi assim que resolvi me definir no meu primeiro e desajeitado encontro no mundo virtual. E, desde então, é assim que apareço: fiddler on the roof. Minha persona web. Um jeito de ao mesmo tempo me esconder e me revelar.

A palavra persona vem do grego. Era o nome das máscaras que os atores usavam nas representações dramáticas. C.G.Jung usou-a para falar de um “eu” que a gente constrói para uso externo. “A persona não é o que nós somos verdadeiramente, mas aquilo que nós mesmos e os outros pensam que somos”. Seria como uma roupa que a gente veste apenas para não aparecer nu diante dos outros.

Nossa persona se expressa no jeito como andamos, como nos vestimos, nos amigos que escolhemos, nos lugares aonde vamos e em todas as microcoisas que falam de nós e projetam uma imagem nossa no mundo. E somos muitas. Mãe, filha, avó, jornalista, cidadã... cada uma costurada, feito retalho, na colcha multicolorida que vamos tecendo pela vida, eu e você.

E se a persona é uma espécie de fachada da alma, temos também algumas portas e janelas para o mundo. O nome é uma delas.
Os povos primitivos acreditavam que o nome carregava a alma de cada um e por isso não podia ser dito assim, à toa. Deve ser pela mesma razão que não se deve dizer o nome de Deus em vão: os nomes estão impregnados do ser, daquilo que é, do espírito das coisas

Nosso nome, no entanto, nem sempre expressa exatamente aquilo que somos. Revela a ancestralidade, a família, a origem, mas de nós mesmos, diz muito pouco. Afinal, a gente não escolhe o próprio nome, certo?
O nick por outro lado é uma escolha nossa. E, em geral - e se você for minimamente sábio -; é a única coisa de nós que aparece na web. Para proteger nossa identidade “real”, criamos uma outra – ou várias – personas online. Imagens poderosas, gordas de significados e absurdamente reveladoras das fantasias e dos sonhos que usamos para construir nosso eu.

Estudos mostram que embora seja muito fácil mudar de nick, a maioria das pessoas acaba criando apego ao seu e têm dificuldades para mudar. Uma pesquisa realizada na Universidade de Haifa, em Israel, revelou que a maior parte das pessoas usa variações do próprio nome como nick. Mas outros estudos mostram que entre os nicks favoritos, estão  os relacionados a características pessoais – “Beladona”, “Crisdemais”. Em seguida, vêm os nomes associados a outros seres da natureza – “Edutigre”, “Margarida”. Depois, nicks relativos ao mundo da tecnologia como “Li@” ou “Fran_zeta” ou... O limite é sua imaginação!
Sim, tem nicks de todas as cores, como não podia deixar de ser...e nos IM, você ainda pode contextualizar seu nick, grudá-lo no seu momento, enfeitá-lo com a música que você ouve, com os sonhos da noite...

Vale tudo nesse mundo, desde os nicks mais absurdos: “eu inventei o pão com manteiga”, aos mais poéticos: “Adoro o outono, céu azul, sol que não frita e vento gelado” aos que lembram aventuras de imaginação, como “Cactus mestre rebelde em luta pelo verdadeiro mestre” ou “Starwaks”, “Sundance Kid”.
Tem quem prefira se inspirar no humor do dia: “Não falem comigo” ou “L@I” às voltas com a monografia”, como tem quem se apresente através de uma idéia: “Deu branco”, “De repente um repentista”, ”De tellement battre, mon coeur s’est arreté”. E tem ainda aqueles cuja identidade virtual é criada a partir de um senso de humor bizarro, surreal e que, convenhamos, cai muito bem neste mundo fronteiriço, nem real nem irreal, esses são meus favoritos, são os “killerkiwi”, “cactusdançantes”, “shiitakealucinógeno”...
E você, como foi que escolheu o seu nick?

Clique aqui para conhecer o estudo sobre os nicks da Haya Bechar-Israeli, do Departamento de Comunicação e Jornalismo, Hebrew University of Jerusalém (em inglês)
E aqui você abre o arquivo do estudo: The Importance of Nicknames in Online Environments (em inglês)
Visite um site com centenas de bons e péssimos nicks (em inglês)
No blog Como Assim, do IGJovem, você ri com nicks absurdos.
E na Wikipedia, tem mais informações sobre nicks esperando você (em inglês)
https://www.whatdoucallit.com/

Segurança na web é assunto sério. No site desta organização americana, você descobre como preservar seu anonimato no mundo virtual.


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adilia
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM.
Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma.
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