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Idéias para fazer uma revolução no Natal

por Adília Belotti em Espiritualidade
Atualizado em 09/12/2005 12:35:47


É mesmo uma confusão... E, à medida que vem chegando a hora da festa, para muita gente, a expectativa vem cheia de aflição. O que fazer quando o Natal é um fardo mais pesado que o saco de presentes do Papai Noel?

Uma amiga me conta que as festas de Natal sempre a deixam exausta e tensa. E o que era para ser a reunião alegre de gente que se quer bem, acaba virando o palco de uma peça cheia de implicâncias, cobranças e brigas. Isto para não falar no tio que bebe demais e brinda a todos com doses variadas de inconveniência e das cunhadas que se odeiam e resolvem realmente bater-boca em plena festa... Ingredientes de uma mesa farta, da qual todo mundo acaba tendo pressa de se levantar.

Meu palpite é que, no Natal, como na vida, a grande armadilha começa com a frase “sempre foi assim que fizemos na nossa família”. E este “sempre foi assim” aprisiona a gente num Natal inútil e triste, com gosto mesmo de ressaca e de barriga cheia demais...

A palavra Natal vem de “nascimento”. Já falamos algumas vezes aqui que este “nascimento” anual é parte de nós. Ninguém inventou o Natal, nós precisamos dele para renascer, a cada ano. Precisamos dele para acolher em nosso coração o novo. E nem importa que este novo venha com jeito de desconhecido. É no desconhecido que está nossa alma. É lá no fundo que precisamos buscá-la.

Não dá para desperdiçar o Natal só porque “sempre foi assim”. Está mais do que na hora de cada um se apressar e reinventá-lo à sua moda.
E conversando aqui e ali, andei catando algumas sugestões para a grande revolução natalina.

Ouse. Se é você quem faz a festa, desligue já o piloto automático do “sempre foi assim” e faça as escolhas que mais combinem com aquilo que você e sua família acreditam. No Natal, cabem todas as ousadias se a idéia por trás da festa é de celebrar o presente da vida. Experimente, por exemplo, incorporar a cada ano uma nova tradição ao seu Natal. Minha sobrinha está namorando um rapaz grego e já estamos imaginando o que vamos fazer para trazer algo da Grécia para nossa mesa de Natal. Ousadias natalinas variam de um passeio à noite com as crianças pela cidade; juntar-se a um grupo e levar presentes para orfanatos ou hospitais, fazer uma sobremesa diferente ou, simplesmente, não fazer nada e encolher o Natal até ele só caber no seu coração...

Negocie. Se você é membro de uma família enorme e intensa, no melhor estilo Casamento Grego (lembra deste filme?) e está cheia das festas que sempre terminam em enxaqueca, então a estratégia é negociar. Por exemplo: Quanto tempo dura a festa de vocês? Talvez seja possível encurtá-la um pouco. O terapeuta americano Leonard Felder, autor do livro: Making Peace with your Familiy (Fazendo as pazes com sua família) sugere que festas longas demais acabam cansando as crianças, os mais velhos e abrindo espaço para a exaustão e o excesso de vinho acabarem com a alegria. Mas não se iluda achando que vai tomar esta - ou qualquer outra - decisão sozinha. Faça como se estivesse numa grande empresa japonesa e exercite seus dotes de articulação. Converse com um, com outro, assegure aos mais velhos de que a tradição vai ser mantida em outros aspectos; proponha uma experiência válida só para este ano e, se todo mundo gostar, quem sabe ano que vem...

Mesas grandes animam os falantes e fazem os tímidos ficarem calados. Proponha mesinhas espalhadas pela sala, onde as pessoas possam sentar-se segundo suas afinidades. De repente, aquela sua prima ruiva que você nem sabia que existia, acaba se revelando uma ótima companhia, que vai colaborar para fazer você guardar uma lembrança gostosa deste Natal...

Olhe em volta, o novo pode estar escondido debaixo do tapete. Reclamar, às vezes vira uma espécie de vício. Você também deve conhecer uma porção de gente que A-D-O-R-A reclamar, mas que não quer mesmo fazer nada para resolver o problema... Fuja deste modelo. Famílias grandes podem ser cansativas, mas, no espaço de tempo que dura um almoço ou um jantar, é sempre possível dar uma chance para fazer funcionar a mágica do afeto. Crianças correndo sua alegria indomável em volta de todo mundo ajudam muito e fazem você se conectar com o sentido maior do Natal. Mas perguntas como: “Qual é sua melhor lembrança de Natal”? Ou: “Qual é o seu maior desejo para o ano que vem?”, também têm o poder de mudar o tom monótono de uma conversa e, quem sabe, revelar emoções mais verdadeiras e profundas.

Não seja o alvo preferido da rabugice. Tenho um amigo que em todas as festas se metia numa infindável discussão com um tio-avô que criticava suas opções profissionais. Nunca entendi por que ele simplesmente não trocava de lugar. Na verdade, isto acabou acontecendo quando ele trouxe a namorada. De certa forma, quando alguma coisa, mesmo pequena e insignificante, muda num contexto maior, força todo o resto a mudar. Muitas vezes, para melhor...

Relaxe antes, relaxe depois. Tente achar um tempinho para fazer alguma atividade verdadeiramente relaxante antes da festa começar. Vale um passeio com o cachorro, uma caminhada de manhãzinha, uma corrida, um demorado banho, uma massagem... Qualquer coisa que ajude você a entrar em sintonia consigo mesmo. Quinze minutos de calma, nesta nossa vida enlouquecida, fazem, sim, muita diferença. No mínimo, este encontro secreto com você mesmo fará você vestir com mais harmonia e serenidade sua roupa nova de Natal.

Construa o Natal dentro de você mesmo. Depois de muitos anos fazendo festas no dia 24 e no dia 25, descobri que o meu Natal sempre acontece na véspera. Naquele momento que entro na cozinha vazia para provar o sal do bacalhau e regar mais uma vez as rabanadas com um fio de mel. Nestes gestos eu encontro meu Natal. Em volta de mim, minhas avós parecem sussurrar. Guirlandas femininas cuidando dos sabores, dos enfeites... minhas mãos, junto com as delas... Leio a frase que escrevi no quadro da cozinha, tirada do livro “Líbano, impressões e culinária”, que ganhei de presente, em um outro Natal: “Para minha mãe, para minhas filhas e para todas as mulheres que, ao dar de comer, entoam a mais antiga canção: a canção da vida”!
Nesta minha celebração, o Natal é vestido de memória, quente e vivo, e perfumado de canela. Amanhã? Amanhã é dia do novo...



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adilia
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM.
Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma.
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