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Na Atmosfera Diáfana

por Wagner Borges em Espiritualidade
Atualizado em 23/05/2007 18:26:03


(Onde os Poetas se Encontram)

Todo poeta só tem um olho:
O do coração.
É por onde ele vê as coisas do mundo.
E por onde as coisas do mundo falam com ele.

Essa conversa ocorre em silêncio.
É colóquio de um plano virtual.
Mas é real, no espiritual.
Pois transcende o que se vê com os dois olhos.

O poeta está ligado, em espírito, a algo maior que ele.
Ele é filho de outras atmosferas, diáfanas...
É portal vivo, lúdico, por onde os sonhos viajam.
Outros reinos convivem no reino de seu coração.

Às vezes, o poeta olha no vazio, e vê!
Então, seus olhos brilham muito.
Ele sente a alma de outros poetas.
Sente que estão ligados, em espírito.

E não importa onde eles estão;
Estão juntos, no mesmo coração.
Uma mesma canção os une.
A mesma Atmosfera Diáfana os envolve.

Ah, esses poetas inspirados...
Que falam de coisas invisíveis aos olhos;
Que lembram aos homens de algo a mais;
Que se atrevem a sonhar com um mundo melhor.

Parece que a lira do destino tocou em seus corações.
E as estrelas desceram até eles.
Tomados de sutil encanto estelar, eles viram:
O lúdico era mais real do que o real.

Eles viram: muitos sonhos não eram sonhos!
E canções e poemas também curavam.
E eles disseram: `Não basta só sobreviver.
Para viver, é preciso sentir´.

Eles aprenderam aquilo que ninguém ensina:
A arte de ver com os olhos do coração.
Aquilo que os olhos não vêem, e a mente não entende:
O espiritual, o lúdico... Tão próximos e reais.

Sim, os poetas se sentem, mesmo à distância.
E sabem que nem a morte pode impedir isso.
Pois eles vêem o invisível e se inspiram mutuamente.
Eles conversam sem palavras, na Atmosfera Diáfana.

Há algo no ar, e eles captam.
Há algo na música, e eles sentem.
Há algo na vida, mais do que viver, e eles sabem.
Há algo neles, maior do que eles mesmos.

As luzes sutis dançam além, e eles vêem.
Quando dormem, viajam até o céu dos poetas.
Ali, não há poetas mortos, só amigos que se sentem...
Em espírito, eles sonham e escrevem juntos.

Às vezes, alguns deles se lembram dos encontros astrais.
Então, eles escrevem alguma coisa.
Sabem que poucos compreendem a atmosfera diáfana;
Mas escrevem, mesmo assim, pois há algo a mais...

Há algo a mais neles, maior do que eles mesmos.
Há algo a mais na vida e além dela...
Por isso, seja como for, eles escrevem sobre o lúdico.
Eles sabem que há outros corações que sentem e vêem...

PS.: No reino do coração há outros reinos.
Incontáveis estrelas brilham ali.
Poetas da Terra e do Espaço viajam em seu céu.
Por entre os planos, eles conversam na Atmosfera Diáfana.

(Esses escritos são dedicados a seis poetas maravilhosos, que hoje moram no céu dos poetas, mas que sempre viajaram pela Atmosfera Diáfana do meu coração: Rabindranath Tagore, Kabir, Gibran Kahlil Gibran, Rumi, Olavo Bilac e Fernando Pessoa.)

Paz e Luz.
São Paulo, 21 de janeiro de 2007.

Escrevi essas linhas enquanto escutava o CD `The Poet – Romances For Cello´ - maravilhoso trabalho do tecladista inglês Michael Hoppé em conjunto com o violoncelista suíço Martin Tillman -, uma homenagem musical aos grandes poetas – Tagore, Kahlil Gibran, Edward Thomas, entre outros. Esse CD é importado – lançamento da gravadora americana Teldec. Mais um detalhe: essa mesma gravadora lançou outros dois excelentes trabalhos de Michael Hoppé, em conjunto com o flautista inglês Tim Wheater: `The Yearning – Romances For Alto Flute´ e `The Dreamer – Romances For Alto Flutes – Vol. 2´ – ambos os trabalhos são homenagens musicais a grandes personalidades - Albert Einstein, Marlene Dietrich, Mary Pickford, Tagore, entre outros - fotografadas por Emil Otto Hoppé, pai de Michael Hoppé.
Enquanto digitava essas linhas, lembrei-me de dois poemas de Olavo Bilac, um dos nossos grandes poetas, alma de grego em corpo de brasileiro. Reproduzo essas duas pérolas logo abaixo, para deleite dos leitores sensíveis ao lúdico. Em épocas de tantas coisas pesadas rolando pelo mundo dos homens tristes, ler algo assim é um bálsamo na consciência.



VIA LÁCTEA
- por Olavo Bilac -

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! ‘E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto’.

Direis agora: ‘Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo’?
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


A UM POETA
- por Olavo Bilac -

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício.

Porque a beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimigo do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.


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Wagner Borges é pesquisador, conferencista e instrutor de cursos de Projeciologia e autor dos livros Viagem Espiritual 1, 2 e 3 entre outros.
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