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Os Bastidores da Umbanda

por Acid em Espiritualidade
Atualizado em 20/05/2005 13:06:47


É legal ver como a espiritualidade atua das mais diversas formas, nos mais diversos níveis de compreensão, utilizando as ferramentas que têm à mão. Vamos conhecer um pouco da cultura espiritual legitimamente brasileira, adaptada dos cultos dos escravos africanos:

Firma o ponto minha gente
Preto Velho vai chegar
Ele vem de (Cidade espiritual onde, por afinidade, vivem os pretos-velhos e caboclos.) Aruanda(*)
Ele vem pra trabalhar...


Era dia de "gira de preto velho" naquele terreiro. Enquanto os consulentes chegavam ansiosos e esperançosos em levar de volta a "solução" daqueles problemas que atrapalhavam suas vidas, na frente do (Espécie de altar ou local sagrado de todo cerimonial umbandista. Ponto máximo de convergência vibratória, de onde vibram as energias cósmicas abrangendo toda a corrente mediúnica.) congá(*) os médiuns vestidos de branco e de pés descalços concentravam-se, ligando-se aos seus protetores e guias.

O ambiente denotava simplicidade e era mobiliado apenas com algumas cadeiras para acomodar os consulentes, poucas banquetas para os médiuns que serviriam de "aparelhos" às entidades espirituais e o congá, onde um vaso de flores, outro de ervas e os elementos ar, fogo, água e terra se faziam presentes. Acima, uma imagem de Jesus resplandecente de luz.

Iniciando-se a sessão através de (Verdadeiros mantras, ou preces, rogativas, que dinamizam elevando a vibração e a egrégora pelos sons articulados conjuntamente, e que facilitam o intercâmbio mediúnico.) pontos cantados(*) e orações, após uma leitura espiritualista elucidativa, iniciavam-se as incorporações de maneira moderada. Do lado astral, as falanges de trabalhadores já haviam chegado muito tempo antes dos médiuns e ali já haviam preparado o ambiente fluidicamente. Uma varredura energética havia sido feito pelos elementais onde primeiramente atuaram as salamandras e após as sereias e ondinas, fazendo com que toda a matéria astralina densa que ali se encontrava, fosse transmutada permitindo a chegada dos espíritos trabalhadores.

Na porta do ambiente, junto à firmação de (Grafia do Orixá ou ordem escrita identificadora da entidade e dos seus auxiliares.) ponto riscado(*) e da presença do elemento fogo, postava-se o guardião da Casa, Exu Gira Mundo, impondo respeito e segurança. Num raio de 360º ao redor da construção, uma guarnição dos caboclos na egrégora de Ogum formavam verdadeira muralha armada, impedindo a invasão de seres indesejáveis ao bom andamento do trabalho da noite. A construção toda estava no interior de grande pirâmide iluminada na cor violeta, com grande e grossa placa de aço imantado na parte inferior impedindo que o excesso de energia telúrica desequilibrasse a polaridade positiva que era captada pelos sete anéis giratórios que ladeavam a pirâmide, representando as Sete Linhas de Umbanda. Cada um desses anéis destacam-se na cor fluídica de seu Orixá e emitiam um harmonioso som diferenciado.

Cada um dos consulentes que adentrava ao ambiente passava agora primeiro pela (Queima de certas ervas especiais, específicas a determinados fins, com a finalidade de provocar fumaça, sempre de aroma agradável, usada em diversas cerimônias e rituais. As ervas em seus princípios químicos, quando queimadas e eterizadas, se tornam poderosos agentes de limpeza astral e de cura, mantendo mais agradável o ambiente. O objetivo da defumação é descarregar o ambiente por meio do elemento fogo que se decompõe na fumaça, afastando as camadas negativas.) defumação(*) que queimava junto à porta, em cumbuca de barro, exalando o cheiro das ervas perfumadas sendo incineradas pelo carvão vegetal. Equipes de limpeza se movimentavam no lado espiritual, recolhendo as larvas astrais e outras espécies de energias deletérias que ali eram desagregadas dos corpos dos consulentes, as quais não eram totalmente absorvidas pelo carvão ou transmutadas pelo elemento fogo.

Em alvíssimas vestes, os amados Pais e Mães, na sua roupagem fluídica de Pretos velhos, trazendo a alegria estampada em sua energia, tomavam conta de seus "aparelhos" médiuns, atuando no chácra básico dos mesmos, obrigando-os a dobrar as suas costas à semelhança de velhos arqueados, incentivando-os ao trabalho fraterno.

E assim, de consulente em consulente, de caso em caso, com a paciência e sabedoria que lhes é peculiar, entre uma baforada e outra de (Espécie de cigarro rústico feito de fumo picado e seco envolto em palha de milho, utilizado pelos pretos velhos como defumador aproveitando a terapêutica fluídica da energia oculta dessa erva, a qual é apurada nas suas qualidades etéreo/astrais pelos espíritos adestrados na magia branca.) palheiro(*) ou de alguma espanada com o galho de ervas na aura daqueles filhos, os bondosos espíritos cumpriam sua missão. Eram conselhos, corrigendas, desmanche de magia negra, de elementares artificiais negativos, limpeza e equilíbrio dos corpos sutis, retirada de aparelhos parasitas e às vezes, alguns puxões de orelha necessários, em forma de alerta. Tudo de acordo com o merecimento do consulente, pois cada um trazia consigo a amostragem de sua "ficha cármica" onde estavam impressos o que a Lei permitia ser mudado, bem como o que ainda era necessário que com eles permanecesse.

Vó Benta, espírito portador de grande sabedoria e humildade, apresentando-se naquele local com o corpo astral de negra velha de pequena estatura, com roupas simples e alvas, cuja saia comprida e larga era coberta por um avental onde um bolso era recheado de ervas e (Condensador energético feito com elementos da natureza e com finalidades específicas dentro da magia, geralmente usados para proteção.) patuás(*), tinha uma maneira simplista e diplomática de fazer com que os filhos entendessem que eles próprios eram seus médicos curadores:

- Minha mãe, acho que estou sendo vítima de "trabalho feito" pela minha ex mulher...

Sorrindo e com linguagem peculiar, segurava com firmeza as mãos do moço passando-lhe com isso confiança e com a voz recheada de afeto respondia:Negra velha vai explicar para que o filho entenda: - quando sua casa está totalmente fechada, fica escura e nada pode entrar, às vezes nem a poeira. Não é isso? Quando o filho abre as janelas e portas, a luz do sol entra invadindo todos os cantos, mas podem entrar também as moscas, baratas, formigas e até os ladrões, não é? Para a sujeira e os bichos, o filho pode usar a vassoura, para os ladrões a lei, a segurança. E para a luz do sol? Ah, essa filho, fica ali iluminando até que o filho feche toda a casa outra vez. Assim também é a nossa casa interna; quando nos fechamos para a vida, para o trabalho, ficamos no escuro e ao nos abrirmos, deixamos a luz entrar, mas ficamos sujeitos a todas as outras energias que pululam ao nosso redor. Mas como acontece na casa material, onde não houver os atrativos da sujeira e do lixo, os insetos não se aproximam. Se estivermos equilibrados, sem raiva, mágoa, ciúmes, vícios e todos esses lixos que os filhos buscam na matéria, nada nem ninguém consegue afetar nossa energia, nossa vida. Só o sol permanece no coração de quem procura manter-se limpo.

Negra velha sabe que esse mundão está de cabeça para baixo. No lado material os filhos andam desarvorados pela dificuldade de sustento de suas famílias, quando não, em busca de supérfluos. Mas mesmo assim, é preciso lembrar aos filhos, que embora estejam na matéria e sujeitos a ela, a vida real está no espírito imortal. É preciso dar mais atenção, senão prioridade, à essência em detrimento do restante, para que possa haver o equilíbrio dos elementos inerentes à vida, na sua totalidade.

O mal que é enviado aos filhos, só vai instalar-se se encontrar no endereço vibratório, ambiente adequado. Sem contar que o medo é porta aberta - e atrativo - para a entrada do desequilíbrio. O medo é sentimento muito usado pelas energias da esquerda, uma vez que fragiliza o corpo emocional facilitando sua atuação mórbida. Por outro lado, negra velha pergunta para o filho: - se a desordem não houvesse se instalado, por acaso o filho estaria aqui, sentado no chão, em frente à preta velha, buscando humildemente ajuda espiritual? Nem sempre o que nos parece mal, é tão prejudicial assim. Pode ser o remédio adequado para o momento, ou talvez a estremecida necessária no corpo astral dos filhos, para que a ordem possa reinstalar-se.

As trevas, meu filho, estão vinte e quatro horas de plantão. E os filhos, acaso estão? Não adianta orar e não vigiar, pois o pensamento é energia e com ele nos adequamos ao campo energético que quisermos.

Antes da (Meia-noite – momento em que estão liberadas todas as potências negativas do planeta.) hora grande(*) as falanges da egrégora dos Pretos Velhos, despediram-se de seus aparelhos, alguns precisando largar e desfazer a (Ou corpo de ilusão (corpo ilusório) formado por matérias do plano mental e astral, descartável usado somente durante a atuação da entidade e após destruído. As entidades espirituais na qualidade de guia que por evolução não mais possuem o corpo astral, veículo que possibilita a incorporação ou identificação no plano denso junto ao médium. Utilizam este tipo de artifício para que possam continuar atuando e ajudando mais próximo aos encarnados.) vestimenta astral(*) usada para que pudessem chegar até os aparelhos mediúnicos e voltavam agora para as bandas de Aruanda, onde continuariam suas atividades no mundo astral. Pois como diz a Vó Benta, "se pensam que morrer é dormir e descansar, os filhos estão muito enganados... desse lado tem muito trabalho e como nem o Pai está imóvel, quem somos nós cuja ficha cármica demonstra um vasto débito, para nos aposentarmos?".

Agora as velas apagam-se, os (Também chamados de Elementais da Natureza - são energias primárias que sustentam toda a natureza. Não possuem forma nem, obviamente, individuação. Apresentam-se em quatro modalidades ou faixas vibratórias, cada uma sintonizada com um dos quatro elementos - terra, água, fogo e ar. Essas formas energéticas, elementais da natureza, encontram-se também em nós por um mecanismo de semelhança.) elementos(*) voltam a integrar a natureza, os (Ou Espíritos da Natureza - constituem um reino de entidades ainda não-humanas, vinculados a determinados campos magnéticos e vibratórios, semelhantes em freqüência aos Elementais do fogo, do ar, terra e água. São as salamandras, silfos, gnomos ou duendes, e ondinas. Esses Espíritos da Natureza estagiam nesses sítios vibracionais do astral à "espera" de um corpo hominal. São servidores dos reinos da natureza e determinados sons, cores e invocações, aliados à força mental do pensamento do médium magista (ou mago) que tem a assistência dos bons espíritos, despertam a sensibilidade desses espíritos da natureza para o bem e para a cura, associados aos fluídos ectoplásmicos exsudados, repercutem no plano astral, que é de grande plasticidade em relação ao impulso mental, levando a uma materialização fluídica invisível a nós.) elementais(*) após limparem o ambiente retornam aos seus devidos reinos, os (São as Formas-Pensamentos Elementares, produtos da mente humana e compostos de substância astro-mental. As de baixo teor constituem a pior forma de poluição psíquica do planeta. Pairam à nossa volta, densas e deletérias, como decorrência das emanações mentais de baixa condição moral. Essas formas, por sintonia magnética e vibratória, têm as características de um dos quatro elementos da natureza, porque originalmente, um dos elementos preponderava nos emissores encarnados, quando da constituição dessa Forma-Pensamento no éter.) elementares(*) foram desagregados pela força e sabedoria dos pretos velhos e os médiuns voltam aos seus lares com a sensação de paz que só é sentida por aqueles que cumprem com seus deveres.

Preto velho já foi,
Já foi pra Aruanda,
A benção meu Pai
Saravá pra sua banda...


Algo que recebi por e-mail.
(Autor - pelo menos pra mim - (Algo que recebi por e-mail) desconhecido(*))


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acid
Acid é uma pessoa legal e escreve o Blog www.saindodamatrix.com.br
"Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto.
Não acredite em nada do que eu escrever.
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