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Por que precisamos desenvolver o mundo interno tanto quanto o externo

por Bel Cesar em Espiritualidade
Atualizado em 19/05/2006 11:46:31


Com a finalidade de enriquecer nossas reflexões sobre a relação entre o mundo interno e o mundo externo, selecionei mais um texto do livro Autocura Tântrica III (Ed.Gaia) de Lama Gangchen Rinpoche.

POR QUE PRECISAMOS DESENVOLVER O
MUNDO INTERNO TANTO QUANTO O MUNDO EXTERNO

A sociedade moderna investiu a maior parte de sua energia no cuidado com o mundo externo e, como conseqüência, testemunhamos nos últimos trezentos anos uma explosão de desenvolvimento externo material. Esse desenvolvimento trouxe resultados benéficos, como a eletricidade, as viagens aéreas, a eletrônica, intervenções cirúrgicas capazes de salvar vidas, etc. Entretanto, não podemos negar que trouxe também muitos resultados negativos e altamente perigosos, como as armas nucleares e químicas e a energia nuclear.
Talvez eu esteja enganado, mas, em minha opinião, as últimas gerações superenfatizaram o desenvolvimento externo material e o conseqüente conforto e riqueza físicos, e negligenciaram o cuidado com o mundo interno a ponto de quase esquecerem-se de sua existência.

Não estou sugerindo que devemos parar o desenvolvimento material ou as pesquisas científicas e tecnológicas. Sem a tecnologia, para muitas pessoas seria impossível viver em nosso planeta hoje. Entretanto, talvez devêssemos dar maior ênfase ao desenvolvimento de tecnologias apropriadas e positivas. Um bom exemplo disso são as tecnologias de redução da poluição ambiental, como os conversores catalíticos, os métodos de reciclagem, etc. Se usarmos a tecnologia de uma forma positiva, teremos resultados maravilhosos, e não os resultados negativos que atualmente todos nós conhecemos. Também precisamos nos preocupar em começar a fazer um investimento semelhante em nossos recursos para desenvolver o mundo interior.

No Tibete, antes da invasão comunista em 1959, não dávamos muita importância ao cuidado com o mundo externo, pois estávamos sempre muito ocupados cuidando do mundo interior. Dançávamos com a impermanência de forma criativa e usávamos essa dança para relaxar (Ngelso) no espaço absoluto e unir nosso dia-a-dia ao mandala de cristal puro. Como conseqüência, desfrutávamos muito mais a regeneração e o relaxamento interior profundo Ngelso e a satisfação duradoura, a felicidade e a liberdade interior do que se pode conseguir seguindo e tomando refúgio apenas nos fenômenos relativos. Se pudéssemos todos aprender a tomar refúgio em ambos os níveis da realidade, o absoluto e o relativo, e a cuidar dos mundos externo e interno, nossa sociedade se tornaria mais pacífica, mais feliz, satisfeita e grandiosa que qualquer civilização antiga.

Nos últimos tempos, a sociedade contemporânea tem se esquecido totalmente do mundo interno, que está agora sofrendo profundamente, sempre chorando e com ciúmes do mundo externo. Com ciúmes e raiva, ele está reagindo violentamente e, já que seus gritos têm passado despercebidos, como um grupo terrorista, o mundo interno vem secretamente desenvolvendo e estocando bombas atômicas internas de emoções negativas. Essas bombas atômicas internas estocadas em nosso coração, canal central e chakras, podem explodir a qualquer momento, ameaçando destruir nosso mundo interno, os outros seres, nossa sociedade e o planeta.
As bombas internas de emoções negativas não são apenas uma ameaça à nossa saúde mental e física e à nossa paz interior; elas podem também destruir os frutos positivos do desenvolvimento científico e tecnológico. Por exemplo, devido à ganância coletiva, à cobiça pelo poder, egoísmo, etc., usamos a tecnologia de forma errada, criando armas de destruição em massa, como as armas atômicas, químicas e a laser; causamos uma imensa poluição interna e externa, o esgotamento dos recursos naturais, a destruição do meio ambiente e a extinção de muitas espécies.

Também nos níveis social e político, podemos ver nossa energia negativa explodindo e dando curso à devastação, resultando em mais e mais guerras, fome, pragas, desastres naturais, desigualdade e corrupção política e social, genocídio, uso de tortura, abuso dos direitos humanos, terrorismo, sindicatos internacionais do crime, abuso de drogas, alienação social, desintegração da família tradicional e das estruturas religiosas, políticas e educacionais, doenças físicas e sofrimentos mentais em constante crescimento.

As armas nucleares que hoje proliferam pelo mundo e que tanto nos aterrorizam são apenas um fraco reflexo externo dos instrumentos internos de destruição que trazemos no coração. Se fôssemos sábios, deveríamos nos aterrorizar com as bombas nucleares internas de ilusões estocadas em nós mesmos. Precisamos nos perguntar honestamente: o que motivou a sociedade moderna a criar armas nucleares capazes de destruir todos os seres vivos do planeta? Quem ou o que realmente tememos? Quem é nosso verdadeiro inimigo?
Temos que descobrir como desarmar os instrumentos mortais suicidas da raiva, inveja, orgulho, ganância, instabilidade mental, desejo e ignorância em nosso coração. Primeiro, precisamos reconhecer que possuímos um precioso corpo humano, um veículo que nos permite fazer o que quisermos nesta vida. Possuir um corpo humano como o nosso é, nos níveis externo, interno e secreto, uma oportunidade fantástica, que não deve ser desperdiçada. Se soubermos usá-la de uma forma positiva, poderemos praticar a Autocura Ngelso momento após momento, e chegar à autocura completa – o estado de Buda – no curto período de uma vida.
Por outro lado, se usarmos este corpo de uma forma negativa, trilhando o caminho da escuridão interna, cada momento poderá contribuir para nosso suicídio pessoal e planetário. Podemos escolher ngel – ir da escuridão para a escuridão e da luz para a escuridão – ou so, da escuridão para a luz e ou da luz para a luz. A decisão é nossa.

Ao compreendermos a preciosidade de nosso veículo físico, deixamos espontaneamente de tratá-lo como uma máquina e desenvolvemos um genuíno interesse por cuidar dele e começar a aprender a usá-lo de uma forma positiva.



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bel
Bel Cesar é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. É também autora dos livros `Viagem Interior ao Tibete´ e `Morrer não se improvisa´, `O livro das Emoções´, `Mania de Sofrer´, `O sutil desequilíbrio do estresse´ em parceria com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz e `O Grande Amor - um objetivo de vida´ em parceria com Lama Michel Rinpoche. Todos editados pela Editora Gaia.
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