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Procuram-se novas mães

por Adília Belotti em Autoconhecimento
Atualizado em 05/07/2007 17:33:27


Empresa tradicional, no ramo desde os tempos pré-bíblicos, procura profissionais para projeto pioneiro em fase de reposicionamento de marca para atender às novas exigências do mercado.

Os candidatos devem:
Ser do sexo feminino facilita alguns aspectos do processo de admissão, embora cada vez mais homens estejam desenvolvendo as competências necessárias para o cargo e em alguns países venham dividindo com as mulheres fatias importantes do mercado de trabalho.

A idade cronológica não importa, existem candidatas de todas as idades, mas é importante o amadurecimento, certo orgulho de ser adulto, um estar à vontade com o mundo que só algum tempo no caminho proporciona.

Ideal é que os postos disponíveis sejam ocupados por toda a vida, o CEO do projeto entende que esse é o aspecto mais difícil do cargo, mas de antemão assegura que as recompensas excedem os sacrifícios.

Anúncios afirmando o contrário e mostrando candidatas em situações indignas, sofredoras, ressentidas, exibindo aventais sujos de ovo como prova de competência, foram comuns há algum tempo, mas não condizem mais com o caráter inovador do projeto.

O caráter vitalício do projeto não deve esconder as infinitas possibilidades do cargo. Nossa organização hoje conta um imenso portfolio de profissionais: mães-avós; mães-adotivas; mães de aluguel; mães-babás; mães que doam óvulos; mães que dão à luz óvulos de outras mães; mães-professoras; mães-pais; mães à distância; mães meio período; mães período integral; mães-homens; homens-mães.

O horário de trabalho é flexível, isto é, a candidata deve estar preparada para trabalhar... sempre. “Sempre”, neste caso, entendido como sendo qualquer horário, manhã, tarde, noite - sobretudo de madrugada -, aos sábados, domingos, dias santos e feriados nacionais e internacionais.

Não está previsto esquema de plantão, e, por isso, é altamente aconselhável que a candidata tenha um backup de confiança, disponível, afetuoso e que compartilhe a vocação para o cargo. Tradicionalmente, essa função vem sendo preenchida pelo pai.

Mas esse também é um cargo que mudou muito nos últimos tempos e hoje inclui parceiros, amigos, pais adotivos, pais-mães, pais-mulheres, avôs, tios, padrastos, pais de proveta, pais de final de semana, paizões, pais à distância, pais tradicionais, pais por herança, pais por opção...

Oferecemos uma oportunidade única de experimentar um tipo de amor ilimitado, duradouro, sólido e tão poderoso que facilmente pode confundir e subir à cabeça de candidatas mal-preparadas para a função. Cabe a cada uma usá-lo de forma sábia, generosa e responsável.

No passado, tivemos problemas com profissionais que não honraram o cargo e usaram essa força excepcional para esconder seus medos, suas fraquezas, suas frustrações, seus desejos egoístas de posse. Um desastre que colocou no mundo um sem-número de humanos imaturos, dependentes e totalmente despreparados para a aventura do amor...

Por outro lado, é desejável que as candidatas saibam que deverão errar para que os filhos aprendam a lidar com a imperfeição, a sua e a dos outros. Não é bom que eles acreditem que a mãe que lhes foi designada seja uma espécie de co-piloto de Deus, embora muitas acreditem que são.

Onipotência e arrogância devem ser utilizadas em doses absolutamente homeopáticas e apenas para defender os filhos que lhes forem designados, brigar por eles e ensiná-los a se orgulharem de si mesmos.

Exige-se:
Alegria porque nenhuma criança deveria crescer ao lado de uma mãe triste, desesperançada, deprimida.

Entusiasmo, porque todas as crianças deveriam acreditar que a vida é um acontecimento extraordinário, que se realiza a cada instante diante dos seus olhos.

Coragem, porque nascer é um esforço e estar no mundo é tarefa para heróis, todos os confortos da modernidade não deveriam nos iludir quanto a isso. Mães que escondem essa verdade elementar dos filhos que lhes foram designados serão suspensas na primeira oportunidade.

Resiliência, expressão que substituiu atributos anteriores como abnegação e espírito de sacrifício, e que deve ser entendida pura e simplesmente como a capacidade de reagir e de se regenerar rapidamente a cada vendaval, tempestade, chuva e trovoada, raios, trovões, desastres ecológicos de todos os tipos, os da natureza e os da alma das criaturas...

Antigamente, era essencial que as candidatas soubessem cozinhar. E muitas boas profissionais cometeram o engano de associar comida com afeto. Um desastre. Hoje se exige apenas que elas ensinem seus filhos a gostar de comer, sem culpas...

Respeito, por si mesma, pelo seu corpo, pelo corpo do outro, porque é nesse espelho que os filhos aprendem o cuidado de si.

Uma crença razoável e sensata em algo maior, grande o bastante para acolher os sonhos e as esperanças de uma criança e de sustentá-la pela vida.

Oferecem-se como bônus:
Beijos melados, abraços quentinhos, muitos “mamãe eu te amo”, cheiro de grama no lençol, mãozinhas fofas, gargalhadas, aconchegos, dobrinhas com perfume de leite azedo, olhares cúmplices, trocas, sonhos compartilhados, histórias antes de dormir, canções de ninar ainda que desafinadas, audições de piano (violão, saxofone, clarinete, violino....), formaturas, todas as primeiras vezes, festas de aniversário, manhãs de sol, dias de chuva debaixo do cobertor, programas favoritos, “mamãe você é linda”, saídas para o acampamento, chegadas do acampamento... e um infinito de saudades boas!



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adilia
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM.
Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma.
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