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Amores na Internet: a vida num instante

por Silvia Malamud em Psicologia
Atualizado em 15/12/2006 11:29:05


Ele - perfil: cabelos castanhos, olhos azuis, 1.87 de altura. Formação universitária com especialização no exterior, 45 anos.
Profissão: Executivo de multinacional.
Personalidade: romântico; gosto de coisas bonitas, bom papo e estou de bem com a vida. Adoro detalhes que demonstrem bom gosto.
Lazer: velejar, hipismo, ouvir boa musica, cinema, teatro, atividades culturais.
O que procura: busco um amor de verdade, uma pessoa agradável e de bem com a vida.

Ela - perfil: morena, 1.65 de altura, olhos castanhos. Formação universitária, 42 anos.
Profissão: Empresária
Personalidade: romântica, amiga e companheira.
Lazer: corrida e leitura. Comer em bons restaurantes, cinema, livros e teatro.
O que procura: um relacionamento que possa ser algo mais que um simples relacionamento.

Ele: subterrâneos que não se contam:
1) Vem de um casamento desmoronado e sai angustiado em busca de alguém que possa suprir a sua solidão. Está ansioso por encontrar uma pessoa que resolva as suas carências mais profundas. Está só e incomodado com a situação da separação, após 15 anos de casamento.
2) Quando muito angustiado, abusa da bebida.
3) Sabe que este foi um dos fatores determinantes para que a sua separação ocorresse, mas não leva a sério porque não acha que esse foi o principal motivo.

Ela: Subterrâneos que não se contam:
1) Teve uma vida de submissão em seus relacionamentos anteriores e desde a mais tenra infância aprendeu a ser assim.
2) Tem tendência à depressão.

Depois de longas conversas pela net, troca de e-mails, ele e ela sentem que nasceram um para o outro. Ainda um pouco receosos por não se conhecerem totalmente, ambos acham que a “conexão” tão intensa, via net, por si só já foi o suficiente para que um forte sentimento nascesse entre ambos.

- E o dia do encontro chegou.

Ela, conforme combinado anteriormente está com uma blusa azul turquesa; ele, terno azul marinho. Estão dentro de uma lanchonete, num shopping movimentado do centro de São Paulo. O primeiro olhar entre ambos é de encantamento, como se fosse uma espécie de reencontro mágico, talvez de vidas passadas... Algo subjetivo, perdido nas profundezas dos seus tempos anteriores e interiores, subitamente emerge ampliando o clima da paixão que agora efetivamente se materializa. A visão de ambos fica ofuscada devido a todo este montante emocional que toma a frente. Parece que ambos se reconhecem instantaneamente. Pensam que finalmente reencontraram o que há muito não emergia para a superfície. Seria o amor o que finalmente estaria abrindo espaço entre ambos?
A partir deste encontro, ele e ela viveram momentos de grande paixão. Perderam a fome e chegaram a pensar que tudo à sua volta não passava de um filme e que a única coisa que tinha validade era o amor que um sentia pelo outro.

Repentinamente, porém, como em toda paixão que se preza, a realidade como ela é começa novamente a tomar espaço na vida dos dois. Ela, por conta de ter um padrão de funcionamento do tipo “cuidador”, a principio cedera ao que lhe parecia importante, em nome das exigências dele em relação aos seus excessos de detalhes. Tudo passava a ser apresentado agora por questões de perfeccionismos extremos e em nome de uma estética pessoal dele. Pouco a pouco ela começava a se sentir sufocada. Sentia que por mais que tentasse agradar, nunca era o suficiente para ele... e o pior de tudo: ela sabia. Esta era uma situação em sua vida que sempre se repetia. Doava, doava e doava sem nunca porem se sentir reconhecida.

Ele por sua vez, começava a se irritar profundamente com ela, com o seu jeito sempre errado de fazer as coisas. Novamente se sentia isolado e só. Com uma companhia que, além de tudo, o irritava de modo doce. Ao mesmo tempo que sentia raiva por ela, sentia culpa. Começou a se desestabilizar novamente e a beber. Ela assustou-se com o que viu.

- O relacionamento terminou.
Num segundo momento ambos partem para novas buscas, talvez pela net.

Analisando a situação exposta, desejo dimensionar por onde caminha o psiquismo humano quando existe a busca do amor/paixão. Lembrando que uma das possibilidades de encontro na nossa atualidade na certa passa pelos meios de comunicação que a Internet propicia. A questão central permeia o universo das ilusões criadas e da angustia pela falta de algo que num tempo remoto já se viveu ou mesmo que se tem a ilusão de que finalmente se poderá viver em plenitude. Atentem que esta é a formula do apaixonamento. Um lugar de dentro de nós que emerge quando achamos que encontramos alguém que faça ressonância com esse nosso universo interior tão inexistente... O problema é que este apaixonamento, como uma febre que nos acomete, tem prazo de duração. E no final existem dois caminhos a serem tomados: o do desenvolvimento do amor genuíno, que envolve amar no outro - inclusive - muitos dos aspectos nossos que ainda estão em desenvolvimento/conflito, ou terminar, pelo equivoco que o torpor da paixão promoveu, partindo para uma nova empreitada/paixão.

Tem muito para se falar sobre relacionamentos pela Internet. Estou começando pela questão do apaixonamento, que não isenta o uso da net como mais um caminho de contato. Muitos falam que tiveram azar em encontros deste tipo, mas nem se tocam que podem ter passado pelo processo de apaixonamento que inclusive independe da ferramenta net. Obviamente existem também estórias de sucesso. Todos sabem disso. Vamos aos poucos nos aprofundar em várias questões que podem acontecer pela Internet, mas, por enquanto, penso que este ponto seja um dos gatilhos que levam a grande maioria das pessoas a se procurarem, seja por qual caminho for...

Minha sugestão para você que está se aventurando em encontrar alguém pela Internet é que a principio entre em contato com a sua experiência de modo menos emocional possível. Vou explicar: veja a aventura da sua consciência e a da pessoa que entra em contato, como se estivesse vendo um filme no qual ora você faz parte, ora você o cria e ora observa. Evite a todo custo se envolver de modo cego. Pesquise quem é você nesta sua busca existencial. Tire proveito destes momentos em que esta fora da tela e reflita de modo mais lúcido sobre o que está acontecendo. Isto requer treino.
Tente perceber onde se sente mais vivido e o que tem faltado na sua vida, pergunte-se o sentido que faz essa busca evitando mergulhar na situação afetiva apenas por carência ou vicio...Fique atento para de modo algum fazer algo que te corrompa interiormente. Se tiver algum sinalzinho, por menor que seja, de que está ultrapassando os seus próprios limites pessoais ou o do outro, imediatamente congele em sua mente a imagem da sua experiência e reflita sobre o que pode estar acontecendo.

A sua vida é um instante sagrado e você na certa merece viver o seu melhor em tudo. Permita-se. Tenha coragem de entrar em contato com o que te rege e transforme-se sem medo.
A sua vida é preciosa. Seja feliz.
Lembre-se: a escolha sempre será sua...



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silvia
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
Tel. (11) 99938.3142 - deixar recado.
Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos

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