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Brainspotting, o seu ponto no cérebro

por Silvia Malamud em Psicologia
Atualizado em 08/10/2009 18:00:36


A utilização do Brainspotting é deveras eficaz para qualquer tipo de questão sentimental quando não encontramos saídas adequadas. Eficaz também em situações de respostas emocionais repetitivas ou mesmo quando lidamos com vícios de diferente natureza. Eficaz também, quando infindáveis vezes há acometimentos por episódios de stress ou que propiciam aparecimento do mesmo, sendo que, na maioria das vezes, conhecemos a saída, porém, não conseguimos provocar as mudanças necessárias para outro modelo de funcionamento, mais satisfatório. São episódios de situações repetitivas e indesejáveis vivenciadas por todos onde, muitas vezes, temos consciência de que para mudar bastaria apenas acionar o “botãozinho” do “só parar” em relação a determinado tipo de atitude. Desta forma simples assim, sem conseguirmos “virar a mesa” de vez é que costumamos nos sentir como eternos fracassados...

Mas o que será que ocorre internamente e nos dificulta tanto em provocar mudanças de padrões aparentemente fáceis de serem mudados?
Essa questão abrange um universo de significados que, na maioria das vezes, não conseguimos destrinchar. Isto porque temos a tendência de nos observar apenas pelas bordas das nossas superfícies, sem ousar buscar os mais amplos significados envolvidos em cada situação especifica.

Muitas das nossas dificuldades podem ter raízes na mais tenra infância e podem até vir de um tempo em que sequer sabíamos falar. Um acidente, por exemplo, pode aparentemente ser o causador de sintomas claustrofóbicos, mas a matriz deste tipo de desenvolvimento comumente vem de situações tamponadas e não resolvidas, de há muito tempo antes de acontecer o suposto acidente.
Explicarei melhor como isto ocorre citando exemplo de situação real ocorrida com minha paciente (relato por ela autorizado). Observem como o Brainspotting e o EMDR facilitam o reprocessamento de questões aparentemente sem solução ou, convencionalmente, de solução lenta e até mesmo condicionada ao uso de medicação para atenuar sintomas de ansiedade.
Vejam:

- Fernanda (nome fictício) após longa jornada de trabalho sentia-se bastante cansada. Por voltas das 22 horas retorna para casa com desejo grande de descansar. Estava um dia de muito calor e Fernanda ansiava tomar um belo banho e, logo em seguida, encaminhar-se para o jantar com os seus e por fim, descansar...

Ocorre que entrou sozinha no elevador, apertando como de costume o botão de seu andar, o décimo primeiro. Quando passava lá pelo quinto andar aconteceu alguma pane no sistema elétrico e, repentinamente, todas as luzes ao redor começaram a piscar. Numa fração de segundo tudo escureceu e Fernanda viu-se presa entre o sexto e o sétimo andar.

Fernanda conta que não sentiu pânico, mas berrou e tocou a campainha de emergência pedindo socorro. Conta também que alguns minutos infindáveis se passaram e nada acontecia. Mais alguns segundos e tenta comunicar-se pelo telefone celular, ao mesmo tempo em que ouve vozes lá fora. É o zelador pedindo para que se acalme, pois começaria alguns procedimentos para retirá-la dali. Fernanda pede que liguem para o resgate a fim de que uma equipe especializada possa executar o trabalho. Essa equipe é acionada prevendo-se demora de vinte minutos até chegar ao local.

A temperatura começa a aumentar. O zelador pede para que os moradores do sétimo andar, com vão livre em relação a porta do elevador a abrissem para que o local pudesse ficar mais arejado. Para surpresa de todos, havia apenas duas crianças sozinhas no apartamento esperando que os pais voltassem de algum passeio noturno e, pior, os pais haviam trancado o lado interno da porta do elevador.

Neste meio tempo as crianças falam com os pais e estes avisam onde teria uma chave reserva. Ao abrirem a porta, por um pequeno vão colocam um diminuto ventilador e dão água através de um canudinho para a Fernanda.

O tempo vai passando e já é mais de uma hora de aprisionamento. Fernanda tenta manter a calma e, morrendo de calor, senta-se no chão do elevador tendo breve sensação de desmaio. Sente forte calor na região da nuca, mas mesmo assim se mantém lúcida e resiste ao desmaio. Mais vinte minutos e o resgate aparece libertando-a. Fernanda revela que sai do elevador sentindo forte cansaço e lembra que o mais importante de tudo foram seus imediatos sentimentos de fúria. Ao ver-se em liberdade sai em disparada subindo de elevador até seu andar jogando-se exausta em cima da cama. Mais alguns momentos, toma seu banho, alimenta-se e vai dormir.

Dormiu tranquilamente e no dia seguinte seguiu sua rotina costumeira. Entra no elevador do prédio onde trabalha subindo com mais pessoas. Para sua surpresa e sem jamais suspeitar de que algo de incomum pudesse ocorrer após este incidente estressante, Fernanda, ainda no elevador, é invadida por pensamentos intrusos associados a sensações desagradáveis. No momento em que o elevador “deu a partida” começando a subir, Fernanda foi acometida pelo pensamento de: “E se o elevador parar”? Daí, sentiu uma espécie de friozinho na barriga... Saiu do elevador esquecendo-se do ocorrido. Hora do almoço, nova empreitada... Fernanda desce de elevador e, novamente é flagrada pelo mesmo tipo de pensamento e sensação desagradável. Um medo... Almoçou e esqueceu do ocorrido. Durante toda a semana, sempre que entrou em elevador a sensação e os pensamentos ruins gradativamente foram se apossando dela. Fernanda percebia algum calor na região da nuca enquanto estava dentro do elevador, calor da mesma espécie que havia sentido quando ficou presa.
Fernanda nunca deixou de pegar elevador e jamais optou por escadas, mas sentia-se exausta em pensar de ter que enfrentar tais sensações. Nessas ocasiões os pensamentos começavam a vir antes mesmo que pegasse os elevadores. Para uma pessoa ativa como Fernanda, isso era demais. Jamais havia tido qualquer sentimento de pânico e agora tinha consciência da sua fobia. Decidiu não ficar passiva diante desses fatos e foi em busca de um tratamento rápido e eficaz que a libertasse desses sintomas insuportáveis. Pesquisou alternativas que pudessem ajudá-la e acabou por encontrar o EMDR e o Brainspotting.

Fernanda, embora desconhecendo totalmente a metodologia, questionava como a mesma poderia desbloquear esse momento incomodo e, mesmo assim, entrou no processo.Optamos desta vez por fazer o Brainspotting.
Em meio a sons bilaterais acontece o desbloqueio de imagens congeladas que na maioria das vezes nem sabemos possuir. Encontramos o ponto de impacto da imagem perturbadora em seu cérebro e, a partir desse ponto, com um sistema de visualização e escuta dos sons bilaterais, começamos com o reprocessamento.
A imagem perturbadora escolhida por Fernanda é aquela em que senta no chão do elevador, sente o calor na nuca e a sensação de desmaio e mal-estar. Faço com que ela tire uma espécie de foto mental do momento e me especifique algumas coisas para que entremos mais profundamente no momento do impacto e possamos prosseguir na metodologia.

Tanto no EMDR como no Brainspotting, por trabalharem com reprocessamento de vivencias, é comum aparecerem imagens de fatos ocorridas, fantasias, simbolismos, sensações corporais e outros tipos de pensamentos elaborados ou não. Importante é desenvolver o descongelamento de tudo que produz sintomas desagradáveis na atualidade da pessoa.

Logo de inicio, a Fernanda, que estava no elevador quase desmaiando, vê-se numa sala de parto. Observa de modo surpreendente tudo o que havia na sala. Não importa se é real ou não. O importante é o contato com os seus conteúdos internos e estes são sempre verdadeiros. Fernanda vê uma mãe de pernas abertas. Logo vê uma criança tentando nascer e diz que sente tudo ao mesmo tempo. Revela que a mãe, a sua mãe, está como se fosse morta (ela estava em depressão) e que parecia como uma mãe morta. Revela ainda que ao tentar nascer percebe que não terá quem a acolha e, em tentativa desesperada, volta para dentro de uma barriga ainda quente e nutridora. O medico obstetra percebe a situação do nenê entrando de volta e fazendo um giro dentro da barriga da mãe e, num ato instantâneo, enfia a mão dentro da mãe virando bruscamente o nenê, provocando seu nascimento imediato. Nesse momento de percepção, Fernanda sente novamente o calor na nuca e diz que vai desmaiar. Peço que entre em contato com as sensações e Fernanda, imersa no pânico da sensação, aos poucos vai se acalmando até que olha para a sala de parto e diz para a “mãe morta” que ela, Fernanda, estava viva! E que tinha direito à vida e estava feliz por estar viva. Na sequência vai se lembrando de inúmeros episódios de sua vida que refletem a recorrência das mesmas sensações primordiais provocadas pelo seu nascimento. Lembra-se das inúmeras vezes em que subliminarmente não se sentia totalmente viva e a todo o momento vai resgatando os fortes sentimentos de vida e de liberdade que sempre possuiu dentro de si. Vê cenas com seu pai, sua mãe, familiares e amigos. Num dos episódios sente-se abraçada pelo planeta e emociona-se. No final do reprocessamento, vê-se novamente dentro do elevador, deitada no chão, quase desmaiando quando duas pessoas aparecem, com carinho, retirando-a do elevador pelos braços. Diz que se sente acolhida e amada nesse momento e ri quando percebe que tal fato não ocorreu no dia, mas estava acontecendo de modo muito realístico nos procedimentos do Brainspotting. Diz que sai do elevador e que o dia está lindo, totalmente ensolarado. Sente-se feliz. Pronta para viver mais plena e, de modo que ainda não sabe distinguir, bem diferente do que tem vivido até hoje.

Fim do procedimento. Lembrando ser este apenas um breve resumo de todo o ocorrido durante o processo; depois disso Fernanda foi convidada para descer de elevador acompanhada e se sentiu de modo bem diferente.
Após algumas semanas, Fernanda percebeu existir um período de tempo neurológico para sua nova situação de vida assentar-se e percebeu que não estava mais com fobia de elevador e se esqueceu completamente desse assunto. Notou também que todas as áreas da sua vida estavam mais leves, mais vividas, sentindo-se mais afetiva e mais amada pelas pessoas do seu convívio.
Notem como uma situação de conflito -quando resolvida-, pode transformar de modo contundente todas as áreas da vida da pessoa.
Esta é a realidade da eficiência dessas novidades: o EMDR e o Brainspotting!
Não é EXCELENTE!?

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silvia
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
Tel. (11) 99938.3142 - deixar recado.
Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos

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