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O seu Chamado interior, cenário ilustrativo

por Silvia Malamud em Psicologia
Atualizado em 29/01/2009 16:54:39


Claudio (nome fictício) é um poderoso executivo de uma multinacional e tem uma família absolutamente perfeita nos moldes esperados pela sociedade que compactua. Tem filhos em plena idade de crescimento e noção das mazelas do mundo e da realidade social da qual fazem parte. É casado com uma mulher bonita e inteligente que de modo exímio o acompanha em todas as atividades necessárias.
Como inúmeros executivos deste porte, Claudio viaja constantemente a trabalho deixando, com freqüência, esposa e filhos esperando pelo seu retorno.

Toda essa vida agitada e correta acaba por incentivá-lo mais e mais para que ele “evolua” e cresça nas áreas em que já está atuando sendo que constantemente se vê abrindo novos horizontes para que empreendimentos mais arrojados tomem posse de sua vida.

Este executivo, como tantos outros em posição dinâmica, esteve por anos situado numa suposta categoria de rei de um universo pessoal perfeitamente compreensível em pleno século XXI. Modelos como estes estão em ascensão atualmente. Aqueles que não se encontram no topo deste tipo de pirâmide buscam freneticamente estar, não importando como.

Voltando ao caso de Claudio, tudo estava correto, impecável. O que ele não contava, porém, é que repentinamente começaria a escutar uma espécie de chamado interior. Este chamado já observado e estudado por diversos estudiosos do ser humano que vem desde os existencialistas aos filósofos e até aos mais espiritualistas, começa através de certo desconforto, onde gradativamente todo o sentido anterior de vida passa a ser questionado.

Este é o processo da individuação como Jung sabiamente precisou. O processo pelo qual todo ser humano tem a oportunidade de transitar durante a sua existência. É quando somos convocados a dar um salto quântico para uma vida muito mais significativa e atraente do que outrora. E isso ocorre por mais que as nossas vidas possam ser boas. Independe de qualquer situação anterior
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Acontece quando o si mesmo pede passagem para se expressar e ter ciência de si. Acontece quando deixamos de lado as personalidades que nos foram inseridas e entendidas como eficientes para que transitássemos dentro do contexto que nascemos. Esta é a fase de transição, onde temos a chance de separar definitivamente o joio do trigo, ou seja, o que nos serve e o que a partir de agora deixa de nos fazer sentido.

No caso deste executivo, como exemplo de muitos que estão por aí totalmente automatizados, o incômodo sentimento o impulsionou para que de algum modo pudesse sentir a vida realmente correndo em suas veias. Por não saber como sair desta angústia silenciosa, começou a achar tudo à sua volta enfadonho, monótono. Sua esposa não mais o encantava tanto, seus amigos falavam demais...

Começou por se interessar por outras mulheres, buscou novos amigos e, mesmo assim, o vazio e a falta de sentido na vida ainda o assolavam. Claudio não era do tipo que cai facilmente em depressão. É reativo e nunca foi dado a pensar mais profundamente sobre si mesmo. Por essa mesma razão, todas essas questões -além da falta de solução- o deixavam cada vez mais confuso e irritadiço, por vezes apático. Seu mundo interior estava em plena revolução, num caos que ele próprio não compreendia.

Num dado momento, quando não agüentava mais as suas insatisfações, foi buscar ajuda de um amigo; não satisfeito, recorreu à sua crença religiosa, mas absolutamente nada afastava seus sentimentos de vazio existencial e de falta de significados.

Por fora, buscava viver uma vida como antes, mas por dentro havia uma revolução!

Um amigo mais sensível, percebendo suas inconstâncias, sugeriu que ele procurasse auxilio terapêutico ou mesmo que parasse com a sua aceleração e tivesse a coragem de se comprometer com o que de fato fazia sentido para si mesmo.
No princípio, Claudio hesitou negando toda aquela estória maluca que o amigo dizia. Durante a conversa, porém, por alguns infindáveis instantes, sua vida pareceu ser apenas e tão somente um filme rodado sem o menor significado... No final daquela conversa, pela primeira vez na vida, sentiu uma espécie de pânico. – Teve medo de morrer sem ter nascido.

A partir deste encontro marcante com seu amigo, pouco a pouco passou a redefinir a sua existência. Com o passar do tempo, sua vida foi gradativamente se transformando. Claudio chegou até a mudar a forma de se vestir. Foi ficando mais leve, mais jovem, porém mais maduro.
Em momentos de angústia e de aumento máximo deste sentimento de vazio deste período de transformação, agora acolhidos por ele mesmo, iniciou um processo terapêutico e no final deste ciclo memorável de grandes mutações, acabou se dando muitíssimo bem.

Claudio não precisou mudar de profissão, largar a esposa, etc. Apenas conquistou um outro olhar e sensibilidade para tudo o que existe. Muitas coisas tiveram que se transformar dentro e fora dele, mas outras continuaram as mesmas, porém infinitamente mais vívidas.





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silvia
Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapias Breves, Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem direta a memórias do inconsciente.
Tel. (11) 99938.3142 - deixar recado.
Autora dos Livros: Sequestradores de almas - Guia de Sobrevivência e Projeto Secreto Universos

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