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Por que as Mulheres Adultas Não Ficam?

por Flávio Gikovate em Psicologia
Atualizado em 18/08/2003 11:43:07


Tudo nos leva a crer que, a partir dos 15, 16 anos, as moças tenham mais medo de perder o controle sobre sua sexualidade do que nos primeiros anos de puberdade, onde praticam o "ficar" com maior tranqüilidade. É curioso observar que elas perdem a coragem para as intimidades sexuais e, não raro, também deixam de se masturbar. A aliança forte entre sexo e amor só ocorre com o sexo feminino. Os homens, mesmo preferindo as duas coisas, continuam, em sua maioria, gostando de sexo como um prazer descompromissado. Por que isso não ocorre com as mulheres?

Não cabe dizer que as mulheres são mais românticas, pois isso não é verdade. Um aspecto importante, fora o medo de se perder em sua própria sexualidade, está relacionado com o modo como aprendemos a ver o prazer, que não costuma ser meta em si mesmo. Nossa cultura é defensora do sacrifício, do esforço, da renúncia, muito mais do que a favor do prazer.

Difícil é responder para que uma mulher irá trocar carícias descompromissadas. Segundo aprendemos, prazer não é finalidade que se preze! Mas os homens não fazem sexo só por isso? Há uma pequena, porém importante, diferença no funcionamento da sexualidade masculina: após a ejaculação, os homens sentem um relaxamento e uma sensação de saciedade muito maior do que aquela que as mulheres experimentam depois do orgasmo. Dessa forma, ele poderá se masturbar porque isso será prazeroso. Também o fará porque o relaxamento irá ajudá-lo a dormir melhor, por exemplo. Há uma finalidade além do prazer na sexualidade masculina. No caso das mulheres, teria de ser por puro prazer.

A maioria das mulheres acaba aceitando a proposta da nossa cultura de associar sexo ao amor, pois, assim, há sentido e finalidade: dar prazer e agradar à pessoa amada. A mulher poderá até mesmo obter prazer nas trocas de carícias, mas isso não será o essencial. Trata-se de uma associação muito forte e também muito conveniente, pois o clima amoroso determina uma sensação de segurança e proteção, de modo que a mulher poderá se soltar mais sexualmente sem se sentir ameaçada de perder-se.

O que fazem as mulheres? Na prática, passam a desenvolver um prazer cada vez maior em se exibir e em provocar o desejo dos homens em geral – o que não deixa de ser uma forma totalmente desvinculada do amor –, mas têm intimidades apenas com o amado. Vão aprendendo a usar a sensualidade e poder de sedução como uma arma para impor-se.

Chamo isso de instrumentalização do poder sexual feminino, poder esse que será exercido de formas variadas, de acordo com os princípios morais de cada mulher. Ela poderá usá-lo com o intuito de atrair para si o homem – ou os homens – que desejar, tanto para amá-lo como para explorá-lo. Pode parecer até um bom negócio, mas é muito triste porque na raiz de tudo isso está a incapacidade de viver o sexo apenas como fonte de prazer.


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flavio
Flávio Gikovate é um eterno amigo e colaborador do STUM.
Foi médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
Faleceu em 13 de outubro de 2016, aos 73 anos em SP.

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