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Sexo, Amor, Erotismo e Pornografia - Parte 4

por Flávio Gikovate em Psicologia
Atualizado em 06/06/2008 15:21:30


ARTE, EROTISMO E PORNOGRAFIA

O sexo, assim como a reflexão sobre suas peculiaridades é, como lá dissemos, agradável, e a excitação é gratificante por si. Exercer a imaginação e criar fantasias acerca de todas as possibilidades sexuais é uma das sensações buscadas pelos nossos devaneios, nossos "sonhos enquanto acordados”. Não creio que seja correto pensarmos, como supôs Freud, que a inspiração para as artes se origina sempre desse caminho. Porém, não há a menor dúvida de que esse é um dos ingredientes da produção artística, ao menos no que diz respeito à pintura e à escultura. Os nus de vários pintores em todas as épocas contam entre as mais famosas obras que lotam os museus. O mesmo acontece com as esculturas: são muito comuns os nus, tanto de figuras masculinas como de femininas.

Na poesia e na literatura em geral, assim como na música, as questões do amor ocupam espaços importantes. Amores fracassados, as impossibilidades para sua realização, as traições e abandonos fazem parte integrante dos textos clássicos de todos os povos. Há, de todo modo, o processo da sublimação, em que se criam obras superiores a partir de processos instintivos grosseiros. A arte é isso e mais algumas coisas ligadas à criatividade, cujo processo íntimo ainda não pudemos conhecer.

Quando essa produção de fantasias sexuais sob a for ma de desenhos, fotografias, filmes. livros etc. tem por objetivo provocar diretamente a excitação, dizemos que se trata do exercício do erotismo. O erotismo seria parte do mesmo caminho das artes, só que menos sofisticado, menos sublime. E por isso que a escritora norte-amencana Camille Paglia afirma que o erotismo é uma forma de arte popular. Ou seja, arte para o público em geral, para os que não são capazes de se emocionar ou se excitar com as obras dos grandes pintores, escultores e escritores. É bem verdade também que as pessoas que amam as artes mais sofisticadas não deixam de apreciar as produções eróticas, e de se excitar com elas, que são a materialização de nossas fantasias sexuais e têm um apelo mais geral.
Exercer a imaginação e criar fantasias acerca de todas as possibilidades sexuais é uma das sensações buscadas pelos nossos “sonhos enquanto acordados”

A produção erótica é muito farta nos tempos atuais. Não é raro que um jovem tenha acesso, por exemplo, a filmes eróticos, antes mesmo de ter tido tempo de fantasiar, por si só, todas as questões relativas à sua sexualidade Ele encontra essas fantasias prontas, já filmadas, nesse material a que tem acesso fácil. Nesse caso pode acontecer o contrário, ou seja, as suas fantasias eróticas podem ser influenciadas pelos filmes a que assistiu. O mesmo ocorre com a prática sexual: ela também pode ser influenciada pelos filmes que as pessoas assistem. Não há como negar que, nos tempos atuais, esses filmes eróticos são importantes “mestres” e “guias” para o aprendizado de como deverá o jovem se comportar na "hora H" da intimidade física.

Costuma-se chamar de erotismo à produção de melhor qualidade, em que textos e filmes buscam, além de provocar a excitação sexual, algum tipo de requinte artístico ou intelectual. Chama-se de pornografia a produção totalmente desprovida de outros objetivos que não sejam o de provocar excitação sexual, cujo intuito comercial é indiscutível. Segundo acredito, entretanto, não há uma fronteira delimitada e clara entre as duas coisas, que me parecem uma só. Acho que a palavra “erótico” soa aos nossos ouvidos de maneira mais amena, ao passo que ‘pornografia” soa de maneira mais vil, mais baixa. Porém, é apenas uma questão de conotações que damos às palavras. e que nem sempre têm relação com os fatos.


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flavio
Flávio Gikovate é um eterno amigo e colaborador do STUM.
Foi médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
Faleceu em 13 de outubro de 2016, aos 73 anos em SP.

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