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Síndrome do Pânico: a Carcereira do Homem Moderno

por Sirley Bittú em Psicologia
Atualizado em 10/02/2003 11:36:07


A Síndrome do pânico tornou-se conhecida por seus vários sintomas: palpitações, tonturas, dificuldades para respirar, dores no peito, sensação de formigamento ou fraqueza nas mãos, e quase invariavelmente um medo secundário de morrer, perder o controle ou ficar louco. Geralmente esses sintomas não estão restritos a uma situação específica, o que os torna portanto imprevisíveis. Esta doença de fundo emocional, traz em sua base um medo intenso, desmedido e incontrolável que vai tomando proporções assustadoras.

Quando se sofre de Pânico, cada crise aumenta a ansiedade e o medo da próxima, tornando a doença um ciclo. Como resultado a pessoa passa a evitar tudo o que possa aproximá-la da situação que lhe causa temor de forma cada vez mais ampla e genérica a ponto de qualquer estímulo poder tornar-se uma ameaça.

O ser humano percebe, sente e compreende o mundo e os estímulos que recebe de forma muito particular, em diferente intensidade, variando de acordo com as características físicas e emocionais de cada um. Durante toda a história da humanidade o medo esteve presente, protegendo, quando aprendemos a traduzi-lo em cautela e sensatez e fazendo sofrer ao nos tornar escravos de nossas ilusões e de nossa impotência, limitando-nos e roubando nossa espontaneidade e nossa criatividade. Muitas vezes esse medo é nutrido por um entendimento equivocado sobre os valores pessoais, fruto, entre outras coisas, da falta de conhecimento de nossas potencialidades, preconceitos e baixa auto-estima. Desde nossa infância precisamos aprender a enfrentar nossos medos para termos a possibilidade de viver feliz e em paz.

O medo patológico é um sentimento que se fortalece no desconhecimento, é o resultado da falta de fé em si e no mundo. A fé não é algo que possamos treinar, a fé implica em entrega, não de forma ingênua pois transformaria-se em alienação, mas de forma consciente e íntegra, multiplicando-se em disponibilidade para perceber-se como um ser ao mesmo tempo insignificante e genuinamente especial, singular entre todas as criaturas. Ter fé implica em saber exatamente quem é, com seus próprios limites e contradições. Em nossa mente a fé nasce do espaço intermediário entre a fantasia e a realidade. É vital para o desenvolvimento humano e sua transcendência, pois implica na noção de si e do outro, em respeito, dignidade, generosidade, amor, enfim, implica na noção do todo, fornecendo-nos parâmetros existenciais.

O amor que recebemos de nossos pais, parentes e amigos ou mesmo das pessoas com quem nos relacionamos durante nossa vida, alimenta as reservas de esperança e fé, que possuímos. Quando o ser humano não recebe amor, respeito, compaixão, solidariedade ele torna-se amargo, violento, rude, incrédulo no outro e consequentemente, em si mesmo.

A pessoa que sofre de crises de pânico não é necessariamente a que não recebeu amor, mas é aquela que não tem certeza do amor que recebeu ou não o tem internalizado, tornando-se uma pessoa insegura e frágil emocionalmente, sentindo-se “pobre” em recursos internos para sua autoproteção. Volta-se mais às possibilidades de morte do que às de vida. Não trata-se de uma escolha, a ansiedade e o desespero invadem sua vida cegando-a.

Essa Síndrome tornou-se a carcereira do homem moderno por gradativamente retirar seu direito à liberdade de se relacionar seja com as pessoas, seja com a vida. Como todas as dificuldades ou qualquer tipo de doença, quanto mais rapidamente se inicia um tratamento melhores são os prognósticos. Segundo as pesquisas mais recentes da OMS, os tratamentos indicados como tendo os melhores resultados, são os que associam a medicação à psicoterapia.

Aprender a pedir ajuda é um ato de coragem e de fé, independente de qual seja o tipo de dificuldade. Algumas pessoas desacreditam que possam ser ajudadas, tomando uma atitude de suposta auto-suficiência, evitando dividir suas dores e angústias, o que muitas vezes provoca um agravamento dos sintomas, tornando os tratamentos mais sofridos e doloridos.

Acreditar em si e respeitar-se alimenta e fortalece nossa auto-estima; negar nossas dificuldades ou tentar escondê-las apenas nos enfraquece. Entender que existem dificuldades e limites é ao mesmo tempo, desmistificá-los e aceitar nossa condição humana, num processo dinâmico de desenvolvimento e amadurecimento.



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Sirley Bittú é Psicóloga Especialista Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
Consultório (11) 5083-9533
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