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Somos o que pensamos.

por Luís Vasconcellos em Psicologia
Atualizado em 28/07/2000 15:06:43


Os deuses criam o vivido espelhando a si próprios na realidade.
Em décadas recentes tem ficado claro que as concepções tradicionais - da Psicologia circunscrita ao Ego - a respeito de quem somos, como funcionamos e em que ou no que podemos nos transformar, têm se mostrado cada vez mais insuficientes e limitadas. Uma mudança na própria base epistemológica de nosso pensamento se faz necessária e vem sendo exercida e provada em vida por inúmeros psicólogos que, sedentos por apropriarem-se e aproximarem-se da vida conforme é vivida e dos seres humanos reais em situações naturais fizeram mudanças em seus paradigmas de pensamento, assim como ampliaram seus horizontes existenciais, buscando adequar suas perspectivas e pontos-de-vista às POSSIBILIDADES capacidade humana de se desenvolver e de criar.
O ponto-de-vista, digamos, europeu, tem se mostrado historicamente situado e "bárbaro", no sentido que os antigos romanos davam, ou seja, "parecem não ser capazes de qualquer sentimento". Os antigos modelos e paradigmas não se mostraram "vivos" o suficiente para demonstrar o por quê de sermos homens ou o que significa ser completamente humano na plenitude de nossas possibilidades existenciais. Muito esforço e dedicação de grupos enormes de pensadores da Psicologia veio demonstrar a insuficiência da concepção mecanicista e biológica para a realização da tarefa acima descrita: Os modelos de interpretação do vivido se mostraram ineficientes e insuficientes. É um tremendo desafio tentar chegar às explicações quando somos nós mesmos o objeto de estudo.
Se a teoria não serve para a compreensão dos fenômenos que ela tenta explicar ou deveria representar então... deviamos dizer, dane-se a teoria...
Faz-se necessária uma expansão para além das fronteiras familiares ao ego e para além das dimensões mais convenientes à manutenção do status quo consciente. Nossos modelos explicativos servem para moldar a nossa percepção e nossos pontos-de-vista, tanto quanto para "explicar" o vivido.
O poder avassalador de nossos paradigmas e crenças vem sendo cada vez mais denunciados, sendo que ainda assim os maiores perigos estão ocultos da vista consciente por preconceitos e paradigmas inconscientemente desenvolvidos pelo pensamento coletivo de todas as épocas. Tudo o que percebemos parece comprovar que nossos paradigmas e crenças estão adequados e corretos, quando de fato hoje já sabemos que os modelos de interpretação e os paradigmas são autovalidadores, ou seja, INCONSCIENTEMENTE PERCEBEMOS E INTERPRETAMOS O VIVIDO DE ACORDO COM NOSSOS PARADIGMAS E CRENÇAS.
É como se ao homem fosse dada a enorme responsabilidade de - por assim dizer - criar o mundo em que vive, autovalidando sua experiência a partir da constante repetição e aplicação dos seus paradigmas e crenças mais diletas. Isto se dá no plano individual tanto quanto, ou muito mais, no coletivo.
O paradigma de que há objetividade na ciência e que esta é independente de uma filosofia é hoje motivo de riso em qualquer consciência medianamente desenvolvida.
Todas as teorias (visões) e concepções a respeito de nós mesmos - incluindo os da Psicologia - constituem modelos explícitos ( e, geralmente combinados com outros, apenas implícitos ) a respeito da natureza humana e de suas possibilidades existenciais. A partir de assimilarmos um determinado ponto-de-vista passamos a perceber tudo e todos de acordo com ele, enfatizando, a partir deste fato, alguns elementos do mundo possível de ser percebido ( a que damos validade ) e ignorando ou reprimindo a percepção de outros componentes da mesma experiência ( aos quais negamos validade ).
Se assim acontece no âmbito individual ainda mais isto se verifica no âmbito coletivo, criando algo que poderíamos denominar de "pensamento historicamente condicionado". Este é constituído não apenas por um determinado e vencedor ponto-de-vista mas por um amálgama de crenças e de paradigmas alinhados e estruturados de acordo com sua semelhança e compatibilidade.
Na Psicologia Analítica a descrição do processo formativo de um complexo psíquico, autônomo à consciência de vigília, corresponde exatamente ao modo como se estruturam os nossos paradigmas ( estruturas de crenças ) a respeito de nós mesmos e da existência humana como um todo. A partir da sua constituição e formação os "corpos de crenças" agem como um filtro que seleciona e matiza todo o percebido e todo o vivido; indo muito além, em sua função, da mera censura e repressão.
Concepções e modelos explicativos com base na física tradicional vêm sendo progressivamente abandonados pela física moderna por sua insuficiência em propiciar entendimento e compreensão dos fenômenos observados nos campos vibracional e energético da matéria. As concepções newtonianas continuam a se aplicar sobre o universo "grosso", mas não se aplicam ao universo "sutil" dos átomos. Se temos um corpo energético ou sutil, podemos aplicar nossas conclusões a respeito do vivido sobre o seu peculiar funcionamento ? Que dizer então de nossas concepções de nós mesmos, baseadas e ancoradas apenas no mundo observável ?
Necessitamos de uma "revolução" ( revisão de paradigmas ) equivalente à da Física a partir da teoria da Relatividade e da teoria dos Quanta. Nosso ponto-de-vista sobre nós mesmos e sobre nossas possibilidades existenciais precisa ser relativizado e passar a explicar menos e a compreender mais a dinâmica real da existência.



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luis
Luís Vasconcellos é Psicólogo e atende
em seu consultório em São Paulo.



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