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Alice no País das Maravilhas Celestes

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Foi em 1997. Minha vida estava muito conturbada, uma convivência difícil; estava muito atarefada e estressada. Parece que a vida me levava e eu me deixava conduzir como se alguém confiável me carregasse...
A filhinha de 2 anos dos moradores do sítio de meu pai, Alice, havia sido internada num hospital, com suspeita de câncer linfático. A mãe estava exausta, há três dias sem descanso, não tinha ninguém para substitui-la. Minha mãe me pediu, então, para ficar no hospital aquela noite pois meu pai estava doente e ela tinha que cuidar dele; ficaria com minhas crianças também.
Cheguei lá e senti logo o impacto do ambiente. Estava numa ala isolada onde ficavam as crianças em estado mais grave. No quarto, estavam além de Alice, mais três crianças cada uma com estória mais arrepiante. As mães com olhar vago, mas firmes que nem soldados em combate, atentas a qualquer movimento de seus filhos como se cada segundo de suas respirações fossem ouro em pó.
Só podiam ficar mulheres, tínhamos de vestir roupas esterilizadas e as crianças eram trocadas de vez em quando pela própria situação, pois com os medicamentos fortes eliminavam a cada instante todo tipo de secreção. Havia um cestão onde aquelas roupas e lençóis eram jogados. Éramos todos iguais!
Ao lado de Alice, havia uma garotinha Joaninha, 6 anos, cega, mais pra lá do que pra cá. Ainda sorria. A noite toda enfiavam agulha aqui e ali para injetar-lhe mais remédios. As outras crianças em situação não muito diferente. Comecei a me questionar o que estava fazendo ali vendo toda aquela situação tão injusta. Onde estava Deus que permitia tudo aquilo a seres tão indefesos!
Foi quando vi na parede uma folha de caderno amarelecida pelo tempo com uma mensagem escrita por uma mão feminina assinada com o meu nome...como se eu mesma estivesse escrito há algum tempo e estava ali para relembrar!

Dizia:
"Marchai, marchai, pelos caminhos da prece e ouvireis a voz dos Anjos! Que harmonia! Não são mais os ruídos confusos e as vozes gritantes da terra: são as liras dos Arcanjos, as vozes doces e meigas dos Serafins, mais leves que as brisas da manhã, quando brincam nas ramagens dos vossos arvoredos. Com que alegria então marchais! Vossa linguagem terrena não poderá exprimir jamais essa ventura, que vos impregna por todos os poros, tão viva e refrescante é a fonte em que bebemos através da prece! Doces vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança, pela prece, a essas esferas desconhecidas e habitadas"!

Foi como um bálsamo para mim. De repente minha visão se ampliou e eu fiquei leve e luminosa. Aquele lugar me parecia agora uma escola especial e vi então que aquelas crianças eram anjos em missão de amor!
(Alice recebeu alta dois dias depois, estava somente anêmica).

Sandra Torres

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