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O Amor e a ilusão do Amor

O Amor e a ilusão do Amor
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O amor, que bicho é esse? Já defendi várias vezes a idéia de que pode-se amar uma, três, cinco pessoas durante uma vida. Acredito na força mobilizadora deste sentimento, reconheço a necessidade de amar e ser amado, dou fé de sua existência. Mas há uma verdade universal que me encasqueta: "para esquecer um amor, só outro amor". Estranho isso. Para esquecer um amor, é preciso outro. Outro interesse. Uma mudança de perspectiva, nova escalação, sai Romualdo, entra Dagoberto.

Você amava muito o Romualdo (ou a Romualda). Era um sentimento intenso, visceral, daqueles que você assinaria embaixo testemunhando sua eternidade. Mas por algum motivo que foge à sua compreensão, o Romualdo foi atrás de um emprego em Moçambique e deixou você a ver navios. Durante meses você fica pensando no Romualdo, lembrando do Romulado, até que surge o Dagoberto. Com aquela fala mansa, aquele jeitinho de quem não quer nada, o Dagoberto vai se tornando imprescindível na sua vida. De repente, você nem sabe mais onde fica Moçambique e de que Romulado estão falando.

Isso dá a entender que se Dagoberto não tivesse entrado na sua vida, você estaria até hoje pensando em Romualdo. Você ainda estaria fantasiando a volta de Romualdo. Você estaria dizendo para suas amigas que Romualdo é o homem da sua vida. Você ainda estaria amando Romulado e assim seria até o final dos seus dias, caso Dagoberto não viesse solicitar a transferência do passe.

Por isso é que eu penso que você só pode ter certeza de que amou alguém se esse amor se extinguiu naturalmente. Ou se não se extinguiu. O resto é ilusão de amor, uma paixonite. Parece amor, veste-se como o amor, apresenta-se como tal: "muito prazer, Amor". Mas não é. É apenas a sua necessidade de amar buscando uma personificação. Alguém em quem você possa encarnar todo o amor que tem pra dar. Você ama o sentimento amor, não ama o objeto do amor. Amor não é reencarnável. O verdadeiro amor nasce do nada e morre sozinho, não pode ser transferido. Esquecer Romualdo através do Dagoberto é apenas um golpe de estado.

Martha Medeiros, escritora e jornalista gaúcha


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