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PASTORAL

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Tu me encantaste
e eu me esqueci
que eras um sensual fauno silvestre.
Teus únicos desejos: cabriolar
nos montes, deitar nos bosques
com ninfas inocentes, embriagar-se
em deliciosos vinhos e seduzir as jovens
náiades das fontes e nascentes.
Eu te ofereci a vida
tecida com simplicidade
ao sol das manhãs.
Bordada de contas de vodro
em fios de teias de aranha orvalhadas.
Desenhei delicados florais
no tapete verde das campinas
só para te ver contente.
Por não te querer triste e te fazer feliz,
colori com um arco-íris de bonitas fitas,
teu céu gris.
Te surpreendi, cada dia,
com novo albor e singular poente.
Inebriado e aceso
nas voluptuosas carícias
das deusas que atraías,
a ti, pouco importava se eu sofria.
Valor nenhum tinha
o que eu te oferecia. Mas...
Quebrou-se, enfim, teu encanto,
fauno inconseqüente,
quando o amor de um homem
conheci, um dia.

Claudette Grazziotin

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