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UM RAIO DE LUCIDEZ

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Hoje ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver à altura do meu mister, e, por isso, de desprezar a ideia do reclame, e plebeia sociabilização de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Gênio e na divina consciência da minha Missão.
Hoje só me quero tal qual meu caráter nato quer que eu seja; e meu Gênio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser.

Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou.

Nada de desafios à plebe, nada de girândolas para o riso ou a raiva dos inferiores. A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste.

O último rasto de influência dos outros no meu caráter cessou com isto. Reconheci - ao sentir que podia e ia dominar o desejo intenso e infantil de "lançar o Interseccionismo" - a tranqüila posse de mim.

Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci.

Fernando Pessoa, 21.11.1914

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