O Chamado à Autolibertação



Autor Paulo Tavarez
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 8/3/2025 8:19:38 PM
Não há, em essência, nada de errado com os governos. O verdadeiro problema reside em nós - em nossa necessidade constante de sermos governados. Clamamos por líderes, por ordens, por estruturas que regulem a vida exterior porque ainda não aprendemos a governar nosso mundo interior. A carência de autogestão emocional e existencial nos empurra para estruturas de controle externas. Governos não nascem do acaso: nascem da nossa imaturidade coletiva.
Também não há erro intrínseco na justiça institucional. O problema está em nossa incompreensão profunda sobre a dinâmica da vida. Sentimo-nos injustiçados por não vermos o sentido oculto das experiências que atravessamos. Criamos tribunais porque ainda não despertamos a consciência que compreende a lei maior - aquela que rege as causas e consequências de cada escolha, de cada pensamento, de cada atitude.
Tampouco as religiões são um mal em si mesmas. Elas surgem para acolher os que, como nós, vivem afastados de sua essência, temerosos diante da morte, do vazio e do sofrimento. A religião oferece a promessa de salvação e conforto justamente porque ainda somos incapazes de encarar de frente as dores da alma e os mistérios do existir sem muletas espirituais.
A ignorância é o grande cárcere da humanidade. Como afirmou Sócrates, "o verdadeiro mal não é a ignorância, mas a ilusão do conhecimento." Iludimo-nos pensando que sabemos, enquanto seguimos presos às nossas próprias construções mentais. Jesus de Nazaré, o Mestre, disse que somente o conhecimento da verdade nos libertaria. E essa verdade não está nos livros, nos dogmas, nos discursos. Está em um mergulho profundo no ser.
É a ignorância que dá à luz todos os medos. E os medos criam as ilusões: as regras, os padrões, os condicionamentos que nos mantêm aprisionados num mundo que chamamos de real, mas que é apenas uma sombra da realidade maior. Vivemos dentro de grades mentais.
Pobre é o homem que acredita ser livre. Goethe foi direto ao coração da questão: "Ninguém é mais escravo do que aquele que falsamente acredita ser livre." Vivemos no engano de que temos escolha, de que somos donos de nossas vidas - quando na verdade repetimos padrões herdados, hábitos inconscientes e ideias implantadas.
A verdadeira liberdade não está neste mundo tridimensional, onde tudo é condicionado pela matéria, pelo tempo, pelo medo e pela sobrevivência. A verdadeira liberdade só poderá ser experimentada quando nos despirmos de todos os conceitos, julgamentos, programações e máscaras que acumulamos ao longo da vida - e nos reencontrarmos com o ser real que fomos antes de sermos moldados.
Pilatos, diante de Jesus, perguntou: "O que é a verdade?" Jesus ficou em silêncio. Porque a verdade não pode ser definida. Assim como é impossível descrever a cor amarela para quem nunca enxergou, também não se pode ensinar a liberdade com palavras. As palavras pertencem ao domínio da mente simbólica, e a liberdade transcende a mente.
Naquele instante, Jesus não respondeu - mas revelou com seu silêncio que a verdade é um estado de ser, e não uma ideia. Pilatos, como todos nós, era apenas um personagem: uma identidade formada por crenças, dogmas, medos e necessidades. Nada mais do que isso. Como nós, ele representava a humanidade imersa na inconsciência.
Nosso planeta, por mais que avance tecnologicamente, ainda vive num estágio espiritual e moral muito primitivo. A maioria de nós vive na servidão: presos a expectativas, rotinas, aparências, normas sociais. Somos levados mais pelo desejo de agradar e de sermos aceitos do que pelo impulso autêntico da alma.
Esperamos que o mundo mude. Mas o mundo não mudará sem que mudemos primeiro. E essa transformação exige de nós coragem para desconstruir tudo o que nos trouxe até aqui. Exige enfrentarmos o desconforto de deixar para trás as certezas, os vícios de pensamento, as zonas de conforto.
Nosso maior obstáculo será sempre interno. Somos, por natureza, conservadores. Resistimos à mudança porque mudar é morrer um pouco - morrer para o que já fomos, para quem acreditamos ser. E essa morte do ego, embora necessária, é dolorosa.
Contudo, enquanto resistimos, a vida nos empurra. E onde há resistência, há dor. A evolução é inevitável. A dor só é um sinal de que estamos indo contra a corrente natural do fluxo do universo. Como ensinou Buda: "Mudar não dói. O que dói é resistir à mudança."
Portanto, não se trata de culpar o mundo, os líderes, as leis ou os deuses. Trata-se de reconhecer que tudo o que vemos lá fora é apenas um reflexo do que somos por dentro. A transformação verdadeira não se dá por revoluções externas, mas por despertares silenciosos e íntimos. A liberdade não está do lado de fora. Está no abandono de tudo aquilo que nos separa de nós mesmos.
Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Almas Gêmeas clicando aqui. |





Deixe seus comentários: