A Alma em Conflito: Como Reprimir o Passado Adoece o Presente
Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/13/2025 12:02:35 PM
Há diversas maneiras de evitar o incômodo provocado pelas lembranças de eventos desagradáveis. Afinal, ninguém deseja reviver a dor de uma traição sofrida, de uma demissão inesperada que abalou a autoestima, dos maus-tratos na infância, da humilhação diante de amigos, do fim abrupto de um relacionamento amoroso - e assim por diante.
Os infortúnios da existência, de modo geral, são prontamente repelidos pela mente. Isso ocorre porque a mente foi projetada para buscar o prazer. Dessa forma, ela tende a negar o desconforto e a projetar idealizações constantes, criando ambientes internos que nos entorpecem ou que nos proporcionam alguma forma de bem-estar. Viver imerso na realidade mental é, nesse sentido, fugir de si mesmo: construímos psicosferas - ou seja, campos vibracionais formados por nossos pensamentos, emoções e estados internos - que oferecem o conforto necessário à sobrevivência psíquica, mas que também nos afastam da verdade interior. Negamos o que nos incomoda e mergulhamos numa espécie de realidade virtual.
Infelizmente, não percebemos que estamos psicossomatizando - ou seja, empurrando o "lixo" emocional para debaixo do tapete da alma. É como esconder algo podre numa mochila e usar perfume para disfarçar o cheiro. A dura verdade, por mais desconfortável que seja, é que todos somos covardes - não por escolha consciente, mas talvez por falta de recursos emocionais. Assim, o "mau cheiro" permanece, infectando nosso organismo psicofísico - uma expressão que indica a integração inseparável entre mente e corpo, mostrando que todo desequilíbrio emocional tende a se refletir no corpo físico. Aquilo que pensávamos ter descartado, na verdade, continua dentro de nós, como um fardo a ser carregado.
A ação desses conteúdos reprimidos é devastadora: inicialmente surgem os conflitos internos, gerando distúrbios emocionais e afetivos; em seguida, surgem as doenças físicas, pois o corpo é o canal natural por onde esse substrato psíquico indesejado se manifesta. Além disso, nosso relacionamento com o mundo também é profundamente influenciado por esses condicionamentos. Eles se aliam aos nossos medos e acabam por moldar comportamentos, vícios e distorções em nosso caráter, impedindo-nos de viver em harmonia com a própria Natureza.
O Universo, no entanto, constantemente nos conduz ao campo de batalhas, pois deseja ver-nos de pé diante dos inimigos internos. Jamais nos desampara - sempre oferece as ferramentas necessárias. Por isso, há tantos desafios em nosso caminho: eles são a chave para a consciência das nossas vulnerabilidades e, sobretudo, para o desenvolvimento dos recursos adormecidos dentro de nós. Este é, afinal, o verdadeiro propósito da existência: o autodesenvolvimento.
Haverá sempre pessoas difíceis de lidar, obstáculos a vencer, dores a transmutar. Contudo, existem forças latentes no interior de cada ser humano - embora adormecidas ou subdesenvolvidas - que se revelam como valiosas aliadas no enfrentamento da vida. São armas internas que nos elevam a outros níveis de consciência.
A humildade, a confiança, a alegria, a coragem, a perseverança, a serenidade, a renúncia - entre outras - são virtudes inerentes à alma humana. Quando ativadas, tornam o ser humano praticamente indestrutível. Ninguém consegue humilhar um coração genuinamente humilde. Nada consegue derrubar alguém verdadeiramente perseverante. Nenhuma preocupação é capaz de abalar uma mente serena.
Carl Gustav Jung já nos advertia sobre isso ao afirmar: "Tudo aquilo que você resiste, persiste." Ele conhecia profundamente a dinâmica da mente, entendia os mecanismos de fuga e, principalmente, reconhecia a resistência natural do ser humano ao enfrentamento interior. Por isso, foi direto e inquestionável.
Buscar um paraíso terrestre ou desejar conviver apenas com pessoas agradáveis, que se encaixam na nossa zona de conforto, é um erro. O Nazareno já havia nos alertado:
"Que mérito vocês terão se amarem os que os amam? Até os pecadores amam os que os amam. E que mérito terão se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os pecadores agem assim. E que mérito terão se emprestarem a pessoas de quem esperam devolução? Até os pecadores emprestam a pecadores, esperando receber de volta o mesmo valor."Pois é, amigos. Raramente seguimos esse ensinamento. Ao contrário, preferimos uma cartilha baseada no medo, guiada por instintos primitivos. Tornamo-nos escravos da mente, buscando felicidade em prazeres anestesiantes - e, ainda assim, nos vangloriamos disso.
Para alcançar a iluminação e viver em sintonia com a Realidade Espiritual - que é a dimensão essencial e permanente da existência, onde a consciência se reconhece como algo além da mente e do ego - será necessário ajustar e transcender a realidade mental. Esse caminho envolve enfrentamento: tudo o que foi negado ou reprimido precisa ser trazido à luz, encarado e ressignificado. Cada um estará diante da própria saga. E, como nos grandes mitos, enfrentará magos, dragões, medusas e minotauros - inimigos que nada mais são do que representações simbólicas da própria sombra.
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsupp (só para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
