A Ilusão do Sofrimento: Reconhecendo a Verdade por Trás dos Samskaras
Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 7/24/2025 6:26:58 AM
Compreender profundamente o que são os samskaras pode ser um caminho de libertação.
No contexto do hinduísmo, os samskaras são compreendidos como impressões mentais, registros sutis deixados por eventos marcantes que permanecem impregnados de cargas emocionais. Esses registros formam um campo de memória psíquica que continua a dialogar com as nossas experiências atuais - influenciando-as, distorcendo-as, às vezes até dominando-as.
Cada acontecimento carregado de medo, raiva, culpa, vergonha ou ressentimento deixa um vestígio. E esses vestígios não são apenas lembranças: são entidades psíquicas, compostas por conteúdos emocionais e personagens internos que continuam vivos dentro de nós. Assim, carregamos um verdadeiro condomínio de falsos eus, figuras internas que emergem em ressonância com situações do presente.
Esses fragmentos de memória emocional moldam nossa percepção, interferem em nossas escolhas, condicionam nossas atitudes - e, por isso, podemos chamá-los de karma. Quando nos identificamos com um desses fragmentos, o "personagem" daquele evento assume o comando da nossa consciência, revivendo as emoções associadas. É nesse instante que o sofrimento se instala.
Como afirmou o mestre indiano Sri Nisargadatta Maharaj:
"Você está sofrendo porque acredita ser aquilo que não é."
O que ainda não compreendemos - ou não integramos verdadeiramente - é que esses personagens não existem como entidades reais. São sombras do passado, ecos vazios de um teatro mental. E, no entanto, reagimos a eles como se fossem reais. Agimos como crianças assustadas com monstros imaginários escondidos sob a cama.
"A mente é uma excelente serva, mas uma péssima senhora." - disse Carl Jung.
Somos escravizados pelas criações mentais porque nos identificamos com elas. Mas o sofrimento, tal como os samskaras, é uma construção ilusória. E, como toda ilusão, pode ser desfeita pela consciência.
Compartilhamos aqui uma prática simples, mas profundamente transformadora - uma técnica que aplicamos em nossa própria jornada e que tem nos conduzido a estados de paz e clareza:
Sempre que nos sentirmos angustiados, recolhamo-nos a um espaço de silêncio. Pode ser um quarto, um templo interior ou apenas o ato de fechar os olhos por alguns instantes. Ali, em quietude, observemos a origem do desconforto sem julgamento. Veremos que aquilo que parecia ser "nós" é, na verdade, um conteúdo separado, algo que aparece na tela da consciência, mas que não é a própria consciência.
Nesse momento, afirmemos com firmeza e serenidade:
"Não há ninguém aí... e não há ninguém aqui para ser afetado."
Essa simples constatação dissolve a ilusão. O conteúdo emocional perde força porque se desvela como aquilo que é: apenas um registro, não uma identidade.
A causa do sofrimento está em nossa identificação com esses conteúdos. Nós nos confundimos com eles. Acreditamos ser o trauma, a dor, a memória. Mas o que está preso na estrutura do samskara é apenas um eco - uma gravação. Quando deixamos de projetar realidade sobre essas memórias, elas perdem o poder de nos ferir.
Como disse o filósofo grego Epicteto:
"Não são os fatos que nos perturbam, mas a forma como os interpretamos."
A realização - no mais puro sentido - é isso: enxergar o real. Realização é desvelar o que é, e abandonar o jogo ilusório da mente. Só assim saímos da prisão dos samskaras e passamos a habitar o presente com autenticidade, leveza e inteireza.
Que possamos caminhar juntos nessa direção - rumo ao silêncio que cura, à clareza que liberta e à consciência que simplesmente é.
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Autor Paulo Tavarez Conhe�a meu artigos: Terapeuta Hol�stico, Palestrante, Psicap�metra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (s� para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
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