A lapidação do Ser

A lapidação do Ser
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Autor Paulo Tavarez

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 6/2/2025 7:52:15 AM


Eu costumo pensar no diamante. Mesmo quando está escondido no ventre da Terra, sob a pressão e o peso do mundo, ou até coberto pela lama de um pântano, ele não deixa de ser um diamante. Sua natureza permanece intacta. O que muda é apenas a aparência, a forma, o estado momentâneo.

A ação do homem - o lapidar - faz com que o brilho se revele. Mas é preciso compreender: o diamante nunca deixou de ser diamante, nem mesmo antes da lapidação.

Trago isso como uma metáfora, sim. Porque, muitas vezes, eu também me percebo como alguém perdido, desconectado, acreditando que não tenho valor, que sou falho, pequeno, insuficiente. Isso porque, em muitos momentos, me deixo tomar por emoções densas, medos, culpas, vaidades, ilusões.

Mas hoje entendo: isso não altera quem eu sou em essência. Minha centelha continua ali, intacta, indestrutível. O espírito não adoece. Ele sempre esteve pronto. O que se cansa, o que fraqueja, é a personalidade transitória, esse corpo, essa mente condicionada.

Ainda assim, seria ingênuo de minha parte negar que a existência material tem seus desafios próprios. O mundo é, sim, um campo de experiências, de fricções, de encontros e desencontros. E aqui não se trata de desprezar a matéria, o corpo ou as emoções, mas de compreender que tudo faz parte desse grande processo de lapidação.

Tudo o que vibra, tudo o que pulsa - pedra, planta, animal ou humano - está, de algum modo, inserido nas leis do aperfeiçoamento, do crescimento, da expansão. Mas a Natureza, essa grande mestra, não tem pressa. Ela não dá saltos. Tudo nela é processo, ritmo, ciclos. E nós, filhos do carbono, do amoníaco, da poeira das estrelas e do espírito, fazemos parte desse jogo cósmico.

Diante disso, percebo que tenho, basicamente, duas escolhas: posso resistir. Posso me revoltar, espernear, criar um mundo mental, uma Matrix particular, onde finjo controlar tudo, onde fantasio uma realidade mais confortável, mas falsa. E, inevitavelmente, isso me leva ao sofrimento.

Ou posso escolher a aceitação. E atenção: aceitar não é o mesmo que se acomodar ou se resignar. Aceitar não é se calar diante das injustiças ou cruzar os braços frente à dor do outro. Aceitar é reconhecer que a vida é o que é - e que a minha atuação no mundo precisa partir desse reconhecimento, não da negação.

Ao invés de lutar contra o que não posso mudar, eu aprendo a dançar com a vida, a acolher as experiências como mestras, as quedas como aprendizado e os encontros como oportunidade de crescimento. E aqui não há mágica, nem fórmula pronta. Há trabalho. Há vigilância.

Percebo que, para que minha alma brilhe - não como ego inflado, mas como expressão autêntica do meu ser -, são necessárias virtudes. Humildade para reconhecer meus limites. Coragem para seguir, mesmo quando não entendo. Serenidade para não me perder no barulho do mundo. Confiança para caminhar, mesmo sem mapa. Alegria, perseverança e, sim, uma dose de renúncia - mas não uma renúncia amarga, e sim aquela que abre espaço para o que é essencial.

E compreendo também que, quando rejeito minha própria realidade, quando fujo daquilo que sou, construo máscaras. Crio um ego artificial, um personagem que tenta, a todo custo, atender os desejos, as carências, os medos. E então me pego fugindo da lapidação necessária, buscando atalhos que, no fundo, me empurram de volta para o escuro, para o útero da terra, para dentro de mim mesmo, onde, mais cedo ou mais tarde, serei convidado novamente a olhar, a acolher, a transformar.

E é curioso perceber que, enquanto fujo da realidade, estou, na verdade, fugindo de realizar. Porque realizar nada mais é do que tornar real. E como posso querer me realizar, se vivo fugindo do real?

A grande pergunta que, vez ou outra, ecoa em meu coração é: quanto sofrimento ainda será necessário para que eu acorde? Para que eu retorne à minha própria essência? Para que eu pare de resistir e comece, enfim, a participar conscientemente desse processo de ser, de crescer, de viver?

Sei que não há respostas simples. O caminho não é linear. Mas sigo. E, enquanto caminho, percebo que essa lapidação não é castigo - é convite. É a própria vida me chamando de volta para casa.


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