A magia da palavra não
Atualizado dia 5/18/2007 12:53:12 PM em Autoconhecimentopor Bernardino Nilton Nascimento
Quando éramos crianças, a palavra “não”, com certeza, foi uma das que mais ouvimos. Foi com um “não” que conseguimos andar mais rápido. Descobrimos que o “não” representava a teimosia de conseguir os nossos primeiros objetivos de criança. O “não” nos fez mais criativos na infância e agora, adultos, deixamos de fazer várias coisas com medo de escutá-lo.
O “não” pode tornar-se a palavra que precisávamos para descobrir nossa coragem e partirmos rumo aos nossos sonhos.
Desistir no primeiro “não”, ou no segundo, é pouco. Às vezes temos que ir um pouco mais longe. As pessoas que desistem sentem o “não” como uma palavra de medo, apavorante, talvez por que, de tanto ser ouvido, ficou gravada no subconsciente como negativa e não como uma palavra de impulso, de coragem, de teimosia, como acontecia na infância.
Uma regressão poderá ajudá-lo a eliminar esse trauma que veio lá de trás. Como seu subconsciente está trabalhando no passado, o trauma do “não” pode deixá-lo com medo, pode causar depressão, timidez, tristeza e outras coisas mais que só você poderá identificar para procurar ajuda. Nos últimos anos os Florais de Bach têm dado muito bons resultados, mas devemos procurar um profissional. A prática da meditação também pode ser um bom caminho.Você, iclusive, pode tratar de si mesmo, mas isso requer muita força de vontade nessa luta interna para superar os seus traumas.
Então, devemos transformar a palavra “não” em uma palavra que abra a sua mente para a criatividade e persistência na busca dos seus objetivos. Se você procurar o autoconhecimento conseguirá transformar o “não” em uma palavra mágica que poderá mudar sua vida.
O reino do céu é das crianças. Elas brincam, são criativas, não têm medo, não pensam no ontem e nem no amanhã, vivem o agora, o momento presente e são extremamente persistentes. Elas só deixam essas qualidades quando ameaçadas. É aí o momento em que acontecem os traumas, que podem brotar a qualquer momento, ou melhor, em qualquer idade. Então, fique atento procurando conhecer melhor a si mesmo.
Uma vez, o comprador da empresa em que eu trabalhei foi embora. O gerente da obra me chamou e disse para eu ficar no lugar dele até contratar outro. Resisti dizendo que não entendia nada de compras. Então, ele me disse: “Você é honesto. Deve procurar comprar os materiais nos lugares mais baratos ou nos que atendem a obra dentro do prazo necessário para cumprir as metas estabelecidas”.
Nos primeiros dias ele estava sempre do meu lado. Depois foi se afastando, dizendo que não tinha tempo, e eu fui ficando como comprador e técnico de montagem da parte da obra que me ficou destinada. Mas eu tinha que efetuar as compras para toda a obra. Lembro-me que eu recebia muitas visitas de vendedores, mas um me chamou a atenção pela insistência. Ele fazia duas visitas por semana e eu, sempre dizendo “não”. Mas o “não” para ele parecia uma luta pessoal que ele travava comigo. Sempre dei valor à educação e ao respeito ao próximo, e com a maior gentileza o atendia. No final das visitas sempre dizia que não podia comprar dele, pois eu achava que ele não ia me atender no prazo
Num certo dia fui vencido pelo cansaço e o convidei para uma concorrência. Para minha surpresa ele veio com o preço mais baixo. Não tive como escapar e dei a compra a ele. Porém, dentro de mim algo dizia que ele ia perder no prazo de entrega. Ele sumiu durante uma semana. Preocupado com essa compra, fui até a loja dele. O pior ainda estava para acontecer. Esperando encontrar uma loja grande, passei por uma galeria várias vezes, até que depois de algumas perguntas um homem me informou onde era a loja. Ficava no final da galeria com uma porta pequena, e lá dentro, prateleiras cheias de caixas vazias. Ele me recebeu muito bem, cheio de gentilezas, porém assustado e com um sorriso meio que sem graça. Convidou-me para sentar, e um outro funcionário tratou de trazer água e café. E foi logo falando: “Seu material está para chegar, mas devo atrasar um dia na entrega, porque a transportadora deixou de pegar o material na fábrica no dia marcado.” Eu respondi: “Tudo bem, mas, aqui é sua loja?” “É! Estou começando, mas já estou vendo um outro ponto.”
Ele conseguiu me entregar o material conforme combinado. Voltou a fazer outras visitas e ganhou várias concorrências. Passado um ano e meio de obra, falei com o gerente que não mais queria ficar como comprador, pois com o adiantado da obra ficava cada dia mais difícil executar a minha tarefa de técnico. Ele insistiu, porém, eu estava decidido. Nesse período de transição, fui convidado a visitar a nova loja do vendedor que mais levou “não”, num novo endereço. Fui até lá e vi uma das mais completas lojas de materiais elétricos. Perguntei como tinha conseguido em tão pouco tempo obter uma loja recheada de materiais. Ele respondeu que não foi tão rápido. Foram alguns anos levando “não” que depois viraram “sim”. Havia dias que recebia o “não” em todos os lugares que visitava. No dia seguinte eu acreditava no "sim" com toda fé e esperança. Um “não” pode virar vários “sim”. Assim foi com você, levei muitos “não” até chegar onde cheguei.”
Como podemos ver nesta história verídica, o “não” foi o grande incentivo e se tornou sempre um desafio a ser superado. Então, não tenha medo de levar um “não”. Afinal, só vai saber se sua idéia ou seu pedido foi negativo ou positivo depois de tentar. Mas lembre-se que você não pode desistir facilmente diante de uma negativa. Se o que está fazendo é honesto, vá à luta e persista. Modifique, crie, mas volte quantas vezes forem necessárias, até estar bem clara dentro de você a hora de mudar seu objetivo.
Que seja um não, para reciclar a minha vida; que seja um não, para trazer evolução; que seja um não, que faça eu me restaurar; que seja um não, para saber o que é verdadeiramente importante; que seja um não, para revelar a minha própria sabedoria; que seja um não, para eliminar meus apegos; que seja um não, para ampliar minha visão; que seja um não, para abrir meu coração; que seja um não, para me trazer a confiança; que seja um não, para me mostrar outras oportunidades; que seja um não, para me mostrar a luz; que seja um não, para recuperar a minha fé; que seja um não, o ponto da minha transformação; que seja um não, para tirar minha ilusão de permanência; que seja um não, o meu desafio; que seja um não, para eu ser humilde; que seja um não, para trilhar rumo à alegria de viver materialmente, profissionalmente e espiritualmente.
BNN
Texto revisado
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