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A Menina ( primeira parte)

Atualizado dia 11/21/2006 12:17:32 AM em Autoconhecimento
por Fernanda Petter


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A Menina sentia demais. Ela sabia, sabia muito, sobre todas as coisas que sentia. Claro que não fora sempre assim. No começo, quando era muito menina, ela sentia, mas não sabia de nada. Percebia as tensões que estavam no ar, enxergava a falsidade no olhar e assustava-se com a falta de delicadeza. Sofria por isso, mas não sabia que era por causa disso. Era taxada de tímida, de estranha, calada. E a menina sofria sozinha, rejeitada por outras crianças de sua idade.

Quando cresceu um pouquinho, ficou mais bonita, chamava a atenção das pessoas porque era bonita. Ninguém via mais nada, só seu rosto doce. A menina sentia-se confusa, como um zumbi que circula em um corpo sem vida. Mal sabia ela, quanta vida ela possuía.

Certa vez, na casa de sua tia, a menina percebeu uma atmosfera estranha, havia um chamado de morte no ar. Começou a sentir náuseas, calafrios, pediu para deitar dizendo que estava passando mal. Não contou a ninguém sua sensação e como já era tida como estranha, ninguém estranhou seu pedido. Deitada na cama tentou dormir; não dominava as sensações naquela época, eram as sensações que a dominavam. Nos poucos minutos que conseguiu dormir sonhou que uma mulher, usando um belo vestido azul claro, veio falar com ela. A mulher pediu que ela se preparasse, pois já era hora de seu tio partir. A menina acordou assustada, o mal estar havia passado e ela podia sentir uma grande paz. Nesse momento, sua irmã entrou no quarto desesperada, para avisar-lhe que seu tio havia tido um infarto fulminante e estavam tentando reanimá-lo. A menina disse à irmã que não ia adiantar nada tentar trazê-lo de volta. A irmã assustada perguntou como ela poderia saber; a menina confiou em sua irmã e contou tudo, desde o mal estar até o sonho e confortou a outra menina deixando claro que seu tio estava bem.

A partir desse episódio, com o apoio de sua irmã, a menina começou a acreditar mais em suas sensações e sonhos e com a ajuda de mestres espirituais foi convidada a compartilhar alguns segredos com o mundo. No começo seus pais acharam que ela havia enlouquecido, pois ela começou a atender pessoas do bairro, abrindo sua casa e expondo um pouco de sua vida e do seu dom. Mas, com o tempo foram se acostumando a ver a frente da casa com algumas pessoas sentadas esperando sua vez de falar com “A Menina”. Ela sabia exatamente o que fazer, era responsável com suas palavras, não aceitava pedidos de gente que se apegava demais: como a mulher que queria engravidar para “segurar “o marido, ou o homem que queria ganhar dinheiro para sentir-se valorizado. A Menina, sempre visava o supremo, o amor sincero entre duas pessoas ou a prosperidade de uma maneira mais ampla. Era orientada a seguir suas sensações e muitas vezes recusava-se a atender quem ela percebia que não teria o devido respeito por suas palavras.

Um belo dia, quando A Menina começava a ganhar fama na cidade, ela decidiu parar. Ouvindo seus mestres espirituais, recebeu a orientação de que era hora de partir e que aquilo que viveu fora uma pequena parte do que estava guardado para ela. Assim sendo, mandou avisar as pessoas que a partir daquela data não atenderia mais ninguém.

Texto revisado por Cris

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