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A Resposta

Atualizado dia 1/14/2008 6:02:24 PM em Autoconhecimento
por Julio Lótus


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Despertei feliz e, com os olhos ainda fechados, me espreguicei demoradamente na cama e senti cada nervo, cada músculo e cada pedacinho do meu corpo se alongar; mas alguma coisa estava diferente, pois enquanto me espreguiçava percebi que minha cama não estava tão macia como costumava ser.

Tentei abrir vagarosamente meus olhos como sempre fiz ao acordar, me deliciando com o despertar e com a possibilidade de estar vivo, porém percebi que uma luz intensa penetrava por entre minhas pálpebras, mas eu sabia que o meu quarto mesmo durante o dia, com as janelas fechadas é bastante escuro e jamais dormi de janelas abertas. O que aconteceu para estar tão claro? A luz intensa dificultava abrir meus olhos e ofuscava minha visão.

Com certa dificuldade consegui manter meus olhos semi-abertos o suficiente para vislumbrar a beleza do céu. Parecia diferente do céu que eu conhecia ali na minha vizinhança, com nuvens acinzentadas e de azul sempre muito pálido, que mal deixava transparecer o sol.

À medida que meus olhos iam se habituando com a claridade pude perceber que ganhara de presente o mais lindo céu que jamais vi. O celeste do azul tinha personalidade, seu tom era um verdadeiro espetáculo da natureza majestosamente se apresentando aos meus olhos. Que prazer em vê-lo! Quanta beleza num simples pedaço de céu.

Ainda maravilhado com tamanho esplendor percebi que não estava sozinho, pois o som de vozes, um tanto distante, era ouvido por mim. Dirigi meu olhar para o lado em que o som vinha e percebi que não estava em meu quarto, mas sim ao ar livre.

Estranhei, pois seria capaz de jurar que havia deitado em minha cama antes de adormecer, ou será que minha confusão se devia à sensação de acordar? Talvez fosse pelo fato de estar acordando, foi que presumi ter dormido em meu quarto. Será? O que me faria ter dormido ao relento? Não gosto de dormir em hotéis e em casas de amigos, por que gosto da minha cama, gosto de seu cheiro de limpeza, gosto do espaço que ela tem e gosto do meu travesseiro de penas de ganso, mas o que me teria feito dormir ao relento? Havia algo de errado, pois não costumava me sentir tão confuso com nada, mas faltavam muitas respostas, ou será que meu problema era a quantidade de perguntas?

Sentei-me e busquei, já meio assustado, perceber de onde procediam as vozes que eu ouvia e reparei que estava numa espécie de desfiladeiro, pois haviam duas paredes enormes de terra e algumas pedras nas laterais e nos extremos. Não enxergava mais nada a não ser o horizonte. Seria o leito de um rio que secou? E o que eu fazia ali? Olhei para o alto do barranco e vi de três a quatro pessoas olhando em minha direção e falando coisas que eu não conseguia entender porque o volume das vozes estava baixo. O sol estava por detrás das pessoas o que me impossibilitava definir a quantidade exata de pessoas, devido aos raios que dele emanavam.

Decidi me levantar e perguntar àquelas pessoas sobre o que falavam, se sabiam por que eu estava ali e o que eu fazia dormindo ao relento dentro de um desfiladeiro. Fiz o movimento para levantar colocando um dos joelhos no chão e inclinei minha cabeça para baixo para tomar o impulso para levantar e foi aí que percebi que Arthur, meu amigo, estava deitado meio desengonçado ali bem perto de mim. Resolvi olhar em volta e descobri que havia uma outra pessoa dormindo de bruços, estavam também dois cavalos deitados e uma carruagem destroçada parcialmente junto aos cavalos que a ela ainda estavam atrelados.

Um arrepio imenso tomou conta de mim e num vai-e-vem desenfreado foi subindo e descendo por todo o meu corpo. Fiquei inerte, não sei bem por quanto tempo, mas me pareceu uma eternidade porque aquela cena indicava que ocorrera um acidente e que Arthur poderia estar inconsciente e talvez até ferido.

Estariam os cavalos dormindo, inconscientes ou mortos? Aproximei-me de Arthur e chamei-o, sacudi-o e tentei colocá-lo sentado, mas não obtive sucesso. Ele não se mexia, seu corpo parecia frio e levemente endurecido. Fui na direção ao outro rapaz e num esforço imenso o virei de frente para cima, mas tomei um susto tão grande que caí sentado para trás, pois aquele rapaz parecia comigo!

Gritei em desespero absoluto:

— Meu Deus, o que aconteceu?

Ainda estava voltado em direção ao corpo que parecia ser meu e me encontrava completamente aturdido, pois, como eu poderia estar me vendo ali, caído ao chão e ainda estar vivo? Aquele arrepio que descrevi aumentava muitas vezes seu volume e freqüência e, uma enxurrada de perguntas das coerentes às mais absurdas freqüentavam meu cérebro.

Percebi que as pessoas que estavam na beira do barranco tentavam descer a encosta em direção a nós. Pensei em ajudá-las, mas continuei paralisado, como que pregado ao chão e sem possibilidades de qualquer movimento.

Quando as pessoas conseguiram chegar ao local onde estávamos, foram todos os quatro homens em direção a Arthur. Eles eram quatro e todos foram na direção de Arthur, mas eu também estava lá e não compreendi porque pelo menos um deles não se dirigiu àquele que parecia ser eu. Esforçaram-se por acordá-lo, mas tudo o que fizeram foi em vão. Foi então que um dos homens aproximando sua orelha da boca de Arthur percebeu algo e comentou:

— Está morto, mas esse homem fede a álcool. Deve ter bebido a noite toda e embriagado não conseguiu evitar a queda neste buraco.

Correram para onde o corpo do homem que parecia comigo estava deitado e fizeram as mesmas coisas que haviam feito com Arthur, sem, contudo, obterem êxito. O mesmo homem que fizera o comentário sobre Arthur repetiu-o sobre mim.

Estávamos mortos! Arthur e eu estávamos mortos e minhas perguntas não tinham mais sentido. Qualquer resposta que me fosse dada seria inútil.

Sentei-me assustado e meu corpo estava completamente molhado de suor. Eu estava sentado em minha cama, com meu colchão macio e havia dormido em meu travesseiro de penas de ganso, em lugar daquele céu e local maravilhosamente belos estavam as paredes de meu quarto e a penumbra da qual senti falta recheava o ambiente. Ainda muito confuso perguntei-me:

— Estou morto ou foi apenas um pesadelo?

Nesse momento descobri que não estava sozinho; meu melhor amigo, Hiago (o espírito cigano que me acompanha) estava comigo e respondeu:

— Julio, lembra-se que ontem à noite antes de se deitar você se ajoelhou e fez sua oração costumeira? Pois é, na oração você perguntou porque tinha tanta aversão a bebidas alcoólicas, pois fora criticado por seus amigos durante uma reunião de lazer com eles. Eis a resposta: em sua vida anterior você faleceu por que estava alcoolizado e não conseguiu dominar as rédeas dos cavalos que estavam atrelados à sua carruagem e ao contrário do que chegou a pensar você era o condutor e não o Arthur, como pensaram os homens que encontraram seus corpos.

Texto revisado por Cris

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