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Alimentos processados e ultraprocessados: como contribuem para as doenças crônicas não transmissíveis. Parte II

Atualizado dia 2/11/2016 4:06:56 PM em Autoconhecimento
por Pollyanna Patriota


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Uma notícia que foi amplamente divulgada nas últimas semanas foi sobre o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) a respeito dos alimentos processados (carnes) e o risco de desenvolvimento de câncer: de acordo com o documento, a carne processada é um fator de risco certo para a doença, e carnes vermelhas de um modo geral são um fator de risco "provável".

As carnes processadas foram colocadas na lista do grupo 1 de carcinogênicos – que já inclui tabaco, amianto e fumaça de diesel – para os quais já há “evidência suficiente” de ligação com o câncer. O relatório foi feito pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer), órgão ligado à OMS. Esta publicação veio a fortalecer e apoiar o trabalho árduo de educação nutricional dos profissionais de nutrição comprometidos em divulgar informações sérias nesta área, mas que veem seus esforços por água abaixo pela publicidade massiva destinada ao ramo alimentício.

Recentemente, publicidades neste ramo veicularam na televisão brasileira, associando alimentos ultraprocessados a hábitos de vida saudáveis, definindo-os como alimentos leves, que emagrecem, deixam a mulher mais bonita etc. Para um público que possui acesso a boas informações em saúde, pode não impactar de forma negativa, porém, principalmente para crianças, adolescentes e pessoas que não acessam facilmente evidências científicas em saúde, torna-se um estimulador de hábitos alimentares inadequados.

Quais seriam essas carnes processadas? Enlatados, embutidos, frituras e preparações prontas (congeladas ou instantâneas) que trazem em seu conteúdo qualquer tipo de ingrediente à base de carnes.

A definição do IARC para carne processada inclui produtos “transformados” por salgamento, curagem, fermentação, defumação e outros processos para realçar sabor ou melhorar a preservação. De acordo com a meta-análise publicada no The Lancet Oncology, no caso do consumo de carne processada, este risco é 18% maior para quem consome apenas 50g por dia, o equivalente a 2 tiras de bacon ou 1 salsicha, POR DIA.

Uma forma simples para compreendermos esta questão dos alimentos processados é fazer a seguinte experiência: deixe por 48 horas um pedaço pequeno de qualquer tipo de carne, sem cozimento, exposto a temperatura ambiente. O que acontecerá? É claro que qualquer um de nós espera que ocorra a putrefação. Pois bem! Imagine que preparações como estas, citadas acima, são preparadas, armazenadas, transportadas, expostas nos ambientes de venda, onde sofrem oscilações de temperaturas, congelamentos, descongelamentos e ainda assim chegam como “próprias para o consumo” em nossa cozinha. Para tal, esses produtos foram adicionados de substâncias para manter a conservação dos mesmos, muito além dos tratamentos térmicos ou de pasteurização. Justamente estes elementos adicionados são os que expõem nossa saúde aos riscos de desenvolvimento de câncer.

Não é exagero lembrar que os termos tais como “expor”, “aumentar risco”, “parecem aumentar o risco”, não significam dizer que quem consumir o produto desenvolverá a doença, mas que este hábito aumenta o risco de desenvolver a doença.

Mais uma vez reforçamos a informação de que o segredo é o equilíbrio. Percebam que o consumo rotineiro de produtos de baixo valor nutricional é o que amplia o risco e impacta nos diversos tipos de doenças mais prevalentes nos tempos atuais.

As leis de Escudero, publicadas desde 1937, nos orienta que para ser saudável uma alimentação deve atender aos seguintes princípios:

Lei da Quantidade

Corresponde ao total de calorias e de nutrientes consumido. A quantidade de alimentos deve suprir as necessidades do indivíduo. Nem excessos, nem restrições severas. A alimentação deve ser quantitativamente suficiente, qualitativamente completa, harmoniosa e adequada a quem está consumindo, respeitando o indivíduo em todas as suas dimensões.

Lei da Qualidade

Refere-se aos nutrientes necessários ao indivíduo. Uma alimentação completa fornece todos os nutrientes para formação e manutenção do organismo. As refeições devem ser variadas, contemplando todos os grupos de nutrientes para o bom funcionamento do corpo.

Lei da Harmonia

É a distribuição e proporcionalidade entre os nutrientes, resultando no equilíbrio. Para que o nosso organismo consiga aproveitar os nutrientes, estes devem se encontrar em proporções adequadas nas refeições, uma vez que as substâncias não agem sozinhas, e sim em conjunto.

Lei da Adequação

A alimentação deve se adequar às necessidades do organismo de cada indivíduo, às especificidades de quem está consumindo. Os ciclos da vida (infância, adolescência, adulto e idoso), o estado fisiológico (gestação, lactação), o estado de saúde (doenças), os hábitos alimentares (deficiência de nutrientes), e as condições socioeconômicas e culturais (acesso aos alimentos) são fatores que devem ser considerados, pois resultam em diferentes necessidades nutricionais.

O conceito de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável já citado em publicações anteriores, nos deixa claro que o respeito ao indivíduo em todos os aspectos (bio-psico-social-cultural) são determinantes para que possamos obter uma alimentação plenamente saudável e contribuir para seu bem-estar e qualidade de vida.
Por fim, recomendo a todos (as) a leitura atenciosa do Guia Alimentar para População Brasileira, uma excelente publicação do Ministério da Saúde, reconhecido mundialmente como um dos melhores Guias alimentares para populações da atualidade. Um dos princípios utilizados para elaboração deste Guia que nós devemos levar em consideração é de que “Alimentação é mais do que a ingestão de nutrientes”.

Leia aqui o Guia Alimentar para a População Brasileira 

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Conteúdo desenvolvido por: Pollyanna Patriota    
Diététicienne, Master of Science en Santé Maternel-infantile , PhD en Nutrition. Elle a été publié articles scientifiques, livres et chapitres de livres. Elle collabore avec certains sites internet, magazines et journaux.Conférencière avec une expérience nationale et internationale. Evénements et/ou Conférences : evidencenutri@gmail.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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