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BELO EXEMPLO DE TERAPIA TRANSPESSOAL

Atualizado dia 2/18/2007 11:24:30 PM em Autoconhecimento
por Maria Antonieta de Castro Sá


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Logo que terminei a faculdade, querendo fazer uma boa formação terapêutica que costuma ser muito dispendiosa, fiz um concurso público e fui designada para a função de psicóloga do Sistema Penitenciário, em São Paulo. Isto significou trabalhar dentro das unidades prisionais do Carandiru, na área de saúde. Estávamos nos anos 80 e já era bem temerário aceitar aquele desafio, mas eu precisava trabalhar e, jovem idealista, não deixaria de lado a chance de conhecer um universo novo tentando contribuir com algo de bom, ali.

Fazer parte daquele ambiente foi um dos estímulos importantes para que, adiante, eu procurasse estudar a Doutrina Espírita e me tornasse uma terapeuta transpessoal. É bom esclarecer o que significa isso, mesmo que para muitos eu esteja chovendo no molhado.

A terapia transpessoal é uma técnica derivada da psicanálise, porém leva em conta a dimensão espiritual da vida, como pano de fundo de nossas reações emocionais e mesmo físicas. Pessoalmente, aprendi que não se deve impor as explicações de natureza espiritual quando as pessoas não estão sensibilizadas ou prontas a compreenderem e aceitarem essas explicações. Dessa forma, quando recebo pacientes ligados a outros credos filosóficos ou religiosos, não me abro em interpretações dos componentes espirituais de suas dificuldades - examino, com o mesmo cuidado, seus componentes emocionais sem avançar além daí.

Já quando alguém se interessa pela compreensão espiritual de seus conflitos, inseguranças, etc, posso ajudar de uma forma mais ampla. Quando necessário, encaminho estes pacientes para o tratamento espiritual, que costuma ser oferecido em Centros Espíritas dedicados a este tipo de trabalho, pois é aí que se faz "tratamento espiritual" de fato, através de médiuns treinados e ambiente apropriado para este intercâmbio com a dimensão espiritual, sem qualquer custo material. Oferecer explicações espirituais para problemas psicológicos, portanto, não é o mesmo que oferecer "tratamento espiritual" - e muitas pessoas confundem isso.

Muito bem. Por ter trabalhado no Hospital de Aids que havia para os presos, no Carandiru, desenvolvi um bom conhecimento sobre os componentes espirituais e emocionais dessa doença. Isto leva alguns profissionais a me encaminharem pacientes soro-positivos para psicoterapia, como aconteceu há alguns anos, com um rapaz que entrou em séria depressão ao saber-se portador do HIV.

Como aquele rapaz já tinha uma formação espiritualizada, pudemos analisar os significados espirituais de seu homossexualismo e sua decorrente história de vida familiar e emocional até à contaminação pelo vírus. Lembro-me claramente que o primeiro empenho a que me ative foi no sentido de ajudá-lo a "digerir", compreendendo, sua reação de revolta e raiva diante da doença contraída - o que lhe permitiu recuperar a confiança no amor de Deus e em Sua sabedoria.

Logo o rapaz começou a perceber que o mesmo mal que lhe ameaçava a sobrevivência, era uma importante oportunidade para que ele cultivasse seus melhores potenciais e desenvolvesse capacidades mais saudáveis de relacionar-se consigo mesmo e com o meio. Afinal, o risco de morte física foi vivenciado por ele, como a perspectiva de aprender a viver, melhor do que vinha sendo sua trajetória até então. Não é raro que isso aconteça, quando as pessoas são ajudadas adequadamente.

Na época existia apenas o AZT - ainda não se contava com os "coquetéis" que hoje permitem uma sobrevida até longa, em casos de Aids. Mas Déo (este era o apelido do rapaz) sobreviveu por alguns anos, durante os quais foi desenvolvendo um equilíbrio afetivo-emocional muito satisfatório. Tornou-se menos agitado, menos irritadiço, mais cuidadoso na escolha das amizades, voltou a estudar e fez cursos ligados à área que preferia em sua profissão, passou ter um relacionamento mais estável com seu companheiro, fez as pazes com o pai de quem havia se desligado e tornou-se até mais alegre, sem as afetações anteriores que o levavam a confundir vaidade com alegria de viver.

Poucos meses antes de desencarnar Deo me disse que gostaria de escrever um depoimento sobre as transformações que a doença e a terapia lhe imprimiram na alma. Lembro-me especialmente de que ele mandou consertar uma caneta-tinteiro (que lhe fora presenteada pelo pai), pois fazia questão de usá-la no registro daquele depoimento que ele deixaria comigo para ser publicado e, seu original, para ser entregue a seus pais. Mas não houve tempo para tanto. Uma infecção oportunista o levou logo em seguida.

Recentemente, numa sessão mediúnica da qual eu participava como doutrinadora, uma companheira médium me chamou para perto de si, pois um espírito se apresentava, "trazendo a imagem de um papel e de uma caneta-tinteiro" e manifestando o desejo de escrever para mim, um depoimento. A médium sequer conhecia a história de meu paciente, mas transmitiu sua fala, identificando-se com o apelido inconfundível para mim, ainda mais pelo desejo de "escrever seu depoimento daquela forma." Deo já compreendera que seu corpo havia morrido e pedira permissão à espiritualidade superior para me trazer o desejado relato. Trazia a imagem do papel e da caneta para que eu tivesse certeza de estar me comunicando com ele. Mas agora ele trazia um depoimento ainda mais significativo, pois me dava notícia de estar muito bem e de não ter experimentado muita dificuldade para se adaptar à nova etapa da grande vida. Já engajado na ajuda a espíritos egressos pela Aids, a experiência terapêutica que teve conosco também se constitui em instrumento de seu trabalho na espiritualidade.

Este artigo é, finalmente, a realização do desejo de Deo, de que seu depoimento evolutivo fosse publicado e pudesse se constituir em estímulo à fé e coragem de outros que possam viver um enredo semelhante ao de sua última encarnação. E estou me valendo do Clube Stum para esta divulgação, tendo em vista o respeito que aqui se dedica à espiritualidade e o alcance que este meio de comunicação propicia.

Maria Antonieta de Castro Sá
Psicóloga transpessoal
(11)3885.3514(cons.)

Texto revisado por Cris

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