BULIMIA - FORMAS DE COMPREENSIBILIDADE!
Atualizado dia 5/11/2007 12:10:15 PM em Autoconhecimentopor Roberto Possarle
Mas, de maneira geral, os transtornos alimentares decorrem dos padrões de beleza distorcidos da sociedade ocidental. Nem sempre o padrão de beleza feminina desejado pelo homem é o da mulher magérrima, como observado nas modelos. Este é o desejo da indústria da moda que fatura bilhões de dólares todos os anos vendendo esta ilusão de beleza padronizada. Como descreve a psiquiatra colombiana Lucrecia Ramirez, estudiosa do tema, "nossa sociedade tem uma percepção anormal sobre o ideal de beleza da mulher".
A bulimia nervosa é um transtorno alimentar que se manifesta pelo sentimento de culpa em relação à comida. Os bulímicos costumam ter grandes acessos de gula (estudos descrevem situações em que chegam a ingerir mais de 15 mil calorias em um único dia) seguidos de acessos de rejeição.
Depois de, literalmente, se entupir de comida, o doente provoca vômitos, ingere laxantes e diuréticos, faz longos jejuns e tenta gastar calorias através de exercícios físicos puxadíssimos. Em geral, quem sofre desta doença também tem dificuldade de expor o próprio corpo e de usar roupas justas. Porém, é importante destacar que os transtornos alimentares não podem ser considerados mera causas de problemas de saúde, mas situações capazes de revelar a forma de interação da pessoa consigo e com o mundo.
Então, alguns sinais podem ser observados: recusa em usar roupas que exponham o corpo, idas freqüentes ao banheiro logo após as refeições, compra de produtos como laxantes e diuréticos, pouco interesse pelo contato físico e sexual, obsessão com o peso, busca de dietas muito radicais, longos jejuns.
Não há uma única causa para os transtornos alimentares. Dentre eles, destaco alguns que considero importantes:
a) fatores biológicos: alterações nos neurotransmissores moduladores da fome e da saciedade como a noradrenalina, serotonina, como conseqüência de uma alimentação desequilibrada e intoxicante;
b) fatores sócio-culturais: a obsessão em ter um corpo magro e perfeito é reforçada no dia-a-dia da sociedade ocidental. A valorização das atrizes e modelos, geralmente abaixo do peso, como sendo um único padrão de beleza a ser buscado, distorcendo a auto-imagem;
c) fatores psicológicos: baixa auto-estima, rigidez de comportamento, distorções cognitivas, necessidade de manter o controle completo sobre sua vida e falta de confiança podem anteceder o desenvolvimento do quadro clínico.
Diante deste quadro, o acompanhamento de quem sofre de transtornos alimentares deve ser realizado por uma equipe multiprofissional que agregue médicos, nutricionistas, psicólogos ou psicanalistas, entre outros, para que os resultados sejam satisfatórios para quem está sofrendo e os saberes sejam partilhados para o crescimento de todos os envolvidos.
Roberto Possarle
Educador e Psicanalista com Especialização em Psicopatologia
[email protected]
www.desintoxicando.com.br
Texto revisado por Cris
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