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COEXIST (Homenagem a Bono Vox)

Atualizado dia 8/8/2006 10:14:50 PM em Autoconhecimento
por Christina Nunes


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Talvez já existisse em mim, na adolescência, uma tendência bem proeminente para uma visão mais vasta da vida - e daí que isto justifique a minha afinidade fulminante, desde aqueles tempos, com a ideologia defendida pelo COEXIST (de coexistir - todos os povos coexistindo em paz), do Bono Vox. Porque já me sentia imbuída pelo teor altamente humanitário das letras de música compostas por ele com o antológico grupo de rock, U2!

Deixa eu dizer que aprecio muito prestar homenagens! Mesmo que na certeza de que, muito naturalmente, nenhuma será lida pelos respectivos homenageados! Mas é que este não é o ponto. Quando chego a redigir um texto em homenagem a quem quer que seja, viso a homenagem à pessoa, em si. Mas a leitura da mesma, e a exaltação daquela personalidade citada em seu conteúdo, eu a dedico à vida! Aos leitores; a quem acesse e compartilhe - ou não - dos meus sentimentos naquele sentido, das minhas impressões...
Isso! É um compartilhamento; uma catarse de afeto; de alegria pela presença daquele indivíduo em particular no mundo; de energização de amor na sua direção, e de gratidão por, daquele seu jeito único e todo especial, estar embelezando a minha vida mais um pouco!

Assim, já prestei algumas homenagens - e que não se diga que só aos conhecidos, aos famosos, às celebridades. Destes, em verdade, contam apenas três delas nas minhas menções: o ex-seleção brasileira Éder Aleixo; Chico Xavier, e, agora, o Bono Vox. Por razões que considero bastante boas e justificáveis...
Além deles, assim, já desfilaram em citações de artigos meus membros da minha família; amigos do passado; colegas; alguns dos muitos que de alguma forma me enriqueceram ou me enriquecem, de modo inesquecível, os dias, com a sua influência de agora, de antes, de depois...

Mas agora eu resolvi homenagear o Bono Vox - mais uma vez obedecendo a sensações e sentimentos particulares da hora que passa. Porque, enquanto muita - mas muita gente mesmo! - não está nem aí em meio a guerras; miséria; fome; bombardeios; morte em massa de crianças inocentes; violência descontrolada; corrupção; inversão total de valores; desgoverno e desorientação nas atitudes; desamparo crônico, e degenerador no estado de solidão crítico presente em milhares de seres sedentos daquilo que antes, nalgum tempo, existiu no mundo: o calor humano...em meio à indiferença glacial de tantos que poderiam, efetivamente, fazer acontecer melhorias, mudanças; mais luz e harmonia neste nosso planeta...ainda nos resta a sensação - combalida - é bem verdade, - mas viva! - de que, ainda, não está tudo perdido!
Por quê? Porque alguém se importa; e age, e demonstra que se importa! Alguém como o Bono Vox!

Deixa eu antecipar que as atitudes humanitárias que ele vem empreendendo num crescendo através dos anos pelo mundo afora já provocaram muita polêmica. Alega-se resultados duvidosos nos países para onde foram escoadas as doações mastodônticas que suas iniciativas vêm arrancando de nações ricas, no intuito de dirimir a miséria catastrófica em países como os da África. Já se disse que tal coisa é semelhante ao mencionado pelo gasto ditado de se "fornecer o peixe sem se ensinar a pescar".
Mas permita-me argumentar que é pouco provável que os movimentos liderados pelo Bono não estejam ensinando a pescar. O problema é que as reações humanas, no fim das contas, obedecerão sempre a foro íntimo e à consciência, na hora de se decidir. Bono não tem culpa se faz chover peixes do céu em certos lugares onde as autoridades locais monopolizam tudo em proveito próprio. A sua intenção primeira, em última análise - ajudar a quem precisa - não se invalida pela falta de humanidade, ética e decoro de terceiros!
Além do mais, tampouco pode-se alegar como fato negativo o perfil megalomaníaco de suas campanhas. Bono não iniciou isto tudo visando o ativismo político e humanitário - antes uma conseqüência lógica do idealismo estóico - e épico! - que, desde o início, marcou a sua carreira de músico com o U2, evidenciando-se, primeiro, nas letras pacifistas de suas belíssimas canções; e depois, num crescendo, na medida em que se tornou cidadão do mundo, imbuído por este mesmo idealismo, a visitar governos e terras diferentes, levantando a bandeira daquele tipo de solidariedade cuja fórmula, aparentemente, perdeu-se, de maneira irremediável, no falso verniz de civilização por debaixo do qual se acoberta o caos dos nossos tempos...

O Bono me encantava com este seu jeito de cavaleiro andante desde os meus verdes e belos anos da adolescência! Época em que adquiri tudo - mas tudo! - que se possa imaginar vindo do U2. Todos os discos; todas as reportagens possíveis; livros; mais tarde, cds, dvds; e, no show mastodôntico no Rio de Janeiro, quem lá estava no meio daquela massa enlouquecida, pulando feito uma doida ao som das irresistíveis "In the Name of Love", "Sunday, Bloody Sunday", "Where the Streets Have No Name"?!...
Costumo dizer que foi o melhor e o pior show da minha vida. Legendário, inesquecível - mesmo daqui a cem mil anos; mas que quase decretou o meu fim! Não por culpa de ninguém: por culpa minha! Porque ir a um show do U2 - frenesi! Delírio! Loucura! Euforia! - representa muito mais do que participar de um show de rock; significa fazer parte de um extasiante evento musical histórico da nossa era, cuja tônica e qualidade intrínseca é um grito fenomenal pela paz no mundo, pela coexistência pacífica das diferenças entre os povos; pelo fim do desespero e do vendaval caótico característicos do nosso século, como jamais ocorreu em nenhum outro! É brado descomunal, estentórico, de basta! De protesto! De exigência, sem mais demora, daquela qualidade de vida com a qual todos sonhamos, mas que, sufocados, perdidos no turbilhão violento que varre o mundo de hoje, não sabemos ao certo como encontrar!
Então, por certo - e consoante o justificado acima - jamais, em tempo algum, dançarei e pularei tanto quanto num show do U2, em razão do que, no fim, desmoronei no meio da pista, esgotada, e praticamente morta... Mas feliz!
Ainda hoje, portanto, ouço a minha coleção de cds; sonho embalada pelo timbre terno da voz do Bono! Hoje mesmo o fazia, deliciando-me com a coletânea - com aquelas pérolas sagradas do rock:

"In the Name of Love
(em nome do amor)
What more, in the name of love?"
(o que mais em nome do amor?)
-Um protesto veemente pela ocasião da morte de Martin Luther King -
"Its true, we are imune..."
(É verdade, nós estamos imunes)
When fact is ficcion and tv reallity"
(Quando o fato é ficção, e a tv, realidade)
-Suprema ironia acerca da negligência humana, que apõe como realidade a irrealidade televisiva, propagada, por um tipo de mídia má formadora de opiniões, acima da realidade dos fatos: das guerras, da violência, da indiferença dos governos, da ideologia política tacanha e criminosa, e vai por aí...)

Não posso me estender mais sobre um assunto que consumiria uma enciclopédia, ao se referir à atuação ímpar do líder do U2 no correr destas últimas décadas, com a sua iluminada cruzada ideológica a favor da paz e do amor no mundo, e contra a hipocrisia humana...
Ficam então, nestas linhas, a minha singela homenagem e agradecimento pessoal a - este sim! - monstro sagrado do rock, e das boas causas da Vida!
Alguém se importa, Bono!
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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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