COMO VOCÊ LIDA COM A RAIVA?
Atualizado dia 9/30/2006 1:52:01 PM em Autoconhecimentopor Alexandre Rodrigues Vieira
Estamos acostumados, desde quando éramos bem pequenos, a encarar a raiva como algo repulsivo e que deve ser reprimido. É muito comum os pais repreenderem veementemente seus filhos quando estes colocam sua raiva para fora, dizendo algo como: “Nunca mais faça isso de novo, é muito feio!!!” Contraditoriamente, muitos desses pais dizem isso aos berros ou, então, acompanhado de umas “boas” palmadas.
A verdade é que a raiva, em princípio, não é um sentimento negativo. Eu disse em princípio pois, assim como o medo, é um sentimento ligado ao instinto de sobrevivência e de auto-preservação. Atacar ou fugir, atitudes resultantes da raiva e do medo formam as bases instintivas do ser humano desde os primórdios da nossa história, quando lutávamos pela sobrevivência enfrentando os mais diversos perigos.
Apesar de não vivermos mais nas cavernas, será que os perigos de hoje são tão menos ameaçadores assim? Certamente que não. Não é possível afastar as ameaças do mundo contemporâneo com pedras ou tochas. A humanidade evoluiu enormemente em termos de tecnologia, mas moralmente ainda engatinhamos. Por isso os sentimentos instintivos são tão presentes no nosso cotidiano. A diferença é que podemos aprender a lidar com eles de uma forma, digamos, mais evoluída.
Diante disso, o primeiro passo para lidarmos melhor com a raiva é parar de negá-la. Não temos como lidar bem com algo que não percebemos ou não queremos admitir. É muito comum encontrarmos pessoas que acreditam em certos mitos, tais como: "é feio sentir raiva"; "pessoas bondosas não sentem raiva"; "se sinto raiva é porque sou uma pessoa ruim e não mereço ir para o céu"; "não posso sentir raiva das pessoas que amo". Acreditar nesses mitos não impede que o sentimento continue existindo, mas faz com que passemos a ignorá-lo ou, o que é pior, a negá-lo. E é assim que no lugar da raiva surge a mágoa e o ressentimento, dois poderosos geradores de desequilíbrios emocionais e espirituais, além dos já cientificamente comprovados problemas psicossomáticos: enxaquecas, gastrites, úlceras e toda sorte de problemas digestivos, dores musculares, problemas cardíacos, depressão, etc, etc.
É importantíssimo que possamos entender que o poder destruidor da raiva torna-se muito maior quando ela é contida, do que quando ela é reconhecida e trabalhada. Contudo, esse poder destruidor da raiva contida volta-se sobre aquele que a guarda, conforme foi descrito acima, mesmo que o faça de forma inconsciente. É uma atitude de coragem e de crescimento pessoal poder admitir e expressar a raiva, quando alguém faz algo que, de uma forma ou de outra, nos decepciona ou prejudica. Isso quer dizer que eu tenho que sair gritando e batendo em todo mundo que “pisa no meu calo”? Claro que não. Uma forma mais harmônica e saudável é poder dizer de forma firme, sem ser hostil ou agressiva, que você não gostou de determinada atitude ou que não quer mais ser tratado(a) daquela maneira. O importante é não guardar uma negatividade (mágoa ou ressentimento), sem ter que gerar o mesmo no outro, fato que poderia ser desastroso para ambas as partes envolvidas.
Texto revisado por Cris
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