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COMPARAÇÃO E DOR - Parte III

Atualizado dia 8/11/2006 11:53:11 PM em Autoconhecimento
por Joäo Virginio Silva


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Talvez, o problema seja por não vivermos unificados com nada. E sem a unificação, a vida se torna algo de péssima qualidade. Pois o que está unificado jamais poderá ser dissolvido, o que está integrado não pode ser destruído. Se há fusão, a morte não pode dissolvê-la. Não vivemos integrados com o outro, porém com a gente mesmos e dentro de nós mesmos. A fusão das entidades diferentes, em nós mesmos, nos faz completos com o outro. Mas estar completo com outro é estar incompleto em si mesmo. A própria fusão com o outro ainda é um estado incompleto. O que é incompleto não se pode tornar completo numa relação. É ilusão nossa pensarmos que nos tornamos completos com outro. "Fulano ou sicrano me completa", "Vivo num estado de graça com o outro" - isso é delírio puro. Porque esse estado cedo ou tarde termina. Há sempre um terminar para o que é incompleto. A fusão com outra entidade é sempre muito frágil e deixa de existir constantemente. A integração deve começar dentro de nós mesmos, e só então a fusão é indestrutível.
O caminho da integração é o processo do pensar negativo -a mais alta compreensão.
É a infelicidade, a insatisfação que cria o futuro e a esperança - ou o seu oposto, o desespero.
Quando somos felizes, o tempo não existe, o ontem e o amanhã estão completamente ausentes, não pensamos nem no passado e nem no futuro. Mas a infelicidade cria a esperança e o desespero.
Nascemos com a esperança e a levamos conosco até a nossa morte, ou seja, nascemos desgraçados e a esperança nos acompanha até a nossa morte.
Esperança para nós é o amanhã, é o futuro, é a ânsia de felicidade, de dias melhores, de progresso pessoal, é o desejo de ter uma casa mais confortável, um carro mais belo e mais novo, é o sonho de uma ordem social melhor, de um mundo mais feliz, etc. Ou seja, a esperança se encontra no amanhã, no futuro, como também no passado, no que foi.
A esperança está tanto no movimento regressivo como no movimento progressivo do pensamento. A esperança é o “processo” do tempo. Esperança é o desejo de continuação do que é agradável, do que é susceptível de melhoria e o seu oposto é a desesperança, o desespero. Estamos sempre oscilando entre a esperança e o desespero. Dizemos que vivemos porque existe a esperança - e a esperança está no passado ou, mais freqüentemente, no futuro. O futuro é a esperança de todo político, de todo reformador e revolucionário e também de todo neurótico que busca a virtude e aquilo que chamamos de Deus. Dizemos que vivemos pela esperança, mas, certamente, isso não é verdadeiro. Porque, viver quando o futuro ou o passado nos domina, não é viver. Viver não é um movimento do passado para o futuro. Quando existe a preocupação do amanhã, não estamos, obviamente, vivendo. É por causa da extraordinária importância que damos ao amanhã que existe em nossas vidas, a desesperança e o desespero. Se o futuro é da mais alta importância e vivemos para ele e por ele, então o passado é o portador do desespero. Por causa da esperança que temos no amanhã, é que sacrificamos o hoje. Mas a felicidade só se encontra no agora; nunca, jamais no amanhã. São as pessoas infelizes no hoje é que enchem as suas vidas com a preocupação do amanhã, a que chamam de esperança. “Viver feliz é viver sem esperança alguma”. A pessoa que se deu à esperança, não é, certamente, um homem feliz - ele conhece somente o desespero.
O estado de desesperança “projeta” a esperança ou o ressentimento, o desespero ou o futuro feliz.
Será que não existe um estado de consciência onde não há nem esperança e nem desesperança? Será que você nunca percebeu esse estado em sua mente? Quando você se considerava feliz, havia alguma esperança em sua mente? Será que você ainda não percebeu que só estamos livres dessa doença da esperança somente quando somos felizes hoje? É só quando nos vemos infelizes, enfermos, oprimidos, explorados, que então o amanhã se torna importante, não é verdade? E se o amanhã é impossível, então, ficamos numa escuridão completa, num estado de desespero angustiante, não é verdade?
Já sei a sua pergunta... Você quer saber como permanecer no estado de felicidade, não é verdade?
Pois bem, em primeiro lugar, precisamos perceber a verdade a respeito da esperança e da desesperança.
Perceba, veja primeiro como você tem sido dominado pelo falso, pela ilusão da esperança e depois pelo desespero. Fique passivamente vigilante desse processo -o que não é tão fácil como parece ser.
Essa pergunta de como permanecer no estado de felicidade, está novamente baseado essencialmente na esperança, não é mesmo? Você deseja recuperar o que perdeu ou de certa maneira possui-lo de novo, não é mesmo? Esta sua pergunta denota desejo de ganho, desejo de “vir a ser”, desejo de chegar, não é?
Portanto, sempre que se tem um objetivo, um fim em vista, uma meta, certamente existe a esperança e, assim, você fica de novo emaranhado na rede da sua infelicidade. O caminho da esperança é o caminho do futuro, mas a felicidade não é questão de tempo. Quando você foi ou era feliz, você nunca perguntou como continuar nessa felicidade - porque se tivesse feito, ou se fez essa pergunta, é porque você já não era mais feliz, já tinha provado o sabor da infelicidade.
O desejo de encontrarmos uma saída da infelicidade, só acarreta um novo problema, trazendo mais infelicidade ainda. Pela nossa falta de compreensão de um problema criamos muitos outros problemas.
Se o nosso problema é a infelicidade, para compreendê-lo precisamos estar livre de todos os outros problemas. A infelicidade é o seu único problema, portanto, não faça mais confusão criando novos problemas - o como libertar da infelicidade é um outro problema.
A mente está a buscar uma esperança, uma solução para o problema, uma saída. Se você conseguir ver a falsidade dessa fuga, então, você estará em contato direto com o problema. É essa relação direta com o problema que produz a crise, que temos sempre muito interesse em evitar - mas é só na plenitude e na intensidade dessa crise que o problema deixa de existir na sua vida.
Caso contrário, o futuro, o passado, a esperança e a desesperança, continuará dominando sua pobre vida.
Toda a nossa educação é uma coisa falsa, pois, não há integração alguma em nossa infeliz educação.
Por melhor que tenha sido a nossa educação, em geral só tem formado pessoas estúpidas. Algumas talentosas ou presunçosas alcançam altas posições na sociedade, mas atrás dessa cortina de prestígio e domínio, são pessoas tão vulgares e atormentadas como as demais. O nosso tão moderno sistema educativo falhou completamente, pois já produziu duas guerras devastadoras e a mais aterradora miséria no mundo e, sabe Deus, se não haverá outras piores ainda. É evidente que o fato de aprender a ler e a escrever, a aquisição de diferentes técnicas, que nada mais é, do que o cultivo da memória, não é o suficiente, pois têm produzido no mundo, males inenarráveis. A nossa educação não produziu e não produz indivíduos integrados. E, penso que a finalidade da educação correta seria esta. E, sendo esta a finalidade, devemos então, perceber claramente se o indivíduo existe para a sociedade, ou se é a sociedade que existe para o indivíduo.

Parte IV

Texto revisado por: Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Joäo Virginio Silva   
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