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Crítica à Teoria Mecanicista

Atualizado dia 11/25/2007 10:24:12 PM em Autoconhecimento
por Marcos Spagnuolo Souza


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Em determinado momento histórico a imagem mecanicista do universo e especificamente do homem tornou-se insustentável a partir de uma nova racionalidade, tornando possível a formação de novos olhares ou percepções a respeito da consciência e sua relação com a natureza.

Malin, elaborando crítica ao cientificismo, salienta que no paradigma heliocêntrico de Copérnico víamos o pôr do sol e dizíamos que o sol estava se movendo; o óbvio era o sol se mover. Pensávamos também que a Terra era plana e quando o paradigma da Terra plana desapareceu, eles não tentaram substituí-lo por uma Terra quase plana. Na época que estamos vivendo está ocorrendo outra mudança do paradigma da física clássica para a visão de mundo fundamentada na visão unificada.

Greene elabora uma abordagem sobre a mudança de paradigma salientando que todos os planetas percorriam sempre o mesmo caminho ao redor do sol e hoje descobriu-se que o planeta Mercúrio possui órbitas diferenciadas em relação à anterior. O Universo era estático e descobriu-se que as galáxias estão em movimento, distanciando-se uma das outras. Possuíamos a crença de que a gravidade era sempre uma força atrativa e hoje existe a gravidade repulsiva; pensávamos que o universo fosse limitado ao nosso sistema solar e atualmente sabemos que a luz emitida pela vasta maioria das regiões do universo só poderá chegar ao local onde hoje está a Terra depois que nosso planeta e o Sol estiverem extintos. O homem era considerado obra prima do universo e hoje sabemos que as partículas materiais (elétrons, átomos e moléculas) representam apenas 5% da massa/energia total do universo, sendo que a maior parte da massa/energia total do universo é constituída por uma forma totalmente diferente e misteriosa de energia escura que não emite luz. Se os prótons, nêutrons tivessem ficado fora do projeto inicial, a massa/energia total do Universo pouco teria diminuído.

Significativas são as palavras de Teilhard de Chardin mostrando o erro do conhecimento cientificista em priorizar os fenômenos materiais e não considerar a unidade inquebrantável do cosmo. “Até agora temos olhado para a matéria como tal, isto é, de acordo com suas qualidades e em qualquer volume dado como se nos fosse permissível quebrar um fragmento e estudar a amostra separada do resto. Já é tempo de mostrar que esse processo não passa de um truque intelectual. Considerando em sua realidade física, concreta, o universo não pode dividir-se, mas como uma espécie de átomo gigantesco, forma em sua totalidade o único verdadeiro indivisível. Quando mais extensa e profundamente penetramos na matéria, com métodos cada vez mais poderosos, tanto mais nos confunde a interdependência das suas partes. Cada elemento do cosmo é positivamente tecido de todos os outros. É impossível cortar essa rede, isolar-lhe uma porção sem que ela fique puída e desfiada nas bordas. Em toda a nossa volta, até onde a vista alcança, o universo permanece uno, e só é realmente possível um modo de considerá-lo, a saber, encarando-o como um todo, numa só peça”. (CHARDIN,1965 apud Wilber, 1977, pg.44)

Wilber comenta que o conhecimento mecanicista propicia uma imagem altamente sofisticada e analítica do próprio mundo, mas por mais iluminativas e pormenorizadas que sejam continuam sendo somente imagens, estando para a realidade exatamente como a imagem da lua está para a lua de verdade. A nossa única esperança de estabelecer contato com a Realidade reside necessariamente no total abandono da teoria cientificista. Salienta Wilber: “o dualismo central de sujeito e objeto, de observador e evento, se revelou insustentável, sendo que Erwin Schroedinger, fundador da mecânica quântica, diz sem cerimônia: o sujeito e o objeto são apenas um. Não se pode dizer que a barreira entre eles caiu, em resultado da recente experiência nas ciências físicas, pois essa barreira não existe. A divisão comum do mundo em sujeito e objeto, mundo interior e mundo exterior, corpo e alma, já não é apropriada e nos acarreta dificuldades. Abandonar o dualismo foi exatamente o que fizeram os novos físicos. Além de abrir mão da divisão ilusória entre sujeito e objeto, onda e partícula, corpo e mente, a nova física, com a brilhante ajuda de Albert Einstein, renunciou ao dualismo de espaço e tempo, energia e matéria e até de espaço e objetos. (WILBER, 1977, pg.33)

Nossa concepção comum do mundo como complexo de coisas estendidas no espaço e sucedendo-se umas às outras no tempo é apenas um mapa convencional do universo, não sendo real. Não é real porque essa imagem pintada pelo conhecimento lógico depende da divisão do universo em coisas separadas vistas no espaço-tempo, de um lado, e o conhecedor dessas coisas, de outro. Para que isso ocorra, o universo tem de cindir-se necessariamente em observador e observado. Nessas circunstâncias, nossas imagens simbólicas, convencionais, dualísticas, são falsificações sutis da própria realidade que elas buscam explicar. O resultado é uma imagem pintada do universo, composto de fragmentos chamados coisas, separados no espaço e no tempo, todos alheios e estranhos formando ilhas isoladas de percepção. (WILBER, 1977)

Diz Wilber que “o mundo real não tem sentido, não aponta para nada porque nada existe fora dele, para que ele possa apontar. No mundo tudo é como é e acontece. Nele não há valor algum e, se houvesse, não teria valor algum. Dizer que o mundo real não tem sentido, nem tem valor, significa que está profundamente além do significado e da avaliação, sejam eles positivos ou negativos. É um fim em si mesmo, sem propósito nem meta, sem futuro nem resultado, sem sentido nem valor, uma dança sem outro destino que o presente. Estamos querendo dizer que nossos conceitos e nossas idéias não espelham a realidade, como ingenuamente supúnhamos e por isso não têm o significado que lhes atribuímos”. (WILBER, 1977, pg. 184)

Goswami ressalta que o materialismo físico supõe que só a matéria é real. Tudo mais são fenômenos secundários da matéria, apenas uma dança dos átomos constituintes. Essa visão do mundo é denominada de materialismo porque se presume que os objetos sejam reais e independentes dos sujeitos ou da maneira como os observamos. O princípio do materialismo é uma simplificação que nos permite conhecer apenas alguns problemas infinitamente intricados da Natureza. Quando não podemos lidar com a situação integral, nós eliminamos os aspectos mais complexos, eles passam a não existir para nós. A idéia, contudo, de que todas as coisas são constituídas de átomos é uma suposição não provada. A percepção do mundo real tal qual o vemos é a criação do Sujeito, uma construção mental sintetizada com base em dados simples pelo Sujeito.

Texto revisado por Cris

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