De Don Juan ao sexo compulsivo
Atualizado dia 9/17/2007 11:03:33 PM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
Don Juan, o cavaleiro sexual que seduz e espalha seus espermatozóides fertilizando um sem número de parceiras sexuais, não se encontra somente no imaginário popular, mas simbolicamente, na bagagem ancestral e comportamental do macho, pois a natural tendência de repetir o ato da reprodução remonta ao instinto de sobrevivência e perpetuação da espécie humana desde os primórdios da existência do homem sob a face do planeta Terra.
No entanto, sob a ótica da ciência comportamental, todo comportamento que leve à repetição compulsiva de atos, inclusive o sexual, é passível de diagnóstico patológico e tratamento que vise harmonizar tal conduta exarcebada que costuma provocar consideráveis desequilíbrios e níveis de sofrimento ao seu portador.
O sexo compulsivo, portanto, não deixa de ser um desequilíbrio da função do chacra sexual e do indivíduo em sua totalidade bio-psico-sócio-espiritual. E, muitas vezes, a origem dessa tendência sexual repetitiva encontra-se muito além do que poderíamos imaginar em termos de abordagem convencional do caso analisado, pois a sua sintonia pode estar, como veremos no caso a seguir, localizada em vivências do passado.
Como temos registrado em outros artigos, a experiência regressiva é um valioso instrumento de acesso a arquivos do pretérito em que tanto psicoterapeuta quanto paciente, personagens envolvidos no processo investigativo, encontram as condições necessárias de chegar às origens da queixa principal que está sendo pesquisada pelo processo terapêutico.
Para Luís, homem branco de 42 anos, a sintonia de sua compulsividade sexual acessara a uma revivência em que via-se fugindo, escondendo-se pelos matos e grotões. Vestia um macacão já em farrapos e percebia seus perseguidores cada vez mais próximos.
Na seqüência de sua experiência regressiva, acessa a imagem de uma casa grande de fazenda e vê uma moça caída de bruços. Demora um pouco a observar aquela cena e, incrédulo, verbaliza o que sente: "Não, não é possível, eu matei essa mulher! Eu fiz mal à ela e depois a estrangulei!"
Então, mais calmo, começa a entender o motivo de estar fugindo: "Eu era um homem negro que trabalhava naquela fazenda e num impulso sexual incontrolável, acabei atacando aquela jovem branca que era filha do patrão". Por isso, a perseguição, pois havia muita gente armada e com cães em seu encalço.
Sentia-se encurralado, cansado, as suas forças se exaurirem, até que foi, finalmente, encontrado e impiedosamente espancado por vários homens. Percebe a vida esvaindo-se, até que identifica entre esses homens que o linchavam, o seu patrão que aponta-lhe a espingarda e aciona o gatilho. Foi um único e certeiro tiro na altura do pulmão esquerdo. Percebe que a sua vida chega ao fim.
COMENTÁRIO
Atualmente, Luís está em seu segundo relacionamento com uma mulher negra. Em seu primeiro casamento com uma mulher branca fora feliz e sexualmente realizado, embora já manifestasse sinais da compulsividade sexual.
No segundo casamento com uma mulher negra "muito bonita", conforme suas palavras, a libido por ela diminuiu consideravelmente desde o início do relacionamento, a ponto de ter que procurar mulheres brancas de programa.
Onde estaria o início do "fio da meada"? Por que essa confusão de origem afetivo- sexual, ou seja, casar com uma linda mulher negra, no entanto, paradoxalmente, ter que procurar para a sua satisfação sexual mulheres brancas? Teríamos a explicação desse caso somente no âmbito de sua abordagem psicológica convencional?
A interpretação da fértil experiência regressiva do paciente, levou-nos à elucidação do caso: Luís fora na vida anterior um empregado negro de uma fazenda. Já sofria naquela época de compulsão sexual por mulheres brancas, desequilíbrio que levou-o a atacar, assassinar e estuprar a mulher branca da casa da fazenda.
Perseguido que nem animal e capturado, foi impiedosamente espancado até o momento que chega o seu patrão, aponta-lhe a arma e desfere um tiro de misericórdia em seu tórax, local onde na vida atual, traz uma visível mancha na pele.
A sintonia daquela vida que trouxe consigo através do padrão comportamental sexualmente desarmonizado, repetiu-se nessa vida em forma de comportamento sexual compulsivo por mulheres brancas. O seu casamento com uma mulher negra fora uma tentativa inconsciente de equilibrar-se ou reajustar-se psicologicamente, já que Luís traz nos recônditos de sua consciência, a identidade negra de um passado recente em que não fora feliz em seus relacionamentos com mulheres de sua cor.
Por isso, muitas vezes, a origem do "Don Juanismo" de traço compulsivo, encontra-se em uma sintonia remota e que vem repetindo-se através do padrão comportamental sem sofrer alterações devido ao livre arbítrio do espírito e a processos obsessivos de origem anímica e espiritual associados.
Portanto, à medida que concebermos o ser na sua realidade total e de natureza multidimensional, estaremos aptos a nos aprofundar na investigação das origens de suas dores e sofrimentos. Basta, para isso, termos fé e acreditar que nada termina quando a energia que movimenta o corpo se extingue.
Observação: o verdadeiro nome da pessoa foi preservado.
Psicanalista Clínico e Interdimensional
Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 14
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
