De onde partem nossos pensamentos e ações?

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Autor Marco Moura

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 10/31/2025 9:26:07 AM


Resumo:

Grande parte do que chamamos de "eu" é, na verdade, um conjunto de respostas condicionadas.
Nossos pensamentos, decisões e comportamentos emergem de mecanismos automáticos - biológicos, emocionais e culturais - que buscam eficiência e segurança.
Neste artigo, exploramos de onde nascem nossas ações e como a consciência pode nos reconduzir a um estado mais livre e coerente de ser.

1. Condicionamentos: a moldura invisível

Desde o nascimento, somos moldados por contextos - genéticos, familiares, sociais e espirituais.
Cada experiência deixa uma marca no corpo e no sistema nervoso, criando padrões de resposta.
Esses padrões tornam-se condicionamentos: as rotas já abertas por onde a energia tende a circular novamente.

No corpo, isso se traduz em tensões e posturas que se repetem;
na mente, em ideias recorrentes e afetos automáticos;
no comportamento, em modos previsíveis de reagir.

Assim como uma água que corre sempre pelo mesmo sulco, nós também seguimos os caminhos escavados pela repetição.
E quanto mais esses trilhos se solidificam, mais chamamos a isso de "nossa maneira de ser".

2. Heurísticas: os atalhos da mente

Para lidar com a complexidade do mundo, o cérebro simplifica.
Ele cria heurísticas - atalhos cognitivos que permitem decisões rápidas, economizando tempo e energia mental.
Esses atalhos são indispensáveis à sobrevivência: sem eles, ficaríamos paralisados pela análise infinita de todas as possibilidades.

Porém, ao simplificar, as heurísticas também distorcem.
Elas não buscam precisão, mas funcionalidade.
São mecanismos que favorecem a eficiência cognitiva, mesmo que à custa da exatidão perceptiva.
A heurística é, portanto, o reflexo da inteligência adaptativa: o modo como a mente tenta ser prática diante do imprevisível.

3. Vieses: heurísticas cristalizadas

Quando uma heurística se repete o suficiente, ela se solidifica - e nasce o viés.
O viés é uma tendência estável de percepção, pensamento ou comportamento, resultante da repetição de atalhos cognitivos e afetivos.
Ele pode surgir tanto de experiências individuais quanto do reforço social.

Com o tempo, o viés se torna parte do nosso modo de ver o mundo - um filtro que já não percebemos mais.
E é assim que o "eu" se consolida: como um sistema de preferências automáticas, de julgamentos rápidos e de narrativas que justificam nossas escolhas.

Nossos vieses são bússolas químicas e simbólicas:
não apontam para o norte verdadeiro, mas para o norte que nos mantém funcionando.

4. O "eu" social e o "eu" essencial

O "eu" que sustentamos e apresentamos ao mundo é um eu social - uma construção sustentada por espelhos.
Somos confirmados pelos olhares, pelas interações e pelos papéis que desempenhamos.
A identidade, então, é um viés estabilizado por repetição - uma convenção funcional que garante continuidade à experiência, mas não reflete a totalidade do que somos.

Por baixo dessa camada simbólica há algo mais silencioso: uma presença sem forma.
No Taoismo, esse estado é chamado de ziran - o "assim por si mesmo": a natureza original, espontânea, não condicionada.
A partir dela surge o wu wei, a ação que flui sem esforço - o agir que não é reação.

5. Consciência: o retorno ao eixo

A prática da atenção - seja através da meditação, do qigong ou do taijiquan - nos aproxima dessa dimensão não condicionada.
Ela nos permite perceber os mecanismos antes invisíveis:
ver o viés corporal que endurece o gesto,
o viés emocional que distorce o afeto,
o viés cognitivo que simplifica o mundo.

Com o tempo, começamos a sentir o eixo:
os vetores de força - físicos, mentais e simbólicos - começam a se alinhar.
A coerência que tanto buscamos não vem de eliminar o desconforto, mas de compreender de onde ele nasce.

Quando reconhecemos o viés, o condicionamento perde força;
quando o observamos com presença, o movimento volta a ser livre.

A liberdade, então, não é ausência de forma -
é o retorno do gesto à sua origem natural.

Reflexão final:
O autoconhecimento não é uma busca por um "eu" ideal, mas um processo de depuração perceptiva.
Quanto mais conscientes nos tornamos das forças que nos movem, menos somos movidos por elas.
E talvez seja justamente aí - nesse instante de clareza silenciosa - que o "eu" deixa de ser alguém.
e volta a ser apenas vida acontecendo.


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Autor Marco Moura   
Marco Moura conduz no Centro Dao de Cultura Oriental (metrô Ana Rosa, São Paulo) práticas voltadas ao desenvolvimento integral do corpo e da mente, por meio do Tai Chi Chuan, Qigong e Meditação Budista.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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