Escutando a própria alma




Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/28/2025 6:33:47 AM
Houve um tempo em que eu acreditava que a dor era minha inimiga. Fazia de tudo para não senti-la. Corria, me distraía, me escondia atrás de sorrisos e ocupações vazias. Tentava convencer a mim mesmo de que estava tudo bem, mesmo quando tudo doía por dentro. Mas a dor, essa velha conhecida, sabia esperar. Silenciosa, paciente, ela não desistia. Ficava ali, no fundo da alma, como quem sabia que, mais cedo ou mais tarde, eu teria que parar e escutá-la.
Tentei calá-la com prazeres, com distrações, com anestesias de todo tipo. Às vezes funcionava por um tempo, é verdade. Mas, quando o efeito passava, lá estava ela de novo, intacta, firme, me olhando como quem diz: "Ainda não acabou. Eu vim pra te acordar." Foi então que compreendi que fugir da dor era como tentar escapar da minha sombra. Posso correr o quanto for - ela corre comigo. Entendi que não era o mundo ao meu redor que precisava mudar. Era eu. Não se trata de encontrar um lugar de paz no exterior, mas de criar um espaço de escuta dentro de mim.
A dor, percebi, não veio para me destruir, mas para me transformar. É uma carta escrita pela alma, um pedido de atenção. E quando finalmente decidi abrir esse envelope, tudo começou a mudar. Sentei-me diante dela como quem se senta diante de um mestre. Aprendi a escutar o que doía. Aprendi a não fugir. E, acima de tudo, aprendi que sofrer não é o fim - é o início de algo mais profundo. Lembrei-me de Cristo, que não fugiu da própria cruz. Que enfrentou a dor com entrega e coragem. Ele transformou a própria dor em caminho, em símbolo, em luz. Entregou-se sem resistência, e ao fazer isso, mostrou que há força na aceitação e redenção no sofrimento consciente.
Desde então, decidi que não quero mais fingir estar bem só para agradar os outros. Não quero mais esconder o que sinto. Quero ser honesto comigo. Quero acolher minhas dores, dar voz ao que ainda chora em silêncio dentro de mim. Porque fingir não é coragem. Coragem é escutar-se de verdade. Coragem é permanecer inteiro mesmo quando tudo parece se partir por dentro. Coragem é aceitar a dor como parte do processo - não como castigo, mas como lapidação.
Hoje, não busco mais a paz que me adormece. Busco a espada que me acorda. Aquela que corta as ilusões que construí para sobreviver. Porque agora eu sei: a paz verdadeira só chega quando eu paro de lutar contra mim. Quando finalmente me abraço com tudo o que sou - luz e sombra, riso e choro, dúvida e fé. E então, no silêncio mais profundo, quando tudo parece ruir, uma nova voz se levanta dentro de mim. Uma voz que diz: "Você está vivo. Você está desperto. E Deus cuida do resto."









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