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Gostar de crianças

Atualizado dia 10/23/2007 7:01:48 PM em Autoconhecimento
por Flávio Bastos


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Houve uma época, romântica e perdida nas brumas do tempo, em que muitas amizades entre casais, com filhos pequenos, começava pelo carisma que fazia com que os adultos das crianças se aproximassem, e a partir daí se estabelecesse um amistoso diálogo entre os adultos, estendendo-se a amizade entre os filhos dos casais. Essas novas amizades aconteciam, principalmente, em locais onde convergiam pais e filhos, como praças, parques públicos e praias.

Naquela época, gostar de crianças era considerado como um atributo de caráter e a pessoa olhada com "bons olhos" pelos valores que imperavam nos relacionamentos interpessoais. Gostar de crianças era sinônimo de ter "bom coração".

A amizade entre meus pais e meus queridos e saudosos padrinhos pernambucanos, iniciou-se exatamente nessas condições anteriormente descritas. A amizade entre os casais foi solidificando-se até que eles foram convidados e aceitaram sem titubear a "responsabilidade" assumida de padrinhos, relacionamento que nos manteve próximos até o retorno deles para Recife, depois de terem fixado residência durante décadas em solo gaúcho.

Hoje em dia essa espontaneidade e naturalidade que aproximava os casais pelo contato inicial com as crianças, praticamente deixou de existir. A exagerada desconfiança com traços de paranóia parece estar tomando conta da cabeça das pessoas.

Há poucos dias, um amigo que havia levado seus netos a um parque público, preocupado, resolveu puxar conversa com um menininho que parecia-lhe estar perdido de seus responsáveis. No momento que aproximou-se da criança e tentou iniciar o diálogo, seu pai irrompeu colérico, aos gritos pra cima dele: "O que queres com meu filho!", puxando o menino para perto de si como que querendo defendê-lo de um "predador em potencial". Experiência que deixou o amigo chocado e pensativo por um punhado de dias...

É óbvio que, atualmente, sabe-se muito mais sobre o perfil e o comportamento do pedófilo do que se sabia há 50 anos. Nos últimos anos a imprensa mundial e a internet vêm divulgando uma seqüência de casos de pedofilia envolvendo pessoas do mundo artístico, autoridades religiosas e, ultimamente nos Estados Unidos, professores.

Recentemente, após uma inédita campanha pela internet, com a ajuda de internautas, a Interpol conseguiu capturar nas Filipinas um pedófilo que utilizava-se de um blog para exibir-se através de fotos ao lado de menores de idade.

A nova legislação que protege o menor de idade contra abusos e violência sexual, significa, sem sombra de dúvida, um avanço da sociedade em relação aos direitos da criança e do adolescente. O ECA, o Estatuto da Criança e do adolescente foi um marco em defesa desses incontestáveis direitos. No entanto, tenho observado que uma espécie de "paranóia" vêm, gradativamente, contaminando as pessoas, ou seja, o que antes era sinônimo de "bom coração" ou "bom caráter" pelo fato da pessoa gostar de crianças, hoje, a mesma pessoa corre o risco de ser suspeita de pedofilia, como aconteceu com o meu amigo conforme o caso descrito.

Por outro lado, autoridades que se dizem "especialistas" no assunto, têm divulgado, ao meu ver, verdadeiros exageros na imprensa e em informativos destinados a pais, ao traçar o perfil de "pedófilos em potencial". Absurdos do tipo: fazer certos gestos carinhosos em público, como por exemplo, mandar beijinhos para a filha ou filho, ou até mesmo beijar ou fazer afagos na criança em público, seria considerado suspeito.

Meus amigos! Pais, avós, autoridades, governantes, não podemos chegar ao que já estamos quase chegando: às raias do absurdo de que o simples e natural fato de manifestar publicamente o "gostar de criança" seja interpretado como "caso de polícia". Se atingirmos esse patamar, seremos portadores de paranóia intitucionalizada como já ocorreu em traumáticos acontecimentos da história mundial.

Ao analisarmos psicologicamente a questão, verificamos que o simples fato de conservar ou resgatar a nossa "criança interior" está na razão direta do gostar de crianças. Isso é necessário e até imprescindível para a nossa saúde mental. E não existe uma fórmula infalível de "gostar de crianças e não poder manifestar esse sentimento publicamente". Por esse motivo, precisamos, urgentemente, em nome da razão, chegar a um denominador comum que procure contemplar resgatando ou conservando o que ainda existe de natural e amoroso (por que não?) no relacionamento entre o adulto e a criança, e o que excede ao saudável relacionamento.

O temor que outrora estava inserido nas historinhas infantis do Lobo Mau e do Bicho-Papão, torna-se realidade à medida que entendemos que personagens reais começam a ameaçar a integridade de nossos lares. No entanto, para preservar a nossa integridade mental, é hora de darmos uma parada para as devidas reflexões se não quisermos continuar fazendo o que fizemos na "caça às bruxas" da Inquisição, quando ao misturarmos ficção, paranóia e realidade, queimávamos inocentes nas fogueiras.

1° Curso de formação em Psicoterapia Interdimensional e Terapia Regressiva.

Psicanalista Clínico e Interdimensional

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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