Idéia Fixa.
Atualizado dia 4/2/2012 7:23:42 PM em Autoconhecimentopor Paulo Salvio Antolini
Idéia Fixa.
O que me preocupa e até entristece quando me deparo analisando pessoas com idéias fixas é que, geralmente, estas idéias são negativas e as pessoas que as possuem são obstinadas ao ponto de não ver, ouvir ou mesmo sentir qualquer coisa que fuja do que elas mesmas pré estabeleceram.
Quando os pensamentos são positivos e geram crescimento, conquistas saudáveis, esta obstinação torna-se uma determinação lúcida e transparente, que propicia a identificação de todos os fatores e nuances que podem ser agregados à sua idéia e torná-la ampla, melhor e as interferências negativas, desanimadoras, não encontram respaldo e guarida em sua mente.
Há também aquelas pessoas que fixaram pensamentos que impedem a si mesmas e aos outros de se entenderem. De buscarem o desenvolvimento pessoal, afetivo, profissional, enfim, em todos os segmentos de suas vidas, pois estão estancadas na idéia fixa que se propuseram, não permitindo nenhum tipo de reflexão. Esta afirmação é literal em alguns casos. A pessoa detentora da idéia fixa passa por um momento de desligamento mental quando alguém tenta lhe trazer à razão sobre as conseqüências que determinada atitude pode provocar, continuando seu discurso como se não tivesse sido interrompida. Nada se altera.
Quantos relacionamentos poderiam ter dado certo se um dos pares não tivesse idéias fixas, pensamentos pré-determinados que, inevitavelmente, interferem na relação? "Os homens são todos iguais". "Confiar em mulher? Só em minha mãe". Não pensem que este tipo de ocorrência é característica apenas de pessoas que sabidamente se apresentam problemáticas. Convivemos com pessoas tidas (e são, embora não plenamente) como conscientes, maduras, pessoas respeitáveis e que, no entanto, em algum momento de sua vida sofreram "dores" que foram suficientes para estabelecer o que estamos chamando de idéias fixas. Naquele assunto, naquele ponto, não há conversa. É assim e ponto! O casal está conversando sobre seus problemas, um dos dois diz assim: "Eu vou mudar. Você precisa me dar uma chance. Você está pensando errado". Se a pessoa está pensando errado, não há o que mudar, a não ser o pensamento, mas se ela tem que dar outra chance, então ela tem razão. A segunda parte da afirmação nega a primeira. Quem assim o diz está completamente fechado para o diálogo que está sendo travado (está???).
Pessoas agarram-se à suas pretensas verdades por várias razões. Uma delas é o grande medo de admitir que alguma vez interpretou errado sua vida e agora, se aceitar isso, perceberá que viveu, então, uma grande mentira, apenas sobre erros. Não é assim, na verdade, mas elas sentem como se fosse. Se identificarmos raciocínios "destorcidos", podemos então clarificá-los, aprimorá-los, fazendo com que nossas experiências sejam mais ricas e consistentes.
Não ter medo de estar enganado, errado, faz toda a diferença. Abre um constante inovar e aprimorar a relação, de tal forma que ambos se sentem crescendo, aceitos um pelo outro e desenvolvem entre si a admiração que manterá a relação por longa data. A idéia fixa é um dos principais motivos da admiração se esgotar. A ponto de, quando a relação está totalmente desgastada ou mesmo acabada, acontecerem maledicências sobre quem, antes, era tido como bom. Só porque não concordou ou se submeteu ao tratamento dado sob o jugo da idéia fixa, todo seu valor deixou de existir.
Acreditar que cada pessoa é um ser individual e que semelhanças não querem dizer igualdades, faz com que tratemos as pessoas com respeito e consideração. A idéia fixa é ação madrasta de pré-julgamentos e fator limitador de uma relação feliz. Idéias fixas fazem com que as pessoas vivam interpretações de comportamentos antes que estes ocorram. Portanto, os julgamentos realizados não foram sobre fatos, mas sim, inferências, conclusões sem bases sólidas. Quando se consegue esperar que o outro chegue e explique o acontecido, muitos problemas deixam de ser criados. Que tal olhar para quem está ao nosso lado como alguém que merece ser considerado pelo ser que é e não pelo que se acha que deva ser?
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