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Misticismo na Igreja Ortodoxa: São Serafim Sarov

Atualizado dia 9/19/2008 4:47:40 PM em Autoconhecimento
por Marcos Spagnuolo Souza


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Serafim de Sarov, também conhecido como Prokhor Moshnin, nasceu no ano de 1759, entrando para o mosteiro de Sarov com a idade de 19 anos; recebeu o nome de Serafim, sendo conhecido como Serafim de Sarov. Dedicou-se aos estudos dos escritos antigos da Igreja Ortodoxa. Durante o período de 1780 a 1783 ficou muito doente, mas não interrompeu seus estudos dos documentos antigos.

No ano de 1794 abandonou o mosteiro e foi morar na floresta, tornando-se um eremita; no ano de 1804 os ladrões o atacaram deixando-o muito ferido. Ele arrastou-se até o mosteiro e durante cinco meses ficou em recuperação. Devido aos ferimentos recebidos passou o resto de sua vida apoiando-se em uma bengala para poder caminhar. Depois que se restabeleceu voltou para a floresta.

Em 1810 sua saúde piorou a ponto de não conseguir viver na floresta, retornando ao mosteiro de Sarov. Continuou sua vida de eremita em uma cela sem janela construída por ele. Na idade de setenta e três anos recebeu a visão da Virgem Maria que dizia para retornar ao seu mundo e oferecer aos outros o benefício de sua sabedoria. Passou a ser chamado de "Starets" que, em russo, significa mestre ou pai espiritual. Ele ensinou monges, freiras e fez inúmeras curas apenas com sua benção. Ensinava a importância do ato de servir e da pobreza. Dizia que o Espírito Santo é a fonte de luz que transfigurava a alma dos místicos.

Em janeiro de 1833, com a idade de setenta e quatro anos, foi encontrado morto no chão de sua cela com suas roupas queimadas por uma vela que havia caído de suas mãos e com a face voltada para o ícone da Virgem na parede de sua cela.

Dois anos antes do seu falecimento, uma pessoa denominada Nicolas Motovilov, portador de uma doença incurável que o impossibilitava andar e ficar de pé, procurou o monge Serafim no mosteiro perdido em meio à floresta russa. Motovilov chegou ao mosteiro carregado por cinco empregados depois de uma longa viagem. Conseguiu a cura depois que teve uma conversa com o monge Serafim. Descreve o diálogo que manteve com o monge Serafim. Salienta que era uma quinta-feira. O céu estava cinza. A terra estava coberta de neve quando o padre Serafim começou a conversa na clareira perto de sua cela, em frente ao rio Sarovka que deslizava ao pé da colina. Motovilov sentou no tronco de uma árvore e Serafim se acocorou à sua frente.

Padre Serafim: O Senhor me revelou que desde a vossa infância desejava saber qual a finalidade da vida cristã e que interrogou, a esse respeito, as altas personagens na hierarquia da Igreja.

Motovilov: Devo dizer que desde a idade de doze anos tinha inúmeras dúvidas que me perseguiam e procurei as respostas em várias personalidades eclesiásticas, sem nunca receber respostas satisfatórias.

Padre Serafim: Explicarei agora no que consiste, realmente, o objetivo da vida cristã. Quanto à oração, ao jejum, às vigílias, à esmola e qualquer outra boa ação feita em nome de Cristo, são apenas meios para a aquisição do Espírito Santo. O verdadeiro objetivo da vida cristã consiste na aquisição do Espírito Santo de Deus. A obtenção do Espírito de Deus é a verdadeira finalidade da vida cristã. A aquisição do Espírito Santo é uma obtenção eterna. Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus homem, ensina a nos apressarmos em obter os bens celestes através das ações virtuosas feitas em nome de Cristo que nos trazem a graça do Espírito Santo.

Padre Serafim: Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida (Espírito Santo). Se Deus não tivesse insuflado na face de Adão esse alento de vida, isto é, a graça do Espírito Santo que procede do Pai, ele teria permanecido privado do Espírito divino sendo semelhante a todas as outras criaturas que possuíssem carne, alma segundo a sua espécie, mas privados do Espírito que estabelece parentesco com Deus. A partir do momento em que Deus lhe deu o sopro de vida (Espírito Santo) Adão tornou-se, segundo Moisés, uma alma vivente, o que quer dizer em tudo semelhante a Deus, eternamente imortal. Quando Deus insuflou o Espírito Santo em Adão ele passou a ser invulnerável. Nenhum elemento tinha poder sobre ele. A água não podia afogá-lo, o fogo não podia queimá-lo, a terra não o podia engolir e o ar não podia ser nocivo a ele. Ele passou a ser a própria perfeição, a coroa das obras de Deus e admirado como tal. O alento de vida que Adão recebeu do Criador, o encheu de sabedoria a tal ponto que jamais houve sobre a Terra, e provavelmente jamais haverá, um homem tão repleto de conhecimento e de saber quanto ele.

Motovilov: Padre, o senhor fala sempre da aquisição da graça do Espírito Santo como a finalidade da vida cristã. Como posso saber se Ele está ou não em mim?

Padre Serafim: Há passagens da Escritura que nos parecem estranhas hoje, como, por exemplo, quando Adão via Deus passeando no Paraíso e compreendia as suas palavras bem como a conversa dos santos anjos e a linguagem de todas as criaturas, dos pássaros, dos répteis que vivem sobre a Terra, de tudo o que nos é dissimulado, a nós, pecadores, desde a queda, mas que antes era perfeitamente claro para Adão. Lemos no apóstolo Paulo que foi impedido pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia, mas que o Espírito o acompanhou quando ele se dirigia para a Macedônia. Abraão e Jacó conversaram com Deus. Moisés viu Deus e todo o povo com ele, quando recebeu as tábuas da Lei, no Sinai. Uma coluna de nuvens de fogo, a graça visível do Espírito Santo, servia de guia ao povo hebreu no deserto. A graça do Espírito Santo é luz. Davi, o antepassado do Deus homem, disse: “Tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho”. Lembre-se de Moisés, depois de sua conversa com Deus sobre o Monte Sinai. Os homens não podiam olhá-lo de tal modo seu rosto brilhava com uma luz extraordinária. Era mesmo obrigado a se mostrar ao povo com a face recoberta com um véu. O seu rosto resplandeceu como o Sol e suas vestes tornaram brancas como a luz. Os discípulos ouvindo a voz, muito assustados, caíram com o rosto no chão. Quando Moisés e Elias apareceram revestidos da mesma luz uma nuvem os encobriu para que não ficassem cegos. É assim que a graça do Espírito Santo de Deus aparece: numa luz inefável àqueles a quem Deus manifesta a sua ação. Em muitas passagens da Sagrada Escritura Deus se manifesta vivo aos homens. Os homens viam Deus e seu Espírito, não em sonho ou êxtase, fruto de uma imaginação doentia, mas na realidade. Atualmente alguns dizem: essas passagens são incompreensíveis. Pode-se admitir que homens possam ver Deus de maneira tão concreta? Essa incompreensão vem do fato de que sob o pretexto da instrução, da ciência, mergulhamos na ignorância. Ficamos desatentos na compreensão das palavras da Escritura e tudo isso porque, em lugar de buscar o Espírito Santo nós o anulamos por orgulho intelectual. Na época em que vivemos chegou-se a tal descrença e insensibilidade para com a comunicação com Deus, que as pessoas afastaram-se totalmente do verdadeiro objetivo da vida.

Referência: SÃO SERAFIM DE SAROV: Comemorado em 2 de Janeiro. Disponível em link Acesso em 10 de Fevereiro 2008.

Texto revisado por Cris

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