Mundo sagrado
Atualizado dia 11/27/2006 11:39:26 AM em Autoconhecimentopor Júlia Signer
O mundo se torna mundo quando o Caos passa a ser Cosmos e o homem religioso realiza esta transformação em tudo, casa, altar, corpo, mundo. Este encontra um sentido para viver reconstruindo um pilar de conexão com o céu que em sua última instância é a própria coluna vertebral do homem, unindo seus instintos básicos, representados pela sexualidade com a sabedoria, o céu, a paz, a mente com pensamentos harmoniosos residindo assim em seu templo-corpo, sendo ele mesmo aquele que cria a si mesmo.
Assim, os 3 níveis cósmicos, regiões inferiores, terra, céu são julgamentos que o homem tenta estabelecer para dividir a realidade em sagrado e profano.
O profano se afasta do sagrado alegando o sagrado em um ser original único por existir em mais de um local por haver diversos centros, ignorando o exemplo de por mesmo que só exista uma lua, os seus reflexos serão tão numerosos quantos lagos ela refletir. Desconhecendo a experiência de si mesmo, o profano trata seu corpo como uma máquina de habitar enquanto a experiência do sagrado vê o corpo em ondas do divino.
Assim, todo mundo é desdobramento destas mesmas ondas, e se co-relaciona com o tudo e o todo, e sua existência é coletiva, enquanto o profano é individual vendo muitos outros individuais se relacionando assim num mundo onde ele pode ser destruído. Numa experiência dual com o sagrado onde não se é o ser criador mas sim se relaciona com ele criando-se altares, o profano é visto como uma ameaça de se perder o contato com o divino assim torna-se abominável, demoníaco. O profano desconhece ser demoníaco. Quando o sagrado é uno, ou seja, a experiência de ser o criador de si mesmo e também ser aquele que é criado o profano é englobado na criação e não existe ameaça, porque o mundo é sagrado.
O sagrado devoto busca saciar a saudade da união que tinha nas mãos do seu criador. Criando assim um mundo com rituais, estético e valores reproduzindo uma vaga lembrança sensorial de como seria viver no mundo dos deuses, assim ciclicamente determina datas, festas para se ter a oportunidade desta comunicação. A jornada estabelecida pelo homem sagrado é o eterno retorno ao lar, onde a cada novo contato e comunicação torna-se mais semelhante ao seu criador; até o momento que é o próprio, onde não necessita mais de ciclo para estar em conexão.
Para criar a sua jornada povos que praticam o canibalismo, ritual das meninas que ficam dias no escuro, criam a sua realidade material em completa fusão com a espiritual, assegurando a conexão de ser o todo e vivenciar a origem permanentemente.
Sacralizando o mundo, o homem conserva o que é de seu interesse ou seja aquilo que lhe proporciona conexão, como a árvore que é considerada real e sagrada por excelência e assim é mantida pela sucessão de experiências que produz nos místicos.
Pela observação constante da lua o homem reconhece em si mesmo o ciclo criando para ele por sua repetição o tempo e quando cria o tempo eterno, cria-se a si mesmo repetindo um ciclo, possibilitando a reencarnação, salvação, renascimento. A mulher representa em si a imagem do sagrado, por ter o ciclo do sagrado. O início da simbologia sagrada encontrada é a imagem de uma mulher, a mãe primordial, Pacha Mama. Assim a mulher é associada à terra, e o homem ao céu.
Ironicamente a busca da união céu e terra só pode ser feita em si mesmo e as aparências externas, homem e mulher só permitem a união na matéria, despossuindo o sagrado. Em práticas onde o sagrado é vivido, o homem e a mulher saem da superfície da matéria e mergulham na experiência mística, como no tantra sexual. A vivência do mundo sagrado é a experiência mística no mundo profano.
Texto revisado por Cris
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