Na contramão da história
Atualizado dia 6/16/2006 11:13:06 AM em Autoconhecimentopor Nelson Sganzerla
Em tempo de copa do mundo é absolutamente normal ter uma bandeira na fachada de casa, nas janelas do carro e acima de tudo um espírito esportivo daquele tipo: já ganhamos, afinal somos os melhores!
Pois bem, não me animei nem um pouco em colocar essa bandeira na fachada e me recuso a sair por aí com bandeirinhas no carro e discutindo futebol.
Amo o meu país e, provavelmente, irei torcer feito um fanático na estréia da nossa seleção. Afinal, nada mais contagiante que ver o nosso país disputar uma copa do mundo com toda perspectiva de sermos hexacampeões.
Mas é esse o ponto que quero chamar a atenção: notaram como uma euforia estonteante toma conta de todos nós brasileiros? Perceberam como ficamos amenos, simpáticos agradáveis e sociáveis? Tudo parece lindo, tudo parece magnífico.
Nos postos de gasolina, o frentista o atende sorridente ostentando uma camisa da seleção; na padaria, o balconista só tem palavras gentis enquanto serve o seu café da manhã; vizinhos que nunca se falam, cruzam-se no elevador e se perguntam:
- E aí, tá gostando dos jogos?
Que maravilha! Por um momento, sinto-me em outro país, onde as pessoas se falam no supermercado, nos cafés e nos bulevares.
Outro dia, saiu um artigo na Folha de São Paulo o qual enfatizava o evento da copa do mundo como o evento mais assistido do mundo e a abrangência nos países era maior do que a abrangência da ONU.
Então, aqui quero fazer uma reflexão:
Como seria admirável se todo esse contágio de euforia permanecesse em nós seres humanos. Já pensaram que incrível seria se todos nós empunhássemos a bandeira da PAZ, ou tivéssemos a bandeira da amizade na janela dos nossos carros? Extraordinário seria se em cada fachada estivessem à mostra bandeiras como essas...
Por isso, ando na contramão da história, porque sei que passados esses trinta dias, voltaremos cada um de nós a cuidar de nossas próprias vidas.
Cada um de nós irá esquecer do grito de gol, do abraço apertado e do sorriso gratuito.
Cada um de nós irá se fechar novamente e esquecer-se das barbáries da nossa cidade.
Dos desmandos que estão acontecendo com o nosso país, da inversão de valores éticos e morais desses nossos políticos que irão voltar à baila.
Como todos vocês, estarei torcendo pelo Brasil, em um bar todo enfeitado ou talvez em casa. Mas junto com o meu grito de gol vai a esperança de que sejamos um país melhor em todos os sentidos.
Pensem nisso.
Muita Paz
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