Não tenha medo do vazio




Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/1/2025 2:33:05 PM
O ego teme o vazio. Sabe por quê? Porque não consegue controlá-lo. No vazio, não existe a matéria-prima necessária para que ele construa um ambiente ilusório onde possa reinar. O vazio é assustador para o ego, pois ele sabe que pode dissolvê-lo. O vazio é a morte do ego.
Ninguém deveria temer o vazio, nem criar mecanismos de fuga para se livrar de sua aproximação. Pelo contrário, todos deveriam recebê-lo com entusiasmo, permitir que ele nos domine e promova uma expansão em nosso ser. Estamos presos em um mundo muito pequeno, como uma ave dentro de um ovo, acreditando que o mundo se restringe aos seus limites.
O ego se sustenta na identificação com formas: pensamentos, emoções, posses, papéis. O vazio é justamente a ausência dessas formas - portanto, o ego não encontra onde se firmar.
O que é o ego? Nada, absolutamente nada! É apenas uma construção baseada na ignorância do vazio, pois esse mesmo vazio é a morada de Deus, do Eu Sou, do divino em nós. Evitar o vazio não é recomendável; é como fugir da própria sombra. É preciso coragem para ir além das fronteiras criadas pelo ego, para sair dos limites impostos pela ignorância. Vivemos como os moradores do filme "A Vila", de M. Night Shyamalan: presos em uma realidade restritiva, acreditando em falsos monstros e estagnados em nosso processo evolutivo.
O nascimento espiritual ocorre quando o ego se rompe - tal qual a casca do ovo - e o ser percebe sua verdadeira natureza como consciência ilimitada. Nascer de novo, para Jesus, era isso. É dar luz à sua verdadeira natureza, aquela que avança em sua direção provocando os desconfortos que você tenta anestesiar com mecanismos de fuga, seja através de drogas, diversão, sexo, entretenimento, rede social, enfim, qualquer coisa. É sempre você fugindo do vazio.
O ego é um castelo de areia construído na praia. A areia que o forma são nossos pensamentos, emoções, posses e papéis que assumimos na vida. Ele parece sólido, mas sua existência depende de uma ilusão de forma, de algo que, na verdade, não é permanente.
O vazio, esse temido silêncio, é a maré que avança. A maré não precisa lutar contra o castelo; ela simplesmente chega, ocupando o mesmo espaço, dissolvendo a areia e desfazendo a forma. Para o castelo, a chegada da maré é o fim, a morte. Para o observador, é o retorno da areia ao seu estado original, uma dissolução que revela a verdadeira natureza das coisas.
O vazio é assustador para o ego, pois ele sabe que a maré não pode ser controlada, nem contida. Ele teme a dissolução porque acredita que, sem a forma, não há existência. Mas o vazio não é a aniquilação. É a morada de Deus, do Eu Sou, do divino em nós. A maré não destrói a areia, ela a liberta.
Então, por que temer o vazio? Por que fugir da maré? É preciso coragem para permitir que ela chegue, para ver o castelo se desfazer e para descobrir que, por baixo daquela construção frágil, está a vastidão de um oceano infinito.
Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |





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