Nós estamos precisando é de silêncio
Atualizado dia 11/18/2008 2:00:00 PM em Autoconhecimentopor Nelson Sganzerla
Essa é a frase que me vem à cabeça toda vez que olho ao redor e vejo que todos nós precisamos do silêncio, afinal “silêncio é ouro”. Nossa vida nesse mundo atual é extremamente repleta da falta do silêncio; os ruídos são tantos que impedem que nos voltemos para o nosso interior.
Lembro-me do tempo de colégio quando íamos a uma biblioteca: os corredores eram silenciosos e nas bancadas podíamos notar as pessoas com muita serenidade pesquisando ou lendo um livro e o silencio reinava como se o mundo lá fora fosse uma persona non grata.
Nos hospitais também havia silêncio, pois os pacientes precisavam de descanso; quem não se lembra do quadro da enfermeira pendurada na ante-sala ou nos corredores, pedindo silêncio, e ao sinal de um mínimo corre-corre, nossa mãe imediatamente fazia os mesmos gestos da enfermeira no quadro e dizia:
“Silêncio, filho, estamos em um hospital”.
Quando íamos fazer visitas às nossas tias e tios, (que na época realmente eram nossos parentes de verdade e hoje os adultos são chamados todos de tios a ponto da criança não mais saber quem é quem de verdade), antes de sairmos de casa já havia uma lista de recomendação, do tipo: não quero que você fique correndo na sala da tia e nem que mexa em nada e também não peça nada sem que lhe ofereçam... e fique em silêncio.
E lá permanecíamos em perfeito silêncio, ouvindo sem entender a prosa calorosa dos adultos, sem ousarmos interferir com um só gesto ou som que fosse.
Longe se vai o tempo em que podíamos ouvir nossos corações, sentirmos nossas verdadeiras emoções sem interferências externas; as missas dominicais eram centradas na liturgia, ouvíamos com atenção o sermão do padre, temíamos a Deus quando se falava em pecado e tínhamos muitas vezes que ir ao confessionário, com certo receio de realmente confessar o que nem imaginávamos ser pecado ou não, e aquele silêncio do confessionário era como se Deus estivesse nos ouvindo.
Hoje, acredito que nem confessionários existam, pela falta do silêncio nas missas; os tempos são outros, hoje baseamos a nossa vida e a vivemos a exemplo das telenovelas, as pessoas identificam-se com cada personagem, bom, mau, herói, bandido, vilão, mocinho ou mocinha.
A Internet fornece curso para tudo: como falar em público, como se postar em reuniões, como receber corretamente, mas falta o curso de como ficar em silêncio.
Hoje, não existe mais silêncio ao fazer o bem, nada é oferecido a ninguém que não venha com o barulho da música de quem patrocina aquela benfeitoria; levando a mensagem de alguém que faz o bem, mas tem que mostrar a quem.
Estamos precisando do silêncio de uma maneira urgente desses que governam, pois estamos nos sentindo muito mal com as mentiras que querem nos empurrar goela abaixo com seus discursos barulhentos e entediantes, com seus sorrisos amarelos e seus cabelos mal pintados.
Precisamos do silêncio de todo inocente útil que acredita que irá chegar a algum lugar seguindo esses falsos pregadores com suas bravatas e falsa moral.
Estamos em uma guerra, que já não deve ser coletiva e sim individual, uma guerra que é minha, que é sua, que é de cada um, que ainda acredita nesse silêncio, que buscamos em nossas casas, com nossos amigos, nossos companheiros(as), pessoas as quais temos afeto e queremos que estejam bem.
É uma guerra que terá que ser silenciosa, internamente, mudando maneiras antigas de se viver ou até resgatando as boas maneiras. Em nada existe uma ordem, tudo é válido pelo bem da vida; não somos manadas ruidosas a correr a esmo, somos seres pensantes com corpo, alma e espírito e temos direito a bem viver a paz, a felicidade e o silêncio.
Essa guerra terá que ser de dentro para fora, reconhecendo erros, mudando atitudes que não nos servem, pensamentos, resgates, intolerâncias. Essa limpeza terá que ser muito silenciosa dentro de cada um de nós. Assim, então, surgiremos fortes e seguros com plena consciência do que queremos para esse mundo.
Transformando com nossas atitudes e nossos exemplos a maneira barulhenta do mundo agir.
Pense nisso
Texto revisado por: Cris
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