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O caráter invisível da violência de gênero

Atualizado dia 9/26/2006 2:54:15 PM em Autoconhecimento
por Fátima Cristina Vieira Perurena


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Já há algum tempo vem-se falando do avanço que as mulheres tiveram em relação à entrada no mundo do trabalho, ou seja, no mundo público – espaço rigorosamente ainda ocupado pelos homens (salvo poucas exceções). Sem sombra de dúvidas, o movimento feminista alavancou a maior quantidade de poder que as mulheres passaram a ter quando, ao poderem sustentar-se, puderam, muitas delas (mas não a maioria), livrar-se, entre outras coisas, da violência perpetrada pelos seus companheiros. Isto não foi pouco.

Mas a simbiose gênero-patriarcado está longe de ser extinta. Os homens acham-se, literalmente, donos das mulheres. Eles livram-se delas na hora que querem; elas parecem jamais poderem ver-se livres deles, haja vista as estatísticas sempre crescentes de homens espancando suas ex e ou companheiras e terminando por matá-las. E este dado não é peculiaridade das classes baixas ou médias-baixas. A violência de gênero atravessa as classes sociais como um todo, ou seja, a sociedade mesma. Ela não faz discriminação étnica ou social, mas faz de gênero. É por isso que talvez se deva mesmo continuar a lutar para dar conta de mostrar a visibilidade da violência de gênero que vivenciam as mulheres em nível mundial. E é bom que se diga que este não é um privilégio do Brasil, mas da imensa maioria dos países deste planeta.

Mas se as mulheres adultas enfrentam a invisibilidade da violência que sofrem, o que dizer daquelas de tenra idade, crianças e adolescentes, que vivenciam um dos maiores males que têm sua origem no sistema de gênero-patriarcado que vivemos? Pesquisa feita nas casas de abrigo de Santa Maria tentando relacionar a categoria violência com os motivos que levam os menores (meninos e meninas) a se abrigarem, mostra que apenas as meninas sofrem assédio e abuso sexual. Não há histórico em relação aos meninos, embora estes não sejam dados fáceis de ser levantados. É bem possível que exatamente o que não aparece seja significativo, especialmente para quem estuda relações de gênero – os meninos porquê ensinados a serem controlados em suas emoções podem simplesmente esconder relatos de abusos sexuais, seja por quem quer que seja, tanto do sexo masculino como feminino. Entre os tipos de violência que sofrem as meninas, o estupro só perde para as surras e espancamentos – 8,2% tem este como motivo principal de abrigamento contra 5,6% daquele. E o que a mídia tem noticiado ratifica-se: o perigo está dentro de casa. O padrasto com 6,7% e o pai com 1,9% são os responsáveis diretos pela agressão que sofrem as meninas, e o consequente abrigamento. Daí para a prostituição, entre outros possíveis caminhos, é só um passo. Transformam-se estes seres em farrapos humanos.

Somos todos responsáveis pela sociedade em que vivemos, este é um problema que nos diz respeito muito de perto, e o que fazemos para dar início a processos de transformação? Urge que a Sociedade e o Estado unam esforços para, se não acabar, pelo menos dirimir esta praga social.

Texto revisado por Cris

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